O projeto de parecer do Conselho Económico e Social (CES), redigido pelo economista João Ferreira do Amaral, que será votada hoje em plenário do CES, aponta para um "impacto negativo da política orçamental no rendimento disponível de cerca de 2.600 milhões de euros". Este impacto teve ainda repercussões negativas "sobre a produtividade das empresas".
No projeto de parecer, o CES reconhece que o endividamento crescente da economia em 2011 obrigava a medidas para conter o défice. No entanto, o parecer recorda que o CES "alertou em devido tempo para o perigo" de os objetivos e prazos da redução do défice serem "demasiado ambiciosos e desajustados". Corria-se o risco de Portugal entrar "no ciclo vícios de défice - recessão - mais défice, por ausência de receitas fiscais resultantes da falta de crescimento económico" e alerta "mais uma vez" para a possibilidade de "políticas de ajustamento orçamental demasiado ambiciosas terem efeitos contraproducentes sobre o peso do défice e da dívida pública na economia nacional".
O CES considera que estes efeitos contraproducentes "estão agora a verificar-se em 2012", com o crescimento da taxa de desemprego no ano passado, que se prolongou por este ano e nota ainda "o aumento do número de indivíduos em situações que não são de verdadeiro emprego mas que, estatisticamente, não são considerados desempregados".
O projeto do parecer manifesta ainda "preocupação pela redução das despesas em áreas fundamentais como a saúde, a edução e a proteção social", que poderá mesmo pôr em causa "a coesão económica, social e territorial" de Portugal.
Quem não souber o que é o CES e lendo esta notícia até poderá pensar que é uma comissão de um partido da oposição (só pode ser da esquerda, por exclusão de partes), só por não dizer “Amém” com a “doutrina” social, económica e financeira aplicada em 2011.
Para azar nosso, as previsões (empíricas?) e os avisos feitos em tempo útil por este Conselho, no ano passado, não foram tidos como conselhos pelo governo e foi aquilo que se viu e que estamos a sofrer.
Mesmo cientes de que o endividamento crescente da economia em 2011 obrigava a medidas para conter o défice, o CES alertou para o perigo de os objetivos e prazos da redução do défice serem demasiado ambiciosos e desajustados, o que se pode traduzir por necessidade de “mais tempo e mais dinheiro”, para que não entrássemos no ciclo vicioso de défice - recessão - mais défice, por ausência de receitas fiscais resultantes da falta de crescimento económico… Digamos que apenas chamaram a atenção para o óbvio, que qualquer iliterato nestas áreas conseguia concluir ou compreender, menos os especialistas económicos e financeiros que nos governaram e teim(ar)am em contrariar.
Coerentemente, porque a receita não foi alterada, o CES lança novo alerta para a possibilidade de, este ano, se chegar aos mesmos resultados, por se continuar com as mesmas receitas, com os mesmos efeitos, aumento do défice e da dívida pública, com as mesmas repercussões na economia nacional, que se traduz em falências de empresas e consequente aumento (incontrolado) da taxa de desemprego, diminuição de receitas fiscais e aumento de subsídios.
Finalmente, o CES mostra-se preocupado com a redução das despesas em áreas vitais, como a saúde, a educação e a proteção social, que poderá gerar instabilidade social, o que já vamos constatando…
Apesar de outros assuntos terem sido tratados e aprovados, a conclusão deste grupo transversal da sociedade portuguesa, é sempre a mesma: os trabalhadores e os pensionistas foram e serão os elos mais fracos e, por isso, serão sempre os mesmos a suportar a desigualdade na austeridade…
Se não são esquerdistas, não andam muito longe e provavelmente por isso é que o governo, que pede alternativas a toda a gente, não aceita as que a CES aconselha…
Vira o disco e toca o mesmo!
O presidente do CES, José da Silva Peneda, considerou “não ser clara” a estratégia global do Governo do ponto de vista económico para 2013, quando falava aos jornalistas à saída do plenário do CES, que aprovou no parlamento 3 projetos de parecer sobre a Conta Geral do Estado 2011, a alteração da legislação laboral na Função Pública e as Grandes Opções do Plano para 2013, reconhecendo ainda que o agravamento dos impostos irá retrair ainda mais a procura interna em Portugal.
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