Notas alemãs de 1910 a 1942
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O número dois do governo alemão defendeu que se os gregos não cumprirem os objectivos, então terá de ser imposta de fora uma liderança, a partir da União Eu
ropeia. Na véspera da cimeira europeia, Philipp Roesler tornou-se no primeiro membro do governo alemão a assumir a paternidade da ideia segundo a qual a troco de um segundo programa da troika, um comissário europeu do orçamento seria investido de funções governativas em Atenas, retirando ao governo legítimo, funções essenciais.
Numa entrevista, o número dois de Merkel afirma: “Precisamos de maior liderança e monitorização relativamente à implantação das reformas. Se os gregos não estão a ser capazes de conseguir isto, então terá de haver uma liderança mais forte vinda de fora, por exemplo, da União Europeia”.
O governo grego ficou em estado de choque com a ameaça da próxima ocupação. O ministro grego das Finanças pediu à Alemanha para não acordar fantasmas antigos – a Grécia esteve ocupada pelas tropas nazis durante a II Guerra. “Quem põe um povo perante o dilema de escolher entre assistência económica e dignidade nacional está a ignorar algumas lições básicas da História”, disse Venizelos, lembrando “que a integração europeia se baseia na paridade institucional dos estados-membros e no respeito da sua identidade nacional e dignidade”. “Este princípio fundamental aplica-se integralmente aos países que passam por períodos de crise e têm necessidade de assistência dos seus parceiros para o benefício de toda a Europa e a zona euro em particular”.
O documento que defende a ocupação de Atenas foi divulgado pelo “Financial Times”. Está lá escrito que para ter acesso ao segundo programa de resgate, a Grécia terá de ser obrigada “a transferir a soberania nacional para a União Europeia, em matéria de orçamento, durante algum tempo”. O texto sugere que “um novo comissário do orçamento nomeado pelo eurogrupo ajudará a implementar reformas”. “O comissário terá largas competências sobre a despesa pública e um direito de veto contra decisões orçamentais que não estejam em linha com os objectivos orçamentais e a regra de dar total prioridade ao serviço da dívida”.
Esta tentativa alemã de governar Atenas pode ser estendida a outros países, como Portugal.
Uma fonte do governo alemão disse que esta proposta não se destina apenas à Grécia, mas a outros países da zona euro em dificuldades que recebem ajuda financeira e não são capazes de atingir os objectivos que acordaram.
O deputado europeu Paulo Rangel admitiu que em Portugal todos os riscos são possíveis. “Quando vemos os sinais de alarme crescerem, o que eles documentam não é tanto a ideia de que Portugal pode entrar em bancarrota, é mais profundo do que isso. Se não houver uma solução sistémica para a zona euro, os países mais vulneráveis, entre os quais Portugal, vão sofrer e pode-se gerar uma situação de descontrolo”, disse. Rangel reagiu violentamente à “ideia de propor a nomeação de um comissário para tratar das matérias orçamentais da Grécia”. “Seria o princípio do fim, e insustentável para a democracia europeia, a nomeação de um governador para um território do império, como fez Napoleão”, disse. Rangel defendeu o avanço para o federalismo: “Precisamos de caminhar para uma federação que trate os Estados em paridade, porque o que temos hoje é uma constituição aristocrática, de uns países com mais peso do que outros”.
Depois de terem deixado “fugir” um documento para o Financial Times e depois de o terem negado, eis que o governo alemão assume a paternidade da ideia de a troco de um 2º programa da troika, um comissário europeu seria investido de funções governativas em Atenas, retirando ao governo legítimo (mas já com um PM ilegítimo), funções essenciais, obrigando a Grécia a transferir a SOBERANIA NACIONAL para a UE. Mas esta tentativa alemã de governar a Grécia poderia ser estendida a outros países, como Portugal!
O governo grego, em estado de choque com esta ameaça, levou o ministro grego das Finanças a PEDIR À ALEMANHA PARA NÃO ACORDAR FANTASMAS ANTIGOS, em que a Grécia esteve ocupada pelas tropas nazis durante a II Guerra, considerando esta medida como MAIS UMA OCUPAÇÃO…
O governo português, por omissão na notícia, a tal hipótese disse nada… Mas veio Paulo Rangel admitir que Portugal corre todos os riscos, contrariando o “otimismo” do nosso PM e concluiu que esta ideia posta em prática seria o princípio do fim, e insustentável para a democracia europeia, comparando-a com a nomeação de um governador para um território do IMPÉRIO, como fez Napoleão…
Já há quem chame a este “sistema”, Made in Germany, de pós democracia, que podemos traduzir, sem complexos, por ditadura dos credores, ou sem preconceitos, por “IV Reich”.
E haja resistência!
“A mulher que caminhava no frio.” A expressão do Süddeutsche Zeitung resume a receção, no mínimo, fresca do desempenho de Angela Merkel no Conselho Europeu do dia 30 de janeiro. De facto, a chanceler conseguiu impor em apenas dois meses, e praticamente sozinha, o pacto fiscal aos seus parceiros europeus, mas passou a ficar com “a imagem da malvada comissária da austeridade”, observa o Spiegel Online, e “suscita na Europa o medo de um domínio estrangeiro”. A culpa é da proposta de enviar um comissário do orçamento para Atenas para obrigar os gregos a controlar as suas contas. “Veneno político”, considera o Spiegel, “a confissão de um fracasso”, acrescenta o Tagesspiegel, que compreende totalmente que em Atenas as comparações com um “Gauleiter” da época nazi tenham vindo a aumentar cada vez mais:
Se ao menos se tratasse apenas de uma falta de sensibilidade histórica, com a qual os alemães pressionam os gregos, poderíamos remediá-la com um pouco de habilidade diplomática. Mas não é este o caso. A proposta mostra que a comunidade monetária deixou claramente de ser desejada. Neste momento, trata-se do rico contra o pobre, do forte contra o fraco. […] Os gregos já têm a troika (FMI, UE e BCE), não precisam de um interveniente suplementar que refaça as suas contas num quadro. A nova tranche de ajuda que está atualmente a ser discutida deverá criar um equilíbrio entre as reformas e o crescimento. Para tal, é preciso muito dinheiro, tempo e – sim – também é precisa confiança.
Fiz um post a partir deste. Obrigada, Miguel!
ResponderEliminarà vontade! Quanto mais usarem, melhor proveito para quem ler...
EliminarOs portugueses estão tão apáticos que tanto se lhe dá que sejam uns ou outros.Acho até que a maioria nem se apercebe destas manobras germânicas. Outros há que até lhe dão toda a razão porque gastamos acima das nossas possibilidades e agora temos que pagar o desvario. O povo está cansado e deprimido mas ainda bate palmas.É ver as ovações para Durão Barroso, Seguro, Sampaio... em Guimarães.
ResponderEliminarSerei eu que estou errada?
maria
EliminarSe não está de acordo com o "pensamento" dominante, cuidado que a acusam de esquerda, ou pior, do PCP ou do BE, que é coisa que nos pode levar ao Inferno.
O povo tem o que merece e escolhe, nós é que não temos culpa de não concordarmos com o povo, mesmo que o queiramos defender...
Não quero acreditar que a História se possa repetir!!
ResponderEliminarA História não se repete, são reposições, que já vai na quarta...
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