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domingo, 3 de abril de 2011

Há pelo menos dois leitores do “contra-facção”!

O ex-Chefe de Estado denunciou o capitalismo selvagem e apontou a necessidade inevitável de a UE controlar a especulação e o capitalismo selvagem.
"A minha resposta é esta: nós temos, mais tarde ou mais cedo, em termos europeus, que controlar os mercados especulativos que só pensam no dinheiro e temos que explicar com a força dos factos que, mais importante que o dinheiro, são as ideias das pessoas, os princípios e os valores", declarou Mário Soares, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, durante a conferência sobre “Democracia no século XXI: que hierarquia de valores?”.
O ex-presidente da República, considerou o fenómeno dos mercados "absolutamente escandaloso", conduzido “por poucas pessoas”, e criticou o capitalismo "especulativo e selvagem" em que vivemos. "São os principais agentes desses mercados que fazem tremer os políticos e que põem os políticos de joelhos. Ainda por cima têm agências de rating que diariamente nos avaliam mas que são funcionários desses mesmos mercados. Onde é que fica a política nisto?", questionou Soares.
Neste sentido, Mário Soares defendeu punições para "aqueles que usam o capitalismo financeiro para criar uma recessão interna em cada país”. "Foi o que sucedeu na Bélgica, foi o que sucedeu na Irlanda, é o que nós estamos em risco que venha a suceder em Portugal, espero que não", sublinhou.
“Quem manda é a senhora Merkel”
Na mesma orientação de crítica às ações externas que têm influenciado Portugal, Mário Soares alertou que foram abandonados "completamente os princípios europeus".
"Hoje quem manda é a senhora Merkel e um pouco o senhor Sarkozy, porque ela precisa do Sarkozy e o Sarkozy obedece", observou Soares. Questionando-se sobre o motivo desta liderança, Soares não teve dívidas: "a senhora Merkel é a economia mais próspera da Europa e por isso é quem manda".
"E quem é que fez a unidade alemã senão toda a Europa, que entrou com dinheiro para permitir que a Alemanha se unisse - e ainda bem que se uniu -, mas não para vir agora mandar na Europa ou ser dona da Europa, porque isso levanta-nos logo uma situação terrível que é a de começarmos a pensar 'mas estes alemães já nos levaram a duas guerras mundiais. Vamos para outra?'", acrescentou, sublinhando que esta atitude é contrária ao “projeto europeu dos pais fundadores".
No mesmo sentido, Freitas do Amaral entende que os especuladores não estão diretamente interessados em Portugal, mas antes em testar a vontade de Angela Merkel em defender o euro. "Se isso for assim, a especulação contra Portugal não vai parar", aventa o professor de Direito Constitucional.
O antigo ministro considera ser este o momento para travar o comportamento político da chanceler alemã, que no seu Parlamento criticou os deputados portugueses. Freitas do Amaral nota que Merkel só foi eleita por 40% do povo alemão, mas não foi eleita chanceler da Europa.
Caso a chanceler alemã pretender que os outros países concretizem a sua visão política, Freitas do Amaral aconselha "que aceitem o federalismo político - como o dr. Mário Soares, eu e tantos outros defendemos há 30 anos -, que vá a eleições e se for Chanceler da Europa cá estamos para lhe obedecer".
Angela Merkel "vai até onde a deixarem ir, mas nunca irá mais além. Quando surgir alguém a dizer basta, parará. Acho que está na altura de alguém dizer basta", afirmou Freitas do Amaral.
Às vezes até penso que me estico nos comentários que aqui faço, quer na substância, quer na forma, mas depois de ler (e ter ouvido) os comentários destes dois grande e respeitáveis senhores da política, na substância e na forma, fiquei a pensar que estou a ser brando, mas sobretudo fiquei feliz pela coincidência das opiniões sobre os temas, focados nos posts abaixo, a que podia acrescentar mais alguns, sobre a especulação.
Nem faço mais comentários, a não ser que pelo menos estes dois senhores lêem o “contra”, ou então há mesmo coincidências (da minha parte)…

10 comentários:

  1. Teem toda a razão.E quem vai dizer basta? Cadê?

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  2. maria
    Pois! O Freitas saiu dos Negócios Estrangeiros, se não dizia-lhe ele. Este é bom que é da Póvoa...

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  3. o tempo torna-se escasso e não vejo ninguém com eles no sítio...querem ver que será preciso uma mulher???

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  4. Ema
    Só se fosse a Lurdinhas. Essa ia à cara à Merkel, se não lhe atirassem com ovos...

