"A formiga no carreiro vinha em sentido contrário. Caiu ao Tejo ao pé de um septuagenário." Zeca Afonso
João Quadros
O Governo anunciou a extinção de 4 fundações, recomendando também a extinção de outras três dezenas. De acordo com o Diário da República: "a Fundação Casa de Guimarães, Museu do Douro, Côa Parque e para a Protecção e Gestão das Salinas do Samouco serão extintas. A Fundação Paula Rego é uma das entidades que o Executivo pretende também extinguir."
Resumindo: era uma vez a casa das histórias Paula Rego. A Casa das Histórias Paula Rego vai dar lugar à Mansão das Tretas de Relvas. Paula Rego ficou muito magoada com a notícia. "Foi um pesadelo. Deu-me logo ideia para 10 quadros. E agora o que é que eu faço? Não pensem que vou levar as pinturas para casa. Eu tenho muito medo de ficar sozinha com os meus quadros!".
Não sei se já alguém, com diminutivo de nome de herói de capa e espada, disse isto, mas acho que a montanha pariu um rato. Dá para chamar um táxi para levar as fundações extintas. Das 4 fundações dinamitadas, 1/4 tinham sido criadas por este governo, há uns meses… mais concretamente, a Fundação do Parque Arqueológico do Museu do Côa. A Fundação do Parque do Foz Côa ainda tinha placas a dizer "pintado de fresco". Espero que não se tenham precipitado. O melhor é o governo criar uma fundação para avaliar as fundações extintas.
Ninguém sabe quais os critérios usados para desenhar a "tabela de importância" das fundações, mas a fundação do PSD/Madeira ficou classificada na frente da Gulbenkian. Temos um Calouste Jardim. O Museu da Gulbenkian devia ter um paleontólogo só para estudar o PSD/Madeira.
Mais pertinente que as fundações extintas, são aquelas a que o governo cortou 30% no valor da contribuição do Estado. Pode ter sido um acaso, mas dá a sensação que o que fizeram foi tirar a sobremesa a quem se portou mal. Exemplos: Marcelo Rebelo de Sousa levou a talhada na Fundação Casa de Bragança. Perdeu o equivalente à gasolina para 3 coches. Segue a lista: A Fundação Soares vai ter de alugar quartos a senhoras/meninas finas. A Fundação Casa Mateus deixa de receber o dinheiro do Prémio Literário Dom Dinis (que Maria Teresa Horta recusou receber, recentemente, das mãos do PM) que será substituído pelo Prémio de Canto Lírico Dom Pedro o Cru ou Vingativo. Palpita-me que a sorte da Manuela Ferreira Leite é não ter uma Fundação Cassandra ou coisa que valha (só lhe podem tirar as pérolas).
Deixei para último aquelas fundações em que o governo, como habitualmente, foi mais longe do que estava previsto. São um grupo de fundações a que o executivo, depois de muito ponderar, decidiu sabiamente cortar verbas que não atribuía. Tem o mérito de ser uma das poucas decisões, deste governo, que não dá prejuízo. O melhor exemplo, são os cortes de 30% de nada à Fundação Ensino e Cultura Fernando Pessoa, que reagiu, através da sua directora - não percebemos porque é que estamos numa lista que faz referência a cortes de apoios públicos, quando nós não recebemos quaisquer apoios. É um sentimento de incompreensão - isso é bom. É muito Pessoano.
Fábulas da semana
1. A volta de 180 graus do Governo corre o mundo - até os caniches de Passos Coelho deixaram de lhe obedecer. São os caniches que o mandam fazer de morto.
2. "A receita do IVA a cair 2,2%, contra a previsão de aumento de 11% no orçamento rectificativo". O rectificativo está num dossier da Hello Kitty. O IVA da restauração está em coma.
3. Vídeo com imagem manipulada de Lisboa custou 190.000 euros ao Turismo de Portugal - o dinheiro não traz a beleza da simplicidade, mas ajuda.
4. CDS-PP recusa fazer ruído sobre cenário de aumento de impostos - sniiiiiiiif, fuuunga, sniiiiiif. Já só falta uma taxa sobre os militantes centristas que receberam a carta de Portas contra a subida de impostos.
5. A previsão de endividamento em 2012 passou de 114,4% para 119,1% do PIB - o governo acredita que vai atingir o défice enquanto não for matematicamente possível. É urgente a remodelação do governo. Primeira mexida: Crato passa de ministro Educação para explicador de matemática do Gaspar.
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