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domingo, 26 de dezembro de 2010

Uma MISSÃO, a mesma VISÃO, os mesmos VALORES

A subida do desemprego e a “duplicação” das necessidades em 2011, ano de austeridade nas contas do Estado, podem gerar uma convulsão social, avisam duas vozes da hierarquia da Igreja Católica em Portugal.
Crítico da “pouca-vergonha” em torno do aproveitamento político da pobreza, o bispo das Forças Armadas afirma que a “calma não é de manter”. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa pede “maior partilha”.
“Discutir a utilização dos pobres” na arena política é “uma pouca-vergonha, até do ponto de vista cultural”. Quem o afirma é Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas, que distribui responsabilidades pelo Presidente da República, Cavaco Silva, e pelo primeiro-ministro, José Sócrates.
“Vamos ser muito objectivos. Até ao fim de Janeiro, Fevereiro, sem cair em fundamentalismos de base e de datas, se o Governo português não disser a verdade, se não apresentar alternativas, se não indicar apoios, se não apresentar ajudas e solidariedade, se não tiver uma atitude aberta e andarem com retóricas entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro a discutir a utilização dos pobres, que é uma pouca-vergonha, até do ponto de vista cultural, quer de um quer de outro, eu acho que eventualmente poderemos sofrer consequências e convulsões sociais muito graves”, vaticinou o clérigo.
A “calma” que agora se vive no país, reforçou D. Torgal Ferreira, “prova, por um lado, a civilidade do povo português”. Mas “não é de manter”: “Se isto continuar e se a lição não for bem explicada, a começar pelos principais representantes do país, uns dizem que são equilibristas no arame, outros dizem que os pobres são um abcesso que alguns querem lancetar, se isso não for bem explicado, eu não quero cair em exageros nem em profecias, mas desta forma nós não teremos paz”.
“As necessidades vão duplicar”
As preocupações do bispo das Forças Armadas são partilhadas pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, Jorge Ortiga que não hesita em antever “uma situação social muito mais grave” no próximo ano, “com o desemprego, com o fundo de desemprego a chegar ao fim para muitas famílias” e o “rendimento social de inserção também com todas as condicionantes”. “Até agora nós verificamos que a sociedade portuguesa tem vivido, digamos, com calma. Será que isto é de manter?”, questiona-se.
Convencido de que “as necessidades vão duplicar”, Jorge Ortiga manifesta dúvidas sobre a capacidade do Estado para “assumir a responsabilidade que tem de garantir qualidade de vida a todos os portugueses”. Isto quando ganham corpo “fenómenos de exclusão social que poderão provocar outras coisas que não gostaria de ver”: “Quando não há o essencial para viver, o povo não se cala”.
Num recado ao poder político, prometeu “denunciar situações que surjam” num ano em que “a política de austeridade vai criar mais pobreza”.
Cumprindo uma MISSÃO da Igreja, numa VISÃO realista do presente e objectivando o futuro, na defesa de VALORES…

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