Rui Barreiro, secretário de Estado do Desenvolvimento Rural afirmou no Seixal, no congresso Internacional "Agricultura Urbana e Sustentabilidade", que “As estimativas apontam para a existência de 2.000.000 de hectares de parcelas de território abandonadas ou semi-abandonadas no país”, o que é “um desperdício, um luxo a que Portugal não pode dar-se”.
“Existe um recurso ao serviço do desenvolvimento do país que não está a ser utilizado”, apontou o responsável, acrescentando que “a questão agrícola deve passar a fazer parte dos interesses dos autarcas nos próximos instrumentos de planeamento. O paradigma da globalização vai mudar, os mercados locais e regionais vão ter cada vez mais importância”.
O Congresso vai juntar até sexta-feira cerca de 300 pessoas de vários países. Os participantes no congresso vão partilhar experiências e discutir os desafios de um desenvolvimento sustentável das cidades, virado para a agricultura.
Objetivamente, sendo a área total de Portugal de 92.090 Km2 e sendo a área abandonada de 20.000 Km2, isto quer dizer que 21,7% do nosso território está a ficar com mato e silvas, ou desertificado, fruto de políticas castradoras da UE (comprando-a com subsídios), através dos PAC, que reduziram a produção agrícola, criaram preconceitos sociais e nos obrigaram a comprar a quem tem piores condições de produção do que nós.
Sem querer usar os argumentos que este governo sempre usou contra os opositores, se o Secretário de Estado diz que existe um recurso ao serviço do desenvolvimento do país que não está a ser utilizado, podíamos perguntar por que não fez nada para alterar o staus quo, mas vamos deixar de lado e olhar em frente…
Mas convém dizer que não é o paradigma da globalização que nos vai obrigar a mudar e a dar mais importância aos mercados locais e regionais, fruto da falta de regulamentação sobre o Mercado globalizado, que permite a especulação cega e crescente sobre os bens alimentares. Enquanto não dominamos o Mercado, forneçamos os mercados com produtos nacionais.
E para tal, nem sequer é preciso que a questão agrícola seja uma preocupação dos autarcas nos próximos instrumentos de planeamento, porque os PDM (Planos Diretores Municipais) já a contemplam, com a definição e delimitação das áreas da REN (Reserva Ecológica Nacional) e da RAN (Reserva Agrícola Nacional).
O que será necessário e urgente é que os autarcas se interessem pela implementação de medidas, que conduzam à exploração das áreas agrícolas demarcadas no papel, com criatividade, motivação, regulamentação e meios.
Partindo-se da filosofia das hortas urbanas existentes, o seu alargamento aos terrenos incultos (municipais, ou privados), o incentivo com microcréditos em paralelo com o mínimo de formação, poderão motivar muita gente para a agricultura biológica, comercial, ou de subsistência.
Pouparíamos individualmente e pouparíamos o país a endividar-se para comprar o que somos capazes de fazer e que ainda não foi feito.
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