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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um OE régio(?), mas não para todos

Soneto de José Régio (1969)
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
José Régio

Foto - Canto do Diana-Bar/Café, na Póvoa de Varzim, onde José Régio se reunia com os amigos.

2 comentários:

  1. Danação nossa ter estes «biltres» a decretarem negra fominha -- como em 69 -- e nós, com desconto na «tuta e meia» por mês (expressão dum outro poéta régio, Sebastião da Gama) a fazermos ginástica mental contabilística.
    Que não os mandam parlamentar pra Suécia?
    (Nem eles lá se queriam, nem eles lá os queriam!)
    Os maganões do plim, os «do tacho» -- expressão desusada mas frequente nos salazarentos tempos do catano!
    Abraço, Miguel,
    Ochoa

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  2. Ângelo Ochoa
    O mais engraçado, é que hoje, os políticos, aqui e em toda a Europa, são os revolucionários do Maio de 68 que estão no poder. Apodreceram... Esperemos que tenham o que merecem.

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