Por situações de reforma, fim de contratos laborais ou reestruturações internas, as organizações estão a substituir trabalhadores e a oferecer remunerações inferiores a quem entra para as mesmas funções. "Desde 2009 os aumentos salariais praticados não têm sido suficientes para compensar a inflação, mas este ano verificamos que o mercado está a diminuir. O efeito de substituição [de trabalhadores] é muito significativo", diz Tiago Borges, responsável em Portugal pelos estudos salariais da Mercer, especializada em recursos humanos.
Com a taxa de desemprego colada nos 15%, aumenta a pressão para reduzir os ordenados médios. Há cada vez mais pessoas sem trabalho dispostas a ganhar menos. "Os colaboradores em novas funções estão a aceitar valores de remuneração mais baixos devido ao impacto que a alta oferta de profissionais (particularmente os menos qualificados) tem na formação dos novos salários", explica Tiago Borges.
Despedimentos coletivos subiram 74 por cento
O crescimento verificado no número de empresas que recorrem ao despedimento coletivo é uma tendência que se vem a sentir desde o início de 2012, fruto da degradação da atividade económica. Já houve 627 empresas a recorrer a este mecanismo até agosto deste ano, um número que se aproxima do verificado em todo o ano passado. Nestes processos, que envolveram mais de 45.000 trabalhadores, 5.843 pessoas ficaram sem posto de trabalho, uma subida de 82% comparativamente a igual período de 2011.
Em 2011, Portugal já tinha o 4º Salário Mínimo mais baixo da UE (€ 525), com a Polónia em 3º lugar (€ 281), a Roménia em 2º (€ 153) e a Bulgária em último (€ 123).
Entretanto na China, os operários industriais que trabalham jornadas esticadas, ganham o equivalente a 308 ou 385 mensais euros (e até menos) e os gerentes e técnicos de alta especialização recebem cerca de 1.925 euros por mês (média). Na Tailândia, o salário médio de um operário industrial é de 215 euros mensais (média); na Índia, de 154 euros e no Vietname, de 77 euros.
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Dentro do princípio da concorrência (do mercado) e porque já éramos os que tinham a mão de obra das mais baratas, nada justificaria que os salários tivessem que descer ainda mais, por este motivo, muito menos que o desemprego aumente, pelo que se deve pensar que outros motivos haverá.
Contrariando este princípio, constata-se que os países mais ricos, ou em melhor situação perante a crise, são os que tem a mão de obra mais cara.Se o custo da mão de obra tem a ver com o aumento do investimento estrangeiro, por esse motivo, não se percebe por que esse investimento não aparece, nem qual é razão de os empresários estrangeiros não deslocalizam para Portugal, pelo menos, parte das suas empresas…
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Mas o que menos se percebe é por que é necessário baixar mais os salários dos trabalhadores, conhecendo-se os resultados apontados acima.
Se tivermos em conta os salários que já se praticam na China e na Tailândia, começamos a perceber que o que se pretende com esta razia salarial, que não é mais do que aquilo a que se chama de “chinesização”, no que respeita ao preço da mão de obra, mas que não tem equivalência nos preços dos produtos.
Quanto às diferenças de abaixamento dos salários verificadas entre dirigidos e os dirigentes, se nos primeiros a oferta é maior e a alternativa é o desemprego, nos segundos também a oferta é grande (vejam-se as percentagens de jovens licenciados no desemprego), eventualmente mais bem preparados do que os seniores, só que sem a rede de relações de poder e promiscuidade (no ano passado havia 20 administradores que tinham lugar em 1.000 empresas), o que os torna “inúteis” nas áreas da sua formação e competências.
Resumindo: mais da “conversa da treta” do costume, que quer esconder o empobrecimento planeado de um país, por razões políticas e ideológicas, por não se adivinhar qualquer contrapartida para o “Bem da Nação”…
E o mais gritante é que há carrascos para esta missão e com nota "positiva"…
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