“Sarko, vamos tratar da tua reforma”, gritaram milhares de estudantes na manifestação de Paris integrada na jornada de protestos de ontem contra as mudanças no sistema francês de pensões - a maior das 4 realizadas desde o início de Setembro. Foi a primeira vez que os estudantes se juntaram às acções sindicais, o que levou o primeiro-ministro a acusar a esquerda de "irresponsabilidade" e a falar em riscos de "afrontamento". Em alguns sectores as greves prosseguem hoje e podem prolongar-se até à próxima jornada de manifestações, no sábado.
O Governo fez saber que está "no limite do possível" em matéria de concessões no plano que prevê o aumento da idade mínima de acesso à reforma dos 60 para os 62 anos e a passagem da reforma completa dos 65 para os 67 anos - alterações já aprovadas pelo Senado e que o Presidente, Nicolas Sarkozy, quer ver confirmadas na versão final pelo Parlamento até ao fim do mês.
Polícia e sindicatos concordaram que a jornada de ontem foi a maior desde o regresso das férias, ainda que os números dos participantes em greves e nas mais de 240 manifestações organizadas um pouco por todo o país sejam divergentes: 3,5 milhões, segundo as organizações sindicais (mais meio milhão do que a 23 de Setembro), 1,2 milhões (mais 233 mil), de acordo com as forças de segurança.
"É a jornada mais forte que fizemos desde o início do processo", disse o Secretário-geral da central sindical CGT. François Chérèque, da CFDT, afirmava também, que as manifestações eram "sensivelmente maiores do que nas últimas vezes, com número superiores um pouco por toda a parte”.
As greves de ontem foram particularmente expressivas nos transportes e na indústria, mas muitas escolas e fábricas também fecharam. No sector ferroviário, segundo a AFP, 40% dos trabalhadores paralisaram e só circulou um TGV entre Paris e o interior. Os voos a partir de Orly foram reduzidos a metade e os de Charles de Gaulle-Roissy em 1/3. O Metro de Paris foi afectado, mas não parou completamente.
Para hoje estão previstas paralisações nos caminhos-de-ferro e nos transportes parisienses. Em diversas empresas que ontem estiveram paradas, os trabalhadores decidem hoje se continuam ou não os protestos. A imprensa francesa admite a possibilidade de prolongamento de greves até sábado, dia das próximas manifestações.
As sondagens mais recentes indicam que 69% dos franceses apoiam as acções sindicais e que 66% são favoráveis ao endurecimento dos protestos.
É notável, que os cidadãos franceses, que elegeram o seu Presidente da República, estejam agora em maioria absoluta (69%) contra quem os devia defender e democraticamente, tal como em todas as democracias, sejam obrigados a suportá-lo até ao fim do mandato e como dizem os manifestantes, não possam reformar já, o seu representante-mor.
A democracia tem destas coisas, lá, cá e em todo o lado em que as promessas são fraca publicidade e a incoerência no seu cumprimento começa a ser a mentira do nosso dia-a-dia.
E não gostam que se diga que os políticos são todos iguais, provavelmente porque “uns são mais iguais do que outros”…
O que mais temos pelo mundo são políticos da treta! Infelizmente para o mundo...
ResponderEliminarPena que as greves em Portugal não sejam a sério como são em França.
ResponderEliminarAqui anda-se a brincar ás greves. Mas percebe-se, é que se as greves fossem para levar a algum lado, o que aconteceria aos sindicatos e PCP? Ficariam sem clientela durante uns tempos.
Há guerras que são para serem travadas e não ganhas.
Elenáro
ResponderEliminarA diferença está no povo e na consciência de cada um, consciência formada pelos indicadores da Moral, Educação, Ética, Comportamento cívico, etc... que nos diferenciam em tudo, como em todos os sectores da vida pública.
Tirando as partidarites, ou facções, há guerras que são para ser travadas, para se poder vir a ganhar.