“…se o meu país fosse mais plano — ou um pouco menos inclinado —, eu poderia estar agora a escrever na veiga que aconchega o Tâmega e a dar-vos esta mesma notícia, mas com outros referentes espaciais. Os meninos das aldeias que, por estes dias, começaram a lamber o asfalto a caminho dos mamutes escolares, estão apenas a dar os primeiros passos do demorado êxodo que lhes abraçará a vida. No final do secundário, os colegas da cidade, na sua triste maioria, caminharão a seu lado até a alma se rasgar!”
Luís Costa
“Raiz de Saudade”, no blogue DaNação
O Luís Costa tem esgrimido argumentos contra o encerramento das 701 escolas (este ano) por essas aldeias fora, decisão justificada friamente com números ainda mais frios (nas aldeias do Norte) e o trecho que transcrevi em cima, retrata psicologicamente o estado de espírito, que adivinho perpassa pelos pais dessas crianças.
Dito isto, vamos partir do princípio de que a medida é irreversível, embora num período curto já houvesse esquadras de proximidade, depois super-esquadras e novamente esquadras de proximidade. A pescadinha acaba sempre com o rabo na boca.
Vem isto a propósito de uma conversa ocasional que tive com uma ex-Companheira rotária, Administradora de uma empresa a nível nacional (para que não se pense que era conversa fiada) sobre as Universidades Seniores, que o Rotary vai implementando pelo nosso país, com ou sem a ajuda das respectivas autarquias, dependendo da consciência das suas obrigações sociais. Dizia ela e eu concordo plenamente, que se as autarquias, cujas escolas do 1º Ciclo foram encerradas, as recuperassem, exactamente para espaço físico desse projecto para reformados e da 3ª idade, quanto não se ganharia em saúde mental, em cortes no tempo de solidão, no semear novas amizades e na recolha afectos…
Não nos esqueçamos, que hoje em dia, criar Jardins-de-Infância é tão necessário e obrigatório como criar Universidades Seniores, porque as pessoas só morrem, quando morre o cérebro, que precisa de ginástica, como dizia há dois meses o Dr. Daniel Serrão e com a autoridade que lhe é reconhecida.
Por experiência passada, é minha obrigação dizer isto e esperar que haja autarcas, ou amigos deles, que leiam esta sugestão, para que os mais velhos não caiam em saco roto.
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