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domingo, 15 de julho de 2012

SOBERANIA e CULTURAS nunca serão alienadas!

A UE é um Império, defende o historiador Thierry Baudet. E não existe nenhum mal nisso, responde o filósofo Roger Scruton, desde que não denigra as nações, porque é aqui que começa a ligação com uma comunidade.
Thierry Baudet faz afirmações controversas no seu livro e num artigo publicado no NRC Handelsblad na semana passada. Mas tem razão ao dizer que o projeto de integração europeia foi fundado na crença de que nacionalidade e autodeterminação nacional foram as principais causas das guerras que arruinaram a Europa.
Como resultado desta crença fundadora, a integração europeia foi concebida em termos unidimensionais, como um processo de cada vez maior unificação e com uma estrutura de comando centralizada. Cada aumento do poder central deve corresponder a uma diminuição do poder nacional.
Por outras palavras, o processo político na Europa tem de ser dotado de uma direção. Não uma direção que os povos da Europa escolhessem. E de cada vez que lhes é dada a oportunidade de votar, rejeitam-no – daí tudo ser feito para garantir que nunca têm oportunidade de votar. O processo avança sempre no sentido da centralização, de um controlo de cima para baixo, uma ditadura de burocratas e juízes não eleitos, cancelamento de leis aprovadas por parlamentos democráticos, tratados constitucionais limitados sem qualquer intervenção popular e uma moeda imposta de cima e sem uma decisão clara sobre quem carrega o fardo das dívidas que lhe estão associadas.
Uma civilização de Estados-nação
O processo avança inexoravelmente na direção de um governo imperial, tornando muito claro que o oposto do nacionalismo não são as Luzes, mas o Império. E só uma coisa se opõe a este resultado: os sentimentos nacionais dos povos europeus.
Como inglês e amante da civilização de Roma, não me oponho ao Império. Mas é importante reconhecer o que isso envolve e distinguir os aspetos positivos dos negativos que acarreta. Na minha opinião, os positivos servem para proteger lealdades e costumes locais debaixo de um chapéu protetor de civilização e de direito; os negativos tentam extinguir os costumes locais e as lealdades rivais e substituí-los por um poder ilegal e centralizado.
A União Europeia tem elementos de ambos os tipos. E padece de um enorme defeito, que é nunca ter convencido os povos da Europa a aceitá-la. A Europa é, e na minha opinião sempre foi, uma civilização de Estados-nação, fundada sobre um tipo específico de fidelidade prévia à política, que coloca território e costumes em primeiro lugar, religião e dinastia em segundo, na ordem de governação.
Dê-se-lhes, portanto, voz e os povos da Europa expressarão as suas lealdades nesses termos. Até agora, mantêm lealdades incondicionais – que são mais uma questão de identidade do que de acordo –, pelo que assumem uma forma nacionalista.
A classe política da Europa não gosta disso e, por consequência, tem demonizado a expressão direta dos sentimentos nacionais. Defender Joana d'Arc e “o país real”, a “Sceptred Isle” e S. Jorge, as florestas sombrias de Lemmenkäinen e os “verdadeiros finlandeses" que nelas vagueiam, ou mesmo Henk e Ilsa, provoca epítetos de fascista, racista e extremista.
Lealdade nacional não tem nada a ver com racismo
Há uma liturgia de denúncia que se repete por toda a Europa, emitida por uma classe política que finge desprezar lealdades vulgares, quando sub-repticiamente depende delas. Na verdade, o sentimento nacional é, para a maioria dos comuns cidadãos europeus, o único motivo publicamente disponível e partilhado que pode justificar sacrifícios por uma causa comum – a única fonte de compromisso na esfera pública que não tem a ver com o que pode ser comprado e vendido.
Do mesmo modo que as pessoas não votam para forrar os seus próprios bolsos, votam também para proteger uma identidade comum da predação dos que não a partilham e que tentam saquear uma herança a que não têm direito. A lealdade nacional não tem intrinsecamente nada a ver com racismo ou fascismo: a sua expressão primária é o apego ao território e à comunidade que nele se desenvolve.
Se a atual crise não nos convenceu de mais nada, trouxe-nos garantidamente a certeza de que, quando tudo corre mal, os políticos acabam a exigir sacrifícios e esperam recebê-los. Mas não é possível obter sacrifícios quando não existe pertença. E como ter sentido de pertença se não houver fronteiras que distingam o que é “nosso” do que é “deles”? Devíamos estar gratos a Thierry Baudet por levantar estas questões e por abrir um debate que é tão necessário na Grã-Bretanha como na Holanda e em todas as outras nações europeias.

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