Este nível de consumo mensal fica longe do alcance da grande maioria das famílias em Portugal: em 2010, por exemplo, 83% das famílias – 3,9 milhões entre os 4,7 milhões de agregados que entregaram IRS – declarou rendimentos mensais inferiores a 2.000 euros brutos.
Em 2013 os portugueses vão poder deduzir, em sede de IRS, 5% do IVA pago em reparação e manutenção do automóvel, restauração, alojamento e cabeleireiro e similares. Podem, com isto, poupar 250 euros por ano, no máximo. Excelente notícia. Uma boa medida para compensar os portugueses pelas perdas com o aumento do IVA e, acima de tudo, lutar contra a fraude, levando as pessoas a pedir faturas.
As contas, para o português médio que queira ter uma devolução de IRS de 250 euros e, com eles, resolver grande parte dos seus problemas financeiros, são simples de fazer. Para chegar a este astronómico montante de benefício só tem de gastar 1.800 euros com o seu carrinho, a comer em restaurantes, em hotéis e a tratar do cabelo. Eu ajudo: gaste 200 euros, todos os meses, em pequenas reparações no seu veículo. Não há de ser difícil. Conheço alguns mecânicos excelentes para a função. Vá, todos os dias úteis, a um restaurante decente e pague pelo menos 30 euros. Somado, já vão 1.080 euros. Passe, pelo menos uma vez por mês, uma noite no Hotel Lapa Palace. E vão 1.445 euros. Por fim, esperemos que tenha cabeleira farta para ainda usar os 355 euros que lhe sobram a tratar do seu visual.
Vítor Gaspar pensa nos menos abonados e garantiu-lhes este bónus que os aliviará das suas provações. É verdade que os 1.800 euros que têm de gastar por mês para receber os 250 no final do ano é, mais coisa menos coisa, o que o um casal médio português ganha mensalmente. Isso pode causar pequenos contratempos. A de não sobrar dinheiro para o resto, por exemplo. Ainda assim, ficam os parabéns pela medida. A pensar nos que mais sofrem com esta crise. Podem perder a casa, mas o Estado não se esquece deles quando procurarem um bom hotel.
Daniel Oliveira
Caro Miguel Loureiro,
ResponderEliminarEntre outros problemas, no plano dos temas económicos, Daniel Oliveira não sabe fazer contas. De qualquer modo, sobre este assunto, a minha opinião é, creio, suficientemente clara.
Caro Eduardo F.
EliminarClaro que as contas do Daniel Oliveira estão mal feitas, mas é uma questão de matemática, que se corrige, passando os 1.800/mês para 2.250/mês.
Mas o problema não é esse, nem é só um problema, muito menos económico, mas político e sociológico, como em parte abordou no seu poste, que eu já tinha lido, mais o problema que a DECO põe...
Na verdade, nem sei se isto é política, estupidez, ridículo, incompetência, criancice, sei lá. Que só as mulheres deles e algumas tias profissionais são capazes de tais despesas mensais, não há dúvida, mas essas tem-no nos offshores e não precisam de fatura.
Nem tudo é política, é semvergonhice...
Boa malha Miguel!
ResponderEliminarmaria
EliminarAndamos todos a jogar à malha em vez de malhar...