A Comissão de Reavaliação da Rede Nacional de Emergência/Urgência, nomeada pelo Ministério da Saúde, considera que são suficientes 73 urgências hospitalares, em vez das 89 (menos 16) classificadas por despacho em 2008. A lista inclui serviços de urgência em Valongo, Oliveira de Azeméis, Idanha-a-Nova, Tomar, Montemor-o-Novo, Estremoz, Serpa, Lagos, Loulé, Macedo de Cavaleiros, Fafe, Santo Tirso, Peniche, Agualva-Cacém, Montijo e Lisboa (Hospital Curry Cabral, cujo encerramento já se efetivou).
A proposta, elaborada por 11 peritos aponta também para a desclassificação de 8 urgências.
Os hospitais de Gaia, dos Covões (Coimbra), de Almada e de Évora deverão deixar de ter Serviço de Urgência Polivalente (a mais completa) e passar a ter Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica.
A Póvoa de Varzim, Mirandela, Figueira da Foz e Torres Vedras ficariam reduzidos a Serviços de Urgência Básica.
O Ministério das Saúde lembrou que as sugestões de encerramento de 16 serviços de urgência são apenas propostas, e não decisões, e que cabe às administrações regionais de saúde (ARS) fazer uma avaliação da situação.
9 dos 16 encerramentos de urgências propostos pela comissão de reavaliação estavam previstos manter-se no último documento elaborado no tempo do ministro Correia de Campos.
Para António Arnaut, criador do SNS, o encerramento de urgências hospitalares ou de hospitais "não é tanto uma questão técnica, mas política, de saber se deve ou não haver um SNS que preste com eficiência e humanismo os cuidados de saúde a toda a população". Nesse sentido, exortou o ministro da Saúde, Paulo Macedo, a olhar para o SNS "como uma exigência constitucional" e, também, "um imperativo moral".
Autarcas de todo o país e representantes de partidos políticos criticaram as conclusões da Comissão de Reavaliação da Rede Nacional de Emergência e Urgência.
Armindo Jacinto, vice-presidente da CM de Idanha-a-Nova, disse que a autarquia se "opõe frontalmente" ao eventual encerramento do serviço de urgências que funciona no Centro de Saúde.
O presidente da CM de Santo Tirso, Castro Fernandes, mostrou-se "indignado" com a proposta de encerramento da urgência desta cidade, atitude idêntica à assumida pelo presidente da Câmara de Peniche ou de Vila do Conde. Mário de Almeida, que considerou que a redução de valências em alguns serviços de urgência, nomeadamente no Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, é "incompreensível e inaceitável".
António Branco, autarca de Mirandela, afirmou, que a despromoção da urgência local deixaria a população do distrito de Bragança com apenas uma urgência capaz de responder a casos graves, localizada a mais de 100 quilómetros de alguns concelhos.
Os presidentes das câmaras de Loulé (PSD) e Lagos (PS) também contestaram a proposta de encerramento dos serviços de urgência básica naquelas cidades, que servem no total 5 concelhos, queixando-se de não terem sido consultados sobre a matéria, a exemplo do presidente da Câmara de Peniche, António José Correia.
Os autarcas de Serpa e Montemor-o-Novo, no Alentejo, classificaram de "estranha" e "caricata" a proposta de encerramento de Serviços de Urgência Básica que não existem nas duas cidades, porque ainda não foram criados, apesar de estarem prometidos. Também em Coruche; Santarém, a Urgência Básica do centro de saúde local está pronta há praticamente 3 anos e o presidente da Câmara, Dionísio Mendes, espera que o estudo possa permitir a abertura do serviço.
As Câmaras de Almada, Seixal e Sesimbra receberam a promessa do ministro da Saúde que não será tomada nenhuma decisão sobre as urgências do Hospital Garcia de Orta sem consultar os municípios.
A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) anunciou hoje ter pedido ao ministro da Saúde uma reunião para analisar o encerramento de urgências e manifesta-se "surpresa" e "desagradada" por ter tido conhecimento do processo pelos jornais.
Não vou falar do que não sei, nem me vou dar ao trabalho de tal “investigação”, mas aqui deve haver coincidências ou os peritos (não estes, mas todos em todas as situações) são de “carregar pela boca”, que é o mesmo que dizer, que dizem o que os contratantes desejam, o que pode ser pura coincidência…
Do que sei (um caso), a Póvoa de Varzim/Vila do Conde, tem a promessa de um hospital novo há muitos anos, apesar de haver há muitos anos um hospital Privado (CLIPÓVOA HOSPITAL PRIVADO, Espírito Santo Saúde) e mesmo sabendo que o ministro da Saúde, em que deposito seriedade moral, tenha sido administrador da Médis (seguros de saúde do BCP) e agora vem reduzir os serviços existentes, só por pura coincidência contrariaria estudos anteriores de outros peritos…
Tendo em conta que a Comissão de Reavaliação inclui no estudo 2 urgências que não existem e sugere o seu encerramento e uma outra que ainda não abriu (há 3 anos) e propõe o mesmo destino, só prova que os peritos, por pura coincidência fizeram um levantamento rigoroso e tiraram conclusões enviesadas…
Se as conclusões do estudo se basearam neste parecer técnico, incorretamente conduzido, só se pode concluir, como António Arnaut, que a questão é mais política e só por pura coincidência o ministro tem sido levado na conversa com a questão técnica…
Não vou extrapolar do caso descrito que todas as outras propostas de fecho de urgências estejam erradas, mas seria pura coincidência que todos os autarcas dos concelhos atingidos estivessem em desacordo, mesmo que, naturalmente, puxem a brasa para a sua sardinha…
Mas quando a própria ANMP vem declarar surpresa e desagrado por não ter sido consultada, nem avisada oficialmente, e sendo maioritariamente dos partidos da coligação governamental, chega-se à conclusão de que, para além de política, a “reforma estrutural”, só por coincidência foi feita com o rigor que o ministro porfia…
Já não achamos coincidência que sejam as terras do interior que sofram sempre com cortes em tudo e mais alguma coisa, embora não vislumbre razões políticas para tal obcecação, que as razões políticas não justificam…
Mas como “há razões que a própria razão desconhece”, é