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terça-feira, 21 de setembro de 2010

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 "Quebre a corrente da pobreza" de Sami Kaarakainen
A sociedade vive uma crise de valores que gera pobreza e um Estado ineficiente, uma realidade que só mudará quando partidos e organizações puserem a ênfase na ética e na economia social, foi hoje defendido num seminário sobre economia social.
Parra da Silva, presidente da Associação Portuguesa de Ética Empresarial (APPE), lembrou que nas últimas três décadas as organizações assumiram um papel importante na sociedade, sendo fonte de riqueza do país e o lugar onde as pessoas passam maior parte do tempo.
"Mas continuam a não ter uma relação com a sociedade que enquadre este novo papel. As organizações são vistas como maléficas e destinadas a explorar os empregados e a enganar os clientes. Esta ideia, errada, está muitas vezes na cabeça dos próprios gestores", alertou.
Por isso, explica que a "nova ética empresarial" enfatiza as organizações como "seres sociais" e "esbate a diferença entre economia social e economia de mercado".
Nesse sentido, "é preciso que os actuais gestores redescubram os valores da ética empresarial, a decência, a honra, o respeito à palavra dada, o ambiente de confiança que deve estar na base das empresas e que foi esquecida nos últimos anos", afirmou.
Parra da Silva sublinha que "os trabalhadores deixaram de contar" e que a eles é dado apenas "o dinheiro necessário para alimentar o consumo".
"A parte mais infiel, mais disponível para atraiçoar e matar a empresa é o accionista. O trabalhador é o mais fiel. É um absurdo o patrão ter poder de vida ou de morte da empresa", defendeu.
Parte da responsabilidade está na "ineficiência" do Estado, "uma organização que nós pagamos" e que "produz pobres com uma eficácia inigualável", considerou, acrescentando que assim não há como combater a pobreza.
"Vivemos num regime obsceno. Um regime que admite distâncias salariais como o nosso admite, só pode ser obsceno. O mundo mudou, os partidos também têm que mudar", defendeu.
Na mesma linha, o presidente da rede europeia anti-pobreza, Jardim Moreira, considerou que um "sistema que gera um milhão de pobres por ano é um sistema perverso".
"Gera-os e chuta-os para a valeta. É um retrocesso grave nas políticas europeias. Na base tem que estar a solidariedade e não o interesse privado, como no mercado", defendeu.
"Choca-me que Portugal tenha o maior nível de crianças pobres e não vemos empenho para que o problema seja debelado", afirmou, questionando: "Que futuro para um país onde 24% das crianças são pobres?"
Convicto de que "mais do que económica, a crise é de valores", Jardim Moreira aponta o subsector social como um campo privilegiado contra a pobreza, mas lamenta que também este esteja refém do Estado, o que prejudica a sua acção.
"Quem paga o terceiro sector é o Estado, então quem acaba por mandar é o Estado. Onde está a autonomia da sociedade civil? Não há. Só faz a gestão", disse o responsável.
Como exemplo refere a falta de dinheiro para qualificar técnicos e direcções para encontrar novas formas de resposta aos utentes.
"Houve uma proposta para utilizar uma fatia do QREN na formação social - como fez a Espanha -, mas não foi aceite. Há uma falta de visão ou de vontade política do Estado e do Governo em encontrar respostas sociais em Portugal", acusou.

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