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sábado, 6 de outubro de 2012

Os Europeus – 15

Após as guerras de libertação contra a hegemonia francesa, o Congresso de Viena, iniciado em 1814, restaurou a situação geopolítica na Europa anterior à Revolução Francesa de 1789.
Matthias von Hellfeld
Congresso de Viena, 1819
Mais de 200 delegados dos Estados europeus dirigiram-se à capital austríaca para discutir sobre a nova ordem do continente, entre 18 de setembro de 1814 e 8 de junho de 1815. Essa reorganização serviria, basicamente, para a restauração das antigas monarquias europeias, que durante o período da ocupação francesa tiveram que, não só aceitar perdas de territórios, mas também abdicar de parte da sua influência.
A restauração da Velha Europa foi, ao mesmo tempo, uma renúncia aos ideais da Revolução Francesa e às forças nacionais emergentes em muitos países europeus, que pregavam a formação de Estados nacionais.
O Congresso dança
Como cidade-anfitriã do Congresso, Viena embelezara-se, organizando uma oferta diariamente renovada de bailes e eventos sociais. A rápida sucessão de diversões dançantes inspirou o diplomata belga príncipe Charles Joseph von Ligne (1735-1814) a criar, pouco antes de morrer, a expressão "congresso dançante", em carta endereçada ao então ministro francês do Exterior, Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord (1754-1838): "O Congresso dança, mas não vai adiante. Também nada vaza para fora, além do suor desses senhores dançantes".
Os senhores, no entanto, não estavam só a dançar, pois foram tomadas decisões de grande repercussão na história europeia.
Restauração
Na Europa, o equilíbrio entre as 5 grandes potências França, Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria ("Pentarquia") foi restaurado. Embora tendo que devolver os territórios anexados durante a regência de Napoleão, a França acabou por ser quem mais lucrou com o Congresso de Viena. Afinal de contas, o país, com os seus esforços hegemónicos sob a liderança do imperador Napoleão I, tratara primeiro de tirar a Europa dos eixos. Agora, no entanto, a delegação francesa sentava-se à mesa de negociações em Viena!
Enquanto a França teve que ceder territórios, outras grandes potências os ganharam, assim como alguns Estados menores (Suécia, Países Baixos Unidos). Desde as Partições da Polónia dos anos de 1772, 1793 e 1795, aquela nação existia apenas como o pequeno Ducado de Varsóvia. Em Viena, o país foi restabelecido no mapa europeu como "Polónia do Congresso". Além disso, a neutralidade dos suíços foi reconhecida internacionalmente.
A Confederação Germânica
No centro do continente, a Confederação do Reno fundada por Napoleão foi dissolvida e substituída pela Confederação Germânica. Pertenciam a esta liga 35 principados e 4 cidades-Estado. Mas também a Prússia e a Áustria eram membros, ainda que partes dos seus territórios estivessem localizadas fora da Confederação Germânica. Ambos os países fizeram parte do Sacro Império Romano-Germânico até à sua dissolução em 1806, e reivindicavam direitos na Alemanha. O grémio principal da Confederação era o Parlamento (Bundestag), reunido em Frankfurt sob a presidência da Áustria.
A instituição da Confederação Germânica foi uma das principais decisões do Congresso de Viena. Mas não se pode ignorar os erros cometidos nesse nascimento. Por um lado, as grandes potências europeias queriam que os diversos Estados continuassem independentes, mas, por outro, pretendiam associá-los numa liga federativa, integrando-os nos seus interesses geoestratégicos através da participação da Áustria e da Prússia. Representantes de Estados alemães não participaram das negociações, de forma que pouca importância foi dada aos seus interesses.
Com o Congresso de Viena, a "questão alemã" foi condicionada novamente à aceitação dos europeus, pois cada mudança do status quo na Europa dependia da anuência da assim chamada "Santa Aliança", formada pela Prússia, Áustria e Rússia. Estas 3 monarquias cuidavam para que se mantivesse o estado de paz desenvolvido em Viena. Esta foi a 2ª tentativa dos Estados europeus para englobar todo o continente e criar uma ordem pacífica consensual, desde a Paz da Vestefália de 1648.
No entanto, esta "Conferência para a Segurança e Cooperação na Europa" fracassou do mesmo modo, pois os movimentos nacionais e, mais tarde, também os movimentos democráticos não quiseram submeter-se a formas de governo absolutistas ou patriarcal-cristãs.

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