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  5. Desde que Portugal entrou para a CEE, Alemanha andou para cá a enviar fundos. É natural que Angela Merkel nos peça contas sobre o modo como temos gasto o dinheiro deles... Ela também tem que prestar contas desse apoio monetário ao seu povo. Se Portugal não queria que o poder financeiro não se sobrepusesse ao poder politico, tinha uma solução: não se endividar! Mais pragmático e sincero que isto não posso ser!

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  6. Sérgio
    Ser pragmático não é ver a realidade, é analisá-la.
    Desde que entramos para a CEE cortaram-nos todas as hipóteses de sobrevivência, agricultura, pescas e a indústria mais pesada. E pagaram para isso. Quem nos substitui a produzir esses bens? Porque tivemos que comprar (endividando-nos) o que antes tínhamos?
    Ao contrário do que dizes e como diz Mário Soares, foi a Europa que ajudou a Alemanha quando da queda do muro.
    Não foi a Alemanha que enviou fundos, foi o BCE, dominado pela Sra. que mandou dinheiro para os bancos, que emprestaram à tripa forra a quem não podia pagar...
    Foi a bolha americana e as agências de rating que deram origem à crise...
    E para não fazer um discurso, quais são os países europeus que estão melhor do que nós, ou de outra maneira, quais são os países que não estão mal? Consulta o relógio das dívidas, aqui no blogue, em cima e verifica.
    Pragmático, Sérgio, é que a Sra. Merkel não foi eleita chanceler da Europa e nem maioria tem na sua Alemanha e vai perdendo o poder nas eleições regionais, sem ser por causa de nos emprestar dinheiro.
    Pragmático é perceber que todas as medidas de redução dos perigos e regulamentação só estão previstos para 2012 e 2013, por causa das eleições em França e na Alemanha, respectivamente.
    Pragmático, é concluir-se que não podemos ser governados por um Agente Técnico de Engenharia e passarmos a ser por um Administrador de pequenas empresas, formado em economia, rodeado de gente de quem não se diz o melhor.
    Pragmatismo é eu ter que pagar, sem nunca ter pedido um tostão a nunguém.

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  7. Ok Miguel, mas repare que houve Países que aplicaram bem os fundos da CEE/UE e evoluiram... Em Portugal atribuía-se os fundos para se investir, por exemplo na agricultura, e depois não se foi fiscalizar se esse investimento era efectivamente executado (ou, se em vez disso, se tinha comprado um carro topo de gama). Por outro lado, os Espanhóis desenvolveram a sua agricultura e entretanto zonas como Almeria passaram a exportar fortemente (e nós a comprar-lhes). Agora acabou-se o manancial e é altura de pagar, mas não temos dinheiro, só dividas. Só nos podemos queixar de nós, da nossa ineficácia e do nosso comodismo..... Como é possível que Países recentemente entrados na UE rapidamente nos passam a perna? Daquilo que vejo e constato, isto mais parece os jogos em que a Selecção Nacional Participa: somos sempre favoritos, vamos para os jogos arrastar as pernas, perdemos e no fim queixamo-nos do árbito.

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  8. Outro aspecto que também acho importante: actualmente quase toda a nossa economia gira em torno da construção. Ao olhar para as actividades económicas da minha freguesia o que vejo? Carpintaria, pichelaria e instalações eléctricas, tectos falsos, alumínios... Tendo em conta que temos habitação para cerca de 20 ou 30 milhões de habitantes, obras públicas praticamente todas feitas, qual o futuro da nossa economia? É certo que abandonamos a "agricultura, pescas e a indústria mais pesada", mas não o teremos feito em detrimento da economia que advém do sector imobiliário?

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  9. Sérgio
    Não quero escrever aqui artigos de fundo, porque o que tinha a dizer fui dizendo e continuarei a fazê-lo nos posts que aqui publico.
    Quanto ao penúltimo comentário, tudo aconteceu porque deixaram acontecer, políticos e bancos e agora pagam todos: Regulamentação sobre a actividade bancária, fiscalização e impostos!
    Quanto ao +ultimo cometário, não foi a construção civil, mas a destruição de todo o aparelho produtivo e investimentos dos nossos capitalistas em mercearias (supermercados) e nada na indústria.
    Para a Europa e para a Alemanha, fomos mais um segmento de mercado...
    Continua a seguir o blogue todos os dias e irás entender (me).

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  10. Ok Miguel. Vou acompanhando e vou dando feed-back. Abraço.

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