O secretário-geral do FMI denunciou hoje o "lado obscuro" da globalização, uma vez que, nesta crise, acentuou "o fosso entre ricos e pobres".
"O esquema antigo da globalização trouxe muitos benefícios, como a saída de centenas de milhões de pessoas da pobreza, mas também tem um lado obscuro, que é o fosso grande e crescente entre ricos e pobres", sublinhou Dominique Strauss-Kahn, que falava na Universidade de Washington.
O responsável máximo do FMI considerou, que a "mundialização do comércio", que está "associada a uma queda das desigualdades", opõe-se a uma "mundialização financeira, que as acentua".
Quando as conclusões da crise económica e financeira mundial forem tiradas, disse, "o saldo será, nem que seja um pouco, menos a favor do mercado e mais em favor do Estado". Isto porque a crise "devastou todo o fundamento intelectual da ordem económica mundial do último quarto de século", acrescentou.
De acordo com o secretário-geral do FMI, em vários países, "há uma espécie de mistura de desemprego e de desigualdades sociais, que pode levar a problemas sociais". Strauss-Kahn chegou mesmo a dizer que "a desigualdade poderá ter sido uma das causas silenciosas da crise".
O líder do FMI citou estatísticas de dois economistas franceses considerados de esquerda, Thomas Piketty e Emmanuel Saez. Baseando-se em dados do fisco norte-americano, os dois economistas mostraram que, em 2007, na véspera da "grande recessão", o nível de desigualdades nos Estados Unidos era o mais alto desde 1928, na véspera da "grande depressão".
"É claro que o crescimento deve fazer-se com uma distribuição mais equitativa das receitas", afirmou.
Do ponto de vista fiscal, Strauss-Kahn relançou a proposta para aplicar uma dupla taxa sobre o sector financeiro (uma sobre o volume de negócios e outra sobre os lucros), lançada pelo FMI em Abril de 2010 e afastada pelo G20.
Logo que se começou a falar de globalização, não houve especialista (economistas, políticos, sociólogos, historiadores, etc.), ou leigo que não fizesse previsões quanto às consequências. Uns diziam que seria uma maravilha, outros diziam que dava nisto… E deu!
Agora que se fala do FMI, de que “toda” a gente tem medo (e com razões à vista) vem o seu máximo representante confirmar, a posteriori, tudo de negativo que aconteceu mundialmente, sobretudo o aumento de desigualdades e a mundialização financeira, que as acentua.
Como operação de charme, vem o Sr. Kahn dizer que a desigualdade poderá ter sido uma das causas silenciosas da crise e que o crescimento se deve fazer com uma distribuição mais equitativa das receitas e acrescenta que relançou a proposta para aplicar uma dupla taxa sobre o setor financeiro já proposta pelo FMI em Abril de 2010 e rejeitada pelo G20. Então para estas “vontades” se concretizarem não é preciso REGULAMENTAÇÃO a nível mundial, com todos os países de acordo? Medidas destas, avulso, até o nosso governo toma…
E como se lê, o FMI até acha que os lucros devem ser distribuídos com mais justiça, as desigualdades tem que diminuir e os capitalistas também tem que pagar a crise.
Claro que, quando Kahn diz que uma mistura de desemprego e de desigualdades sociais pode levar a problemas sociais, como qualquer inculto conclui, dá a ideia de que alguma calma social poderá ajudar a desencalhar o barco, sem por em risco os seus proprietários, continuando a viagem com a tripulação a remar, até nova crise.
Cinismo mesmo e bem refinado, é vir dizer que as desigualdades sociais geraram a crise, quando é indiscutível que a crise é que gerou e continuará a aumentar as desigualdades, sobretudo se as “soluções” forem as do FMI, como se vê (nunca é demais relembrar) na Grécia e na Irlanda.
E já agora, podia apresentar o quadro das medidas que o FMI preconiza, em vez de pregar aos peixes…
Mais um de centro-esquerda, disfarçado de Madre Teresa de Calcutá…
Nota – A que propósito o líder do FMI, um técnico, classifica “de esquerda” dois economistas que produziram uma estatística?
É muito inteligente, este sr!Muito bem falante!
ResponderEliminarPorca miséria!Ainda fazem dos outros burros!
maria
ResponderEliminarO homem teve azar foi com o nome: Kahn, ou o pai não gostava dele...