Hortas urbanas - O seu Florescimento e a sua componente didáctica
A agricultura urbana é realizada em pequenas áreas dentro de uma cidade (vila ou bairro), ou ao seu redor (agricultura peri-urbana), e destina-se sobretudo, à produção de cultivos para utilização e consumo próprio ou para a venda em pequena escala, em mercados locais.
No sul da Mesopotâmia, por volta de 3.500 a.C., apareceu a primeira civilização urbana e alfabetizada. Deveu-se ao aumento da população, mudanças radicais na sociedade, política, religião e cultura.
Na Mesopotâmia, os canais de irrigação, permitiam a prática da agricultura e os produtos eram: cevada, gergelim e cebolas. Criavam: carneiros, cabras, porcos e gado bovino. Fabricavam produtos a partir do leite e da lã, assim como cerveja.
A prática da Agricultura Urbana tem lugar em quintais, em terraços ou pátios, em espaços ajardinados comunitários e em espaços públicos não ocupados por edificações.
O cultivo de legumes, frutos e a criação de pequenos animais faz-se ao nível das diferentes classes sociais que partilham o tecido urbano, variando muito de acordo com a motivação de cada um.
Nas casas mais abastadas esta prática é encarada numa perspectiva lúdica, pelo prazer de desenvolver uma actividade ao ar livre e simultaneamente provir algumas refeições com verduras frescas de produção própria.
Nas franjas mais desfavorecidas da sociedade as hortas urbanas assumem um papel fundamental na economia familiar, quer como provisão quer como fonte de rendimento.
As hortas e quintais urbanos contribuem de uma forma impar para a sustentabilidade das cidades, fornecendo uma gama diversificada de legumes frescos, ervas aromáticas e medicinais, frutos vários e a criação de pequenos animais (galinhas, patos, perus e coelhos), mais raramente podem encontrar-se animais de maior porte.
No passado, quando os transportes eram lentos, as comunicações pouco desenvolvidas e a tradição forçava as pessoas a providenciarem o seu próprio alimento, as quintas urbanas sobreviviam. Nesses tempos antigos, o desenvolvimento da Agricultura Urbana procurava dar resposta às necessidades e à conveniência das populações.
Hoje para muitos cidadãos urbanos pobres, esta actividade serve os mesmos propósitos.
Para outros é fonte de frescura, possibilita uma dieta variada e também, pode ser encarada com fins lúdicos ou de terapia psicológica, para fuga ao stress diário.
As vantagens da existência de agricultura urbana, indicadas pela PNUD (United Nations Development Program), apontam para a sua importância na sustentabilidade ambiental, económica e social da cidade. A agricultura urbana contribui para a sustentabilidade urbana nos seguintes aspectos:
Ambiente;
Planemamento urbano;
Conservação;
Segurança alimentar;
Estabilidade sócio-económica.
As hortas e quintais urbanos são sem dúvida um dos últimos redutos de alguma da biodiversidade agrícola existente nos países, dadas as suas características no que se refere à multiplicidade de opções cultivares, à micro escala das produções e apesar de tudo, ao tipo de isolamento a que certos espaços de cultivo estão sujeitos (geográfico e social).
A Agricultura Urbana no presente:
«…cerca de 2,5 milhões de habitantes de São Petersburgo, cultivam a terra sem químicos, em quintais e parcelas nos subúrbios.»
«Mais de 500 hectares de Londres estão cultivados com frutas e vegetais, resultando em 8.400 toneladas ao ano.»
«Na Holanda 33% da produção “verde” sai das grandes cidades.»
«Em Bamako, no Mali, 2.000 agricultores tornam a cidade auto-suficiente em produtos vegetais e leite.»
Agricultura Urbana no Futuro - É urgente projectar as cidades do futuro
A Agricultura Urbana é uma actividade presente em todo o mundo e ocupa em muitos países um lugar de especial destaque e importância, 800.000.000 de pessoas dedicam-se à Agricultura Urbana (FAO 1998), o que corresponde a 15% de toda a produção mundial de alimentos. Nos países da comunidade europeia, 30% da agricultura é feita por agricultores a tempo parcial, que têm outras profissões.
O Homem do futuro terá tanto de rural como de urbano sem que nele se confundam ou diluam as duas ancestrais culturas.
José Mariano Fonseca
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