Segundo Edma Satar, da Universidade de Lisboa, a Língua Portuguesa é uma realidade no dia-a-dia de Moçambique e “os moçambicanos consideram que não precisam do acordo ortográfico porque falam e escrevem como os portugueses”. Mas, para além da relutância “natural” em aceitar “pequenos ajustes”, próprios da evolução de uma língua, a especialista, natural de Moçambique, ressalta o peso que o passado colonialista ainda tem no presente do povo moçambicano. “O termo lusofonia não é bem aceite porque ainda há muita mágoa pelo passado colonialista”, apontou, à margem dos Colóquios de Lusofonia, que terminam hoje, em Bragança.
“Nós tivemos uma história muito difícil, traumática, mas também houve coisas positivas. Como peneirar toda essa experiência para que a nação possa ir além, incorporando todos os elementos presentes, é o grande desafio da África Lusófona”, considerou.
Edma Satar quis ainda alertar para a necessidade de valorizar a Literatura Africana, que tem a particularidade de ressaltar o que houve de negativo no passado das ex-colónias.
“Este abraço entre o Brasil, as ex-colónias e Portugal é muito necessário e Portugal tem um papel principal na difusão e na aceitação de toda a nossa cultura”, salientou.
O passo a dar no futuro é “deixar para trás” o passado colonialista que tem manchado o relacionamento com a Língua Portuguesa.
Sempre pensei que a Lusofonia era um objectivo de aculturação entre todos os países que falam português, para benefício de todos e nunca um espaço onde pudesse entrar o passado, para atrapalhar o futuro.
Não foi a manutenção do português falado e escrito, que manteve a resistência em Timor-Leste e lhes garantiu o direito à Independência?
Não é o melhor futebol dos países lusófonos, que entusiasma toda esta comunidade, com mais adeptos fora de Portugal, sobretudo, do que no país colonizador?
Não é em Angola, que qualquer estrangeiro que não saiba falar português tem que o aprender (e está correcto), se lá quiser sobreviver?
Não é a língua portuguesa, hoje, um instrumento para a economia global e uma mais-valia para as trocas comerciais?
Não é em Portugal, de facto, o sítio onde se encontram os escritores lusófonos e que tem dado nome a tanto escritor africano e brasileiro, por exemplo nas “Correntes d’Escritas”, anualmente, na Póvoa de Varzim?
Se não for para tudo isto e muito mais que a Lusofonia serve, então não serve para nada, apenas para encontros sobre o tema, o que não chega.
Se o termo “lusofonia” não agrada, venha a imaginação e encontre um melhor, para que não haja impedimentos. Infelizmente, a história não anda para trás, para ninguém, e o futuro não deve ser penhora do passado, porque todos os cidadãos de língua portuguesa foram atingidos, uns mais que outros, mas todos.
O Acordo Ortográfico é outra coisa, e há mais gente a opor-se a ele em Portugal do que no resto do mundo do português, não pelas mesmas razões, mas com razões.
Certo! Certíssimo!
ResponderEliminarPenso eu de que...
ResponderEliminarCaso contrário, a lusofonia seria uma treta e não é, porque já a vi, em África.