"Liberdade, igualdade, fraternidade": a partir da França esse slogan revolucionário inspirou a Europa do final do Século XVIII. E transformou irreversivelmente a história do continente.
Matthias von Hellfeld
“A Liberdade guia o Povo”, Eugène
Delacroix
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Por isso, em 5 de maio de 1789, convocou para Paris as três principais classes da sociedade francesa – o clero, a nobreza e os camponeses –, com o fim de obter a sua anuência para uma elevação das taxas e impostos.
Mas o rei não contara com a resistência dos delegados, que transformaram essa conferência numa "Assembleia Nacional Constituinte", a qual visava por termo às vicissitudes económicas que cada vez mais assolavam o país.
Proclamação dos direitos humanos
O rei tentou ainda demover os delegados da sua intenção, porém sem êxito, pois logo ficou claro que os cidadãos de Paris apoiavam a revolução que despontava. Esta era a esperança de uma melhoria das suas condições de vida, cuja discrepância em relação ao luxo da corte em Versalhes vinha, há décadas, tornando-se cada vez mais crassa.
Dentro de alguns dias ficou claro não se tratar da insurreição de alguns delegados, mas sim de uma rebelião popular. Rapidamente a Assembleia Nacional aboliu, um após outro, os privilégios da nobreza, reduziu as taxas eclesiásticas, confiscou os bens da Igreja. Em 26 de agosto de 1789, proclamou, por fim a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”.
Pela primeira vez, todos os cidadãos do país eram considerados iguais. Estes direitos ficaram selados na nova Constituição francesa de 3 de setembro 1791.
Hino sanguinário
As casas reais e príncipes europeus observavam com horror os acontecimentos revolucionários em França. Os monarcas temiam que a Revolução pudesse levar as agitações também aos seus países. Quando o duque de Braunschweig, Karl Wilhelm Ferdinand (1735-1806), anunciou a intenção de reduzir Paris a cinzas, os cidadãos revoltosos invadiram o palácio real das Tulherias, em 10 de agosto de 1792.
Entre os participantes estava um grupo de operários de Marselha. No caminho até Paris, entoavam uma canção bastante sanguinária, que os parisienses apelidaram “A Marselhesa”, declarando-a hino da Revolução. Numa versão um tanto menos brutal, ela é, hoje, o Hino Nacional da França.
Esgotado o primeiro impulso revolucionário, a nova ordem francesa também precisava de se defender contra os inimigos internos. Em nome da liberdade e da razão, os carrascos mandavam construir cadafalsos para a execução de milhares de supostos antirrevolucionários.
Talvez a ameaça dos carrascos nas próprias alas fosse o pior perigo, pois logo a Revolução começou a voltar-se também contra os seus iniciadores. No pricípio de 1793 começou o Regime do Terror. Diante da Assembleia Nacional, Jean Paul Marat (1743-1793) "justificou" assim a restrição das liberdades civis: "A liberdade deve fundamentar-se na violência [...] a fim de exterminar o despotismo dos reis."
Devorando os próprios pais
Quando, 3 meses mais tarde, Marat foi assassinado pela pró-realista Charlotte Corday (1768-1793), a Revolução ganhava o seu primeiro mártir. E a guilhotina – invenção de Joseph Ignace Guillotin (1738-1814) – ganhou a oportunidade de cumprir, em massa, a sua função assassina.
O mentor e líder do Terror foi Maximilien Robespierre (1758-1794). Em meados de 1794, com a promulgação da "Lei do Terror", começou a pior fase do regime. Diariamente entre 50 e 100 pessoas perdiam a vida em nome da Revolução, ao mesmo tempo que crescia o descontentamento contra a nova tirania.
Em 27 de julho, Robespierre sentiu na própria pele a loucura reinante. Por uma resolução da Assembleia Nacional, ele e os seus seguidores foram presos e, no dia seguinte, guilhotinados, diante de numeroso público.
A festividade popular que se seguiu sinalizava o fim do Regime de Terror. Os militantes de Paris fizeram com que a Revolução Francesa não sucumbisse nem à oposição dos poderosos europeus, nem às próprias imperfeições. E marcaram, assim, a trajetória da Europa de forma decisiva.
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