O presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), Paulo Frischknecht, demitiu-se na quarta-feira da Comissão Executiva do Comité Olímpico de Portugal (COP) por entender estar em causa “a independência e a autonomia” daquele organismo “face ao poder político”.
Numa carta enviada ao presidente do COP, Vicente Moura, e aos seus colegas da direcção, à qual a agência Lusa teve acesso, Paulo Frischknecht insurge-se contra o teor do despacho governamental de 17 de Agosto em que o secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, impôs algumas determinações ao COP.
Entre elas, que, com base nos montantes reservados à Federação de Vela relativos ao projecto olímpico Londres 2012, o COP proceda “à gestão directa daqueles apoios financeiros, garantindo a operacionalização das actividades de preparação, participação competitiva e enquadramento dos praticantes, treinadores, dirigentes e demais agentes envolvidos”.
No despacho, Laurentino Dias determina que o COP… teor do despacho que desagradou a Paulo Frischknehct, que o leva a falar de uma “subalternização política e institucional do COP”.
O presidente da FPN diz que a anuência à iniciativa do governante seria um “grave precedente”, tanto “no panorama associativo” e das relações das Federações com o COP, como na “- aparente - subalternização ‘política’ (e institucional) do COP, de crescente submissão aos ditames do Governo da República”.
Já o Presidente do COP disse compreender que “não é fácil a um Presidente de uma Federação integrar-se numa equipa supra-federativa”, o que implica uma “transição de um trabalho individual para colectivo, no qual deve imperar a solidariedade e desprendimento de projectos pessoais”.
Contactada a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto escusou-se, para já, a comentar o assunto.
Se trago à baila o assunto, é porque se trata de dois intervenientes que conheço de longa data, de Vicente Moura já disse bem aqui, noutro post e do Paulo Frischknehct tenho que dizer igualmente bem, aproveitando para o louvar, por esta atitude e denúncia, compreendendo o pragmatismo do Presidente do COP.
No entanto, o que é superior às minhas relações com os intervenientes e entre ambos (tanto Vicente Moura como o Paulo Frischknehct foram meus Presidentes na Federação Portuguesa de Natação) é verificar-se mais uma ingerência do Governo, no Desporto (ao que dizem por aí os media), que por este andar dispensa tudo que é treinador e dirigente, para assumir as respectivas funções, poupando dinheiro que faz falta à crise e levando a Selecção de Futebol para fora da carroça e os atletas Olímpicos (sem falar nos Paraolímpicos, que ninguém lhes liga), para fora dos pódios.
Depois da denúncia de um elemento da ERC, publicada ontem, não ficava mal criar aqui uma rubrica sobre estes temas…
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