Até agora, o direito de voto aos 16 anos só era defendido pelo Bloco de Esquerda. Com a eleição de Duarte Marques para líder da JSD, o tema volta a estar na agenda política. O seu desafio foi claro: pretende que, num horizonte de 5 anos, os jovens votem aos 16. "Se podem casar, comprar casa, ser presos, porque é que não hão-de votar? Esta é a geração com mais informação de todas, nunca houve uma geração tão informada", defende.
Ouvidas as juventudes partidárias, a questão continua a ser polémica e, à excepção dos bloquistas, ninguém a defende.
Manuel Villaverde Cabral considera que o debate é desprovido de relevância, "uma demagogia populista", já que a antecipação do direito de voto só iria, segundo o sociólogo, aumentar a abstenção, "coisa de que Portugal não tem falta nenhuma." No seu livro Jovens Portugueses de Hoje, de 1998, afirma mesmo que aos 21 ou 22 anos os jovens ainda demonstravam "pouco interesse pela política em geral e pelas eleições em particular". O que, na sua opinião, só prova que a questão é de fundo sociológico e não legal.
Os bloquistas são os maiores entusiastas da ideia e colocam-na numa base de coerência, já que com 16 anos se pode trabalhar e ser responsável criminalmente.
Já para o líder da JS, falta um "debate aprofundado". Embora não seja uma posição definitiva, Pedro Delgado Alves considera que 18 anos é a idade em que há uma "vontade suficientemente esclarecida e a escolaridade obrigatória" cumprida. Acredita, no entanto, que "pode ser um incentivo de aproximação à vida política", e deixando em aberto a hipótese de se começar pelo recenseamento voluntário aos 16 anos nas autarquias.
Michael Seufert, deputado do CDS, considera que "é uma contradição que os mesmos que defendem o aumento da escolaridade mínima obrigatória se batam, em simultâneo, pela antecipação da idade do voto."
Os jovens Comunistas ainda estão a "aprofundar a discussão sobre a matéria", mas Cátia Lampreia lembra que "a participação dos jovens não pode ser afunilada no voto."
É verdade que ter 16 anos hoje, é bem diferente de os ter tido anos atrás, sobretudo pelo fluxo de informação, embora nem sempre virada para a política.
Não me parece legítimo que, por se poderem abster, não lhes dar o direito do exercício do voto.
Não me parece que não é por falta de habilitações académicas que esse direito deva ser impedido.
Não me parece que limitar a actividade política a casuais manifestações e protestos seja sustentável.
Parece-me razoável que haja um debate tão profundo como qualquer outro e que se decida em menos de 5 anos, ou sim, ou não.
Parece-me razoável que com 16 anos, hoje, qualquer jovem pode ser politicamente mais maduro e interessado manhã.
Parece-me razoável que a maioria dos partidos não queira que os jovens entrem na maturidade política e muito menos que se interessem pela actividade política e até é curioso que a JSD esteja de acordo com o BE…
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