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segunda-feira, 28 de março de 2011

Os germanos não a querem e quer ela mandar em nós!

Verdes ganham Governo de um estado federado pela primeira vez
O partido de Angela Merkel sofreu mesmo a bofetada eleitoral que temia: a perda do estado federado de Baden-Württemberg, que a CDU governava há 58 anos. Foi o culminar de uma série de gafes e posições do Governo difíceis de explicar aos cidadãos, como a abstenção da Alemanha na ONU sobre a Líbia e a decisão de Merkel de suspender a actividade de 7 centrais nucleares - algo que o próprio Helmut Kohl veio classificar como "uma demasiado apressada e solitária saída alemã da energia nuclear".
Em Baden-Württemberg, a vitória coube aos Verdes, parceiros maiores numa coligação com os sociais-democratas do SPD. Juntos, obtêm 47,3%, enquanto os cristãos-democratas da CDU de Merkel, aliados aos liberais democratas (FDP) que são seus parceiros também no Governo nacional, se ficam, juntos, por 44,3%.
É a primeira vez que os Verdes obtêm o governo de um estado federado, mas em Baden-Württemberg os sentimentos antinucleares são fortes. É lá que fica uma das centrais mandadas encerrar abruptamente por Angela Merkel, poucos dias após o acidente nuclear de Fukushima 1, no Japão - a ideia é avaliar, até Junho, a segurança das mais velhas centrais, mas Merkel sugeriu que podem nem voltar a abrir.
Este gesto foi interpretado como uma prepotência pelos alemães - e, mais, como um aproveitamento político da tragédia do Japão. Pois se, ainda no ano passado, Merkel tinha aprovado o prolongamento do envolvimento da Alemanha com a energia nuclear, abandonando o decidido pelo anterior Governo de SPD/Verdes, de desligar de vez as centrais em 2020.
Outras crises, no entanto, ajudaram a estragar a imagem do Governo:
O facto de a Alemanha se ter abstido na ONU quando se decidia as medidas a tomar para impor uma zona de exclusão aérea na Líbia.
A saída do Governo da sua estrela política, o ministro da Defesa, acusado de plágio.
O projecto de uma linha férrea gigante, chamado Estugarda 21, que mobilizou um protesto liderado pelos Verdes - e que lhes pode bem ter valido a vitória em Baden-Württemberg.
"Isto é um desastre para a CDU e haverá grandes discussões dentro do partido", comentou Thorsten Faas, professor de Política na Universidade de Mannheim, no estado de Baden-Württemberg. Mas a liderança de Merkel não está em risco, pelo menos no imediato, pela falta de candidatos para lhe disputar o lugar.
Embora a demissão de Sócrates tenha agradado à grande maioria dos portugueses, estas derrotas da Sra. Merkel, do seu partido, do partido com que faz maioria, mas sobretudo das práticas políticas, deu um gozo especial, porque se nem os seus compatriotas a querem, por que havemos nós de a aguentar?
Mas há muitas ilações que se podem tirar, que não são exatamente, ou apenas as que a notícia reporta, já que dizem respeito a questões regionais/nacionais, embora algumas com reflexo da política internacional
O nuclear, certamente que foi um dos pontos fortes para a derrota, não só porque os alemães, há muitos anos que contestam esta opção energética, constantemente, não se deixaram ir na “conversão” repentina da Sra. Merkel, quando mandou encerrar as 7 centrais…
A questão da Líbia não deve ter tido muita influência, já que os alemães não são lá muito solidários com os outros e olham muito para o seu umbigo (mais bonito que os nossos)…
Faltou na notícia qualquer apontamento sobre a crise, que deve ter tido grande peso no voto, ainda pela falta de solidariedade com “aqueles países periféricos do sul”, que nos deve deixar de pé atrás, lá para 2013, aquando das eleições nacionais.
Mas, há algo de promissor com a vitória dos Verdes, que não devem ser de direita (e que já formaram coligação com a Sra. Merkel), que por isso nos permite abrir uma janela de esperança, quanto à solução da crise, que tem que ter um quadro mais humanista, que a CDU e a FDP não tem demonstrado. Infelizmente, parece que a Sra. Merkel não tem opositores, daí que, provavelmente a vamos ter como protagonista, num drama mais comprido e mais doloroso para a UE…
Nota curiosa, é ter ganho um partido de esquerda (que já foi pequeno e mal amado), quando aqui os nossos comentaristas, mesmo MRS, excluem à partida o BE e o PCP de fazerem parte de qualquer solução governativa, numa discriminação política e até pragmática (como eles gostam, quando lhes convém) e só vêem soluções com os partidos de direita (este PS incluído), que nos tem governado desde sempre, com os resultados brilhantes que temos e pelos quais sofremos…

4 comentários:

  1. É uma pena que o eleitorado português não queira dar uma lição a estes senhores. Dizem eles que os 3 maiores partidos portugueses se comprometem... Que eu saiba, o CDS nem sempre fica em 3º lugar.
    Mas o ostracismo a que condenam o BE e o PC é que me irrita!!! É um insulto aos eleitores que votam neles e que são tão portugueses e cidadãos como os outros. Talvez um dia tenham uma surpresa...

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  2. Elisabete
    Assino por baixo, porque é isso mesmo. Não é desprezo democrático pelos partidos, mas pelos militantes, pelos simpatizantes e pelos eleitores desses partidos, mas sobretudo pela justeza de muitas análises e propostas, que fazem, tão lógicas que o único contraditório que apresentam é a menorização e a consequente discriminação.
    Tem muita gente que pensa e não está acorrentado à argumentação partidária.
    Estamos juntos!

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  3. Concordo plenamente com a Elisabete.
    E comigo podem contar para ajudar a surpreendê-los.
    _________
    por acaso era engraçado que os germânicos pusessem uns patins à Dª Angela...aí é que eu me ria a bom rir.

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  4. Ema
    Se votássemos todos, eram menos 3 votos. Até 2013 pode ser que vá de carrinho, a continuar a parecer um elefante numa loja de finanças...

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