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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Há Cowboys em Portugal e não temos um Sheriff?

Meia centena de trabalhadores, entretanto despedidos da Beliape, em Cucujães, Oliveira de Azeméis, queixam-se de que foram atacados ontem, ao final da manhã, com dois petardos arremessados por seguranças daquela empresa enquanto faziam uma vigília próximo da entrada da empresa de avicultura e pecuária.
A maioria dos funcionários foi despedida, enquanto outra parte despediu-se com justa causa por falta de pagamento de salários. "Estamos aqui para cuidar que não removem as máquinas e as viaturas da empresa que está em falência. Tem de haver dinheiro para nos pagarem o que devem. Faltam-nos cinco salários", disse Vítor Correia. O trabalhador explicou que, pelas "12h00 depois de uma entrevista para a RTP", os ex-funcionários foram "atacados com um petardo atirado pelos seguranças da empresa". O objecto terá passado próximo de uma das funcionárias. "Passou-me mesmo por cima. Foi uma sorte não haver feridos", disse Rosa.
Pelas 17h00 de ontem, já só cerca de metade dos trabalhadores se mantinham no local. "Temos medo e a GNR, que já chamámos, não vem cá fazer nada. Passou aqui uma vez ou duas e mais nada", acrescentou Vítor Correia. O funcionário deslocou-se ontem à GNR de Oliveira de Azeméis, onde foi ouvido pelo comando porque "a GNR de Cucujães nada fazia".
Os manifestantes garantem ainda que já depois de terem feito queixa no posto da GNR de Cucujães foram novamente atacados com outro petardo, pelas 16h30. Fonte da GNR garantiu que hoje será destacado um efectivo de militares daquela força para impedir novas escaramuças.
O i sabe ainda que as autoridades estão a investigar o uso de petardos bem como a alegada posse de armas pelos seguranças, denunciada pelos trabalhadores. "Eles estão armados e nós temos medo. É por isso que já nem vamos passar aqui a noite", disse um trabalhador, que pediu anonimato. A maioria dos funcionários aceitou falar mas apenas com a condição de não ser revelada a sua identidade. "Eles sabem quem somos e vão a nossa casa", explicou um deles, acrescentando que receberam as cartas de despedimento a 10 de Janeiro.
Ontem, a tensão na rua de Santa Luzia, junto à Beliape, era grande. "Tínhamos umas faixas de protestos que tiraram e disseram-nos que se voltássemos a colocar alguma que nos íamos magoar", referiu um dos funcionários que acusa a empresa de ter contratado "seguranças conotados com a noite para nos intimidarem".
A versão da administração da empresa é bem diferente. José Marques, assessor de actual administração, garante que não foi atirado "qualquer petardo" e que não estão a retirar máquinas nem viaturas. "O que estamos a fazer é a retirar sucata por questões ambientais. Temos de fazer isto", esclareceu, confiante no plano de recuperação da Beliape e que a empresa "poderá vir a contratar alguns dos funcionários que foram despedidos". Segundo o responsável, estão em causa apenas 3 salários. "Nós facultámos aos trabalhadores a possibilidade de irem à nossa loja buscar carne de acordo com os salários que tinham em atraso. Alguns até levaram mais e isso tem de ser contabilizado", afirmou. José Marques fez questão de mostrar que "não foram retiradas quaisquer máquinas". A actual administração diz ainda que são os funcionários despedidos "que têm andado a ameaçar os 30 trabalhadores que ainda laboram na fábrica".
O filme está bem resumido, mas “cowboyadas” destas já todos vimos, embora do outro lado estivessem sempre índios…
Mas numa altura em que se prendem sindicalistas, só por protestarem e em que se usa a força de elementos da PSP (também reivindicadores e “protestantes”) para calarem esses mesmos sindicalistas, estas situações anárquicas não fazem sentido, nem tem qualquer defesa. Ou já chegamos ao Egito?
O que nos safa, é a preocupação ecológica dos administradores da empresa quanto à sucata (seriam os trabalhadores?) e o rigor nos pagamentos em atraso (3, ou 5 meses?), que sendo pagos em género (como na idade da pedra), são racionados por cotas (e alguns até abusam). Ainda por cima, os arruaceiros são os trabalhadores despedidos… Não têm quem lhes ponha a mão e os metam na ordem?
A GNR, pelos vistos, mantém-se neutra, à espera que o Sheriff saia do saloon…

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