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terça-feira, 8 de novembro de 2011

A Matemática faz falta! Quem de 8 tira 7, quanto fica?

OE2012, negociação das metas do programa, reestruturação das empresas públicas e regras do fundo da banca são os temas quentes da segunda revisão da troika. Objectivo? Analisar, durante 2 semanas, a implementação do programa de assistência português e dar ‘luz verde’ à próxima tranche a Portugal no valor de 8 mil milhões de euros.
As equipas lideradas por Thomsen, Kröger e Rüffer vão, desta vez, encontrar um país diferente e o cenário europeu é agora muito distinto face à última visita, em Agosto. Desde esse mês até hoje, o buraco orçamental nas contas públicas portuguesas passou de 2 mil milhões de euros para 3,4 mil milhões e o Governo apresentou um Orçamento do Estado para 2012 com um nível de austeridade (10 mil milhões de euros) que é quase o dobro do pedido pela troika (6 mil milhões), assente em medidas como a subida do IVA e o corte de subsídios de férias e Natal para os funcionários públicos.
O crédito concedido pela banca continua a travar o investimento das empresas e a pressão financeira sobre as empresas públicas – que dispõem de uma dívida de 16 mil milhões de euros e estão dependentes do Estado – disparou.
A troika terá pela frente uma economia a caminho de uma recessão mais profunda que o esperado no Verão (queda do PIB de 2,8% prevista pelo Governo contra 1,8% da troika).
Para já, fonte comunitária refere que Bruxelas e o FMI querem a todo o custo evitar uma nova ‘Grécia’ na Zona Euro.
Antes de Portugal começar a pagar o empréstimo da troika (em 2015 ao FMI e 2016 à União Europeia), a ‘factura’ do acesso aos 78 mil milhões de euros será um ‘fardo’ pesado nas contas públicas e que começa a ser cobrada já este ano.
Segundo dados do FMI, entre 2011 e 2014 (período de duração do programa de assistência), Portugal terá de pagar só em juros, encargos e comissões 2,331 mil milhões de euros. Os mesmos encargos com a tranche da Comissão Europeia deverão ascender a quase 5 mil milhões de euros no mesmo período.
O ‘preço’ do empréstimo da troika estalou na semana passada quando o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, questionado pelos deputados, revelou que só as comissões à troika iriam ascender a 655 milhões de euros até 2014. Os 335 milhões de euros pagos à troika este ano foram, aliás, uma das componentes responsáveis pelo ‘desvio’ orçamental de 3,4 mil milhões previstos para 2011, sobre o que o Ministério das Finanças não deu resposta até agora.
Contas feitas, Portugal poderá pagar, entre este ano e 2014, cerca de 7 mil milhões de euros em juros, encargos e comissões pelo empréstimo. De 2015 a 2019, a factura continua. Só ao FMI terão de ser devolvidos mais 4,2 mil milhões de euros e a Bruxelas cerca do dobro. Os juros são um ‘peso’ cada vez maior nas finanças públicas portuguesas.
A proposta do OE2012 prevê que sejam desembolsados mais de 8 mil milhões de euros em encargos com juros, um valor superior ao que o Estado gasta em salários num ano.
Nem vou tentar fazer contas porque isto deve ser para as olimpíadas da Matemática…
O que se percebe à primeira leitura é que a tranche que vem aí vai quase toda para juros, encargos e comissões pelo empréstimo, durante 2 anos e meio, mas a dívida continua igual. O que se percebe à segunda leitura é que a primeira leitura está certa…
O que se percebe é que estes encargos (335 milhões de euros pagos à troika este ano) para nos ajudarem, ajudaram ao ‘desvio’ colossal de 3,4 mil milhões previstos para 2011… Ora bolas! E andaram a chatear só o Jardim…
Mas o pior é que parece, parece, que estes tecnocratas da troika não são tão competentes como os pintaram. Há 3 meses, quando cá vieram fazer o exame ao governo, não viram o buraco da Madeira, buraco que aumentou 1,4 mil milhões de euros, a economia está a caminho da recessão com as soluções que nos apresentaram e é mais profunda do que esperavam (já sabiam e foi de propósito) com a queda do PIB em 2,8% (descobriu o Governo) contra os 1,8% que esta troika previu, matematicamente…
Mas já nem o governo acredita na troika, que à cautela até nos sacou 10 mil milhões de euros (com a subida do IVA e o corte de subsídios de férias e Natal para os funcionários públicos e aposentados), quase o dobro dos 6 mil milhões “calculados" pela troika, mas não vá o diabo tecê-las, ou o Seguro pedir que nos perdoe um dos subsídios.
E pasme-se! Os 8 mil milhões de euros em encargos com os juros, que constam no OE2012 é mais do que o Estado gasta em salários num ano. Assim já se entende que sejam só os Funcionários Públicos a pagar porque o governo não sabe quanto ganham os privados…
Ainda ia fazer umas contas aos juros, mas como não é fácil, fico-me só por este simples problema de matemática: Quem de 8 tira 7, quanto fica?
E mesmo assim, ainda dizem que querem evitar uma nova ‘Grécia’ na Zona Euro? Mas se de 2015 a 2019 a factura vai continuar a engrossar… E a chanceler ainda diz que é só mais uma dezena de anos para nos por na ordem? Isso é que era bom!
Mas entre tantos haverá “entretantos”!

2 comentários: