(per)Seguidores

sábado, 19 de janeiro de 2013

O dilema de Guerra ou Paz: “Create wealth, not war!”

O Governo francês diz querer evitar que rebeldes islâmicos da África Ocidental se tornem um perigo para a Europa. A operação militar é um jogo arriscado para os franceses, que podem ser acusados de neocolonialismo.
Rachel Baig
Oficialmente interesses de segurança estão em primeiro plano na missão militar da França no Mali. O governo francês justificou a ação afirmando que quer evitar que os rebeldes na África Ocidental se tornem um perigo para a Europa. "A França teme que o Mali se torne refúgio e lugar de formação de terroristas caso lá se instale um Estado islâmico", explica a cientista política Katrin Sold, do Conselho Alemão de Política Exterior, um think tank independente.
Além disso, a antiga potência colonial vê o risco de se tornar alvo de atentados terroristas. Desde 2010, radicais islâmicos mantêm reféns quatro funcionários da empresa de energia Areva no Mali. E a rede terrorista Al Qaeda ameaça com novos sequestros e atentados na França e também no Mali, onde vivem cerca de 5.000 cidadãos franceses.
Mas não se trata somente de possíveis ameaças terroristas. "A longo prazo, a França tem interesse em explorar os recursos minerais da região do Sahel, principalmente petróleo e urânio, mineral que a empresa nuclear francesa Areva já explora há décadas no vizinho Níger", diz Sold. Mas ainda vai levar tempo até que as riquezas minerais do Mali estejam acessíveis, por isso, as questões de segurança estão de facto em 1.º plano, avalia a cientista política.
O especialista Ulrich Delius, da Sociedade pelos Povos Ameaçados, concorda com a avaliação e recorda os ataques da França à Líbia, há cerca de 2 anos. "No caso da Líbia, é claro que muitos países tinham um interesse, principalmente no petróleo. No caso do Mali é diferente", diz o especialista em África. Para ele, o governo em Paris persegue, em primeira linha, objetivos estratégicos.
A missão no Mali é um delicado jogo de equilíbrio para a França. De um lado estão os interesses políticos e económicos; do outro, o risco de o país se apresentar como neocolonialista. Contra esta visão há, pelo menos, o mandato do Conselho de Segurança da ONU de dezembro de 2012.
Além disso, existe um acordo de defesa entre a França e o Mali, que foi elaborado justamente para casos como este, assinala o pesquisador Alexander Stroh, do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais. No âmbito desse acordo, a França está a atender a um pedido do governo do Mali de deter os rebeldes na sua marcha em direção à capital do país africano.
Missão arriscada para a França
A missão envolve muitos riscos para o presidente François Hollande. Durante a campanha eleitoral, anunciou a retirada das tropas do Afeganistão e, em seguida, trouxe os soldados de volta para casa. A longo prazo, a missão militar no Mali pode soar contraditória para os franceses e afetar a credibilidade de Hollande.
Há ainda a difícil situação orçamental, que reduz as possibilidades de ação do presidente. Se ele quiser implementar o seu programa de consolidação económica, sobra pouco espaço de manobra para ações de política externa de alto custo.
Além disso, ninguém sabe prever quanto tempo a missão militar francesa no Mali irá durar. Para evitar que movimentos radicais islâmicos avancem no país africano, é necessário um processo de estabilização de longo prazo. "Os islamitas irão usar a sua antiga tática e recuar rapidamente, para se reagrupar sob a proteção das montanhas e cavernas", avalia Delius.
A França não se vai arriscar a agir sozinha no Mali e defende uma intervenção multilateral, com o envio de tropas africanas para a frente de batalha. O Conselho de Segurança da ONU já aprovou a missão. A União Europeia prometeu oferecer treino às tropas do governo malinês, outro ponto importante para Paris, pois significaria uma divisão de tarefas ao nível europeu, como também o apoio de Bruxelas.
Não faz sentido, depois de receber o Prémio Nobel da Paz 2012, que a União Europeia se inicie nos caminhos da guerra, mesmo fora das suas fronteiras, por qualquer outra razão que não seja a ameaça de uma invasão. Parece-me…
Muito menos sentido faz, que seja um país da UE, sozinho (só o Reino Unido teve sempre esse estatuto), ponha em causa o mérito do Nobel, a não ser que fosse por motivos humanitários. Parece-me…
Mesmo que houvesse o perigo de “terrorismo”, deveriam ser os países do continente, através da sua OEA a perseguir os seus mais próximos inimigos, mesmo com algum apoio de outros países de outros continentes, para não sermos acusados de ingerência (que não gostamos quando é connosco). Parece-me…
Tendo em conta o historial recente das “Primaveras árabes”, em que se tentou impor a “democracia” ocidental, com alterações rápidas ao nível das chefias, pouco se notou de realmente novo, mas notou-se o abandono dos instigadores e apoiantes, logo depois de garantirem questões de ordem comercial, o que começa a acentuar-se no caso da Argélia, para não falar do Egito. Parece-me…
No caso do Mali, as boas intenções securitárias anunciadas, são agora desmontadas em razão de interesses económicos e estratégicos, que não cabem muito bem na cultura reinante na Europa (os EUA estão geneticamente mais vocacionados), o que já aconteceu na Líbia com “sucesso” (Sarkosy calou um aliado incómodo e os devedores “saldaram” as dívidas) e se ensaia na Síria, brutalmente, com respostas mais brutais pelo poder vigente. Parece-me…
Constatando-se que as guerras estão a diminuir, por opção realista e moral de Obama, os fabricantes de armas tem que manter o escoamento do produto (as guerras não podem acabar), para não correrem o risco de terem de fechar as fábricas e aumentar o desemprego nos respetivos países, é forçoso que os lóbis apresentem trabalho. Parece-me...
Ao acicatar o ódio de fiéis religiosos islâmicos, que não tem fronteiras, colaram os islamitas argelinos à luta no Mali, podendo alastrar o mal pelos fiéis de países vizinhos, mais afeitos a alianças entre eles do que com a Europa civilizada, mas com interesses ocultos. Parece-me…
Finalmente, fica-nos esta confusão, mais uma, que nos permita distinguir uma política de direita de outra de esquerda, quando ambos os quadrantes político-partidários do mesmo país fazem a mesma coisa. Parece-me...
Há objetivos oficiais e oficiosos, e cada um apreende os que estão mais de acordo com a sua formação ou desinformação. Parece-me...
Está na hora de a União Europeia provar que mereceu o Nobel da Paz. Parece-me…
“Kill poverty, not the poor!” ou “Create wealth, not war!”

Sem comentários:

Enviar um comentário