Manifestações contra medidas de austeridade resultam em confrontos com a polícia em Atenas e Madrid. A Grécia também enfrentou uma greve geral na quarta-feira contra os cortes exigidos em troca de créditos internacionais.
Situação grega
Os manifestantes entraram em confronto com a polícia nas ruas de Atenas durante a greve nacional que tomou o país na quarta-feira (26/09). A paralisação e os protestos foram motivados por novas e mais medidas de austeridade em troca de créditos da troika.
Gangues de jovens jogaram coquetéis molotov, partiram janelas e ataram fogo a montes de lixo às margens da manifestação, nas imediações de hotéis de luxo na Praça Syntagma, em Atenas. Em alguns dos confrontos mais violentos, a polícia respondeu com gás lacrimogéneo. Dezenas de pessoas foram detidas, de acordo com uma fonte policial, enquanto multidões se moviam em direção à praça central da cidade, Omonia, vaiando e atirando garrafas plásticas contra as forças especiais.
Os confrontos ocorreram depois de mais de 70.000 pessoas marcharem em direção ao Parlamento Grego. Os maiores protestos no país em mais de um ano mobilizaram funcionários públicos e privados, assim como estudantes e aposentados – todos eles atingidos pela rodada anterior de cortes no país.
"Não aguentamos mais isso, estamos sangrando. Não podemos criar os nossos filhos desta maneira", disse Dina Kokou, uma professora de 54 anos e mãe de 4 que vive com 1.000 euros por mês. "O meu salário foi cortado em 50%. Tenho 2 filhos e amanhã não sei se terei emprego", lamentou Ilias Loizos, funcionário municipal de 56 anos.
As manifestações deixaram o centro da capital grega repleta de pilhas de lixo. E limpá-las poderá ser um desafio, pois as autoridades decidiram recentemente não renovar os contratos de 352 lixeiros.
A paralisação desta quarta-feira foi a 1ª greve geral enfrentada pela coligação de governo no poder desde junho, liderada por Antonis Samaras, que corre contra o tempo para finalizar um pacote de quase 12 mil milhões de euros em cortes extras e outros 2 mil milhões de euros em impostos para entrar em vigor em outubro. Samaras apresentará o pacote completo a membros do partido socialista Pasok e da Esquerda Democrática – parceiros do governo – nesta quinta-feira. O pacote tem como objetivo libertar a tranche de 31,5 mil milhões de euros, a 3ª parcela do resgate de 130 mil milhões de euros concedido pela troika.
A greve deixou voos e autocarros suspensos, lojas fechadas e hospitais a funcionar apenas com equipas de emergência. Além disso, os navios permaneceram atracados, museus e monumentos fechados e controladores de voo paralisaram os trabalhos por 3 horas.
Situação espanhola
A capital espanhola também foi tomada por protestos violentos contra medidas de austeridade pelo 2º dia consecutivo nesta quarta-feira. Mais de 60 pessoas ficaram feridas em confrontos com a polícia, próximos ao Parlamento na terça-feira.
O primeiro-ministro Mariano Rajoy tem de lidar com a violência nas ruas e crescentes discussões sobre a separação da Catalunha, enquanto avança com cautela em direção ao pedido de resgate à Europa, consciente de que um passo como este significou para outros líderes europeus a perda dos seus cargos.
Em público, Rajoy tem resistido aos apelos para pedir assistência já, mas nos bastidores ele está a juntar as peças para chegar às condições rigorosas que acompanharão os fundos de resgate.
Rajoy apresentará um orçamento difícil para 2013 na quinta-feira, com o objetivo de transmitir a mensagem de que a Espanha está a fazer os seus deveres de casa para reduzir o défice do país, apesar da recessão e dos 25% de desemprego. Rajoy enfrenta agora pressão intensa de políticos da zona do euro para implementar medidas mais rigorosas, particularmente no corte das aposentadorias.
O título da notícia, fala de protestos de cidadãos, em manifestações organizadas, contra medidas de 2 (3) governos (do nosso já tinham falado) que vendo 2 (3) povos com a corda ao pescoço e em cima de um banco (por culpa dos Bancos), são convidados por funcionários da troika a retirar o banco (sem culpar e criminalizar os Bancos) a esses povos, para que se concretize o assassinato físico e social.
Claro que perante tal ato, nenhum inocente condenado sem culpa formada se deixa enforcar sem exigir justiça.
Claro que a justiça nunca pode ser exigida aos polícias, mas aos respetivos governos.
Claro que o governo se sente protegido pela “legitimidade” democrática, por terem ganho eleições, mesmo que não cumpram as promessas que venderam, consciente e compulsivamente.
Claro que se sentem mais protegidos pela polícia que é paga (mesmo que muito mal) pelo poder vigente.
Claro que os polícias (profissionalmente) se sentem na obrigação de defender quem lhes paga, em vez de defender quem paga para lhes pagar, os cidadãos. E tudo bem, para fim de papo!
Além do mais, seria notícia, se os manifestantes tivessem ferido mais polícias do que estes os manifestantes...
Já nem vamos falar da manipulação da opinião pública através de outros meios, que querem fazer crer que os gregos, os espanhóis, os portugueses, os italianos e os irlandeses são a ralé da Europa, católicos e preguiçosos, perigosos para o bem estar dos loiros (protestantes) do norte, quando a bebedeira é o programa de fim de semana de gente tão superior... Já lá vão os tempos em que navegávamos pelo mundo e comercializando e os piratas (aqui às portas da Europa) nos sacavam a carga…
E insistem como se fôssemos TODOS e SEMPRE, INCAUTOS e PARVOS…
Ao menos por cá, as manifestações ainda vão distribuindo carinho pelos polícias, que em resposta se vão manifestar com o povo, como cidadãos sacrificados, por serem também povo.
O “pacifismo” tem limites e acaba quando a violência tem origem num agressor e passa a ser “legítima defesa” e por isso Bertold Brecht se interrogava:
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”
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