Acabei mesmo agora de fazer as contas ao meu salário com as novas tabelas de IRS e é verdadeiramente deprimente. Poupo-vos às minhas queixas, pois cada um já tem as suas, mas é útil para a discussão que se segue dizer apenas que, mesmo com duodécimos, o meu rendimento mensal cai, aliás, que nos últimos três anos tem sido sempre a cair.
Sílvia de Oliveira
Faço, por isso, parte dos muitos que são afectados pelo "enorme" aumento de impostos de Gaspar e Passos Coelho, daqueles a quem o Governo vem repetidamente avisando sobre a urgência de reformar, que é como quem diz, cortar o Estado Social, a única solução para, no futuro, aliviar a carga fiscal de todos os portugueses.
Quer pagar menos impostos, quer?! Então já sabe, a única alternativa é ter menos Estado Social, é o Estado pagar menos subsídio de desemprego e por menos tempo aos desempregados, é o Estado reduzir as pensões aos reformados, é o Estado aumentar as taxas moderadoras das urgências nos hospitais e as propinas de acesso ao ensino superior. E é isto que não param de repetir, e isso é desonesto. Há alternativa, há sempre alternativa, ao contrário do que este Governo, com o seu fundamentalismo ideológico, nos quer fazer crer.
Procure-se, primeiro, encontre-se, primeiro, toda a má despesa que há neste Estado, elimine-se, primeiro, todo o tipo de má despesa, que existe e não é pouca, reduza-se, de facto, o Estado, mas mantenha-se, melhore-se o acesso tendencialmente gratuito à Saúde e à Educação, mantenha-se o Rendimento Social de Inserção para quem verdadeiramente precisa, pague-se subsídio de desemprego e reformas aos mais velhos, mantenha-se, melhore-se, o Estado Social. E fiscalize-se, eliminem-se as ineficiências, racionalize-se, reforme-se, melhore-se, construa-se - Estado e privados juntos - um melhor Estado Social. Ao contrário do que nos querem fazer crer, o Estado não tem que ser um predador. É com todo o gosto que pago os meus impostos, para ter menos Estado, mas um melhor Estado Social.
Sejam honestos e mostrem-me, primeiro, as alternativas - há sempre alternativa! E ponham a economia a crescer, que é o que faz falta, interrompam esta estúpida austeridade, peçam mais tempo à troika para atacar um monstro de várias décadas, façam-se à vida, façam por nós, e se não forem capazes porque não acreditam, digam-nos, porque não foram eleitos para isto, não têm mandato para isto.
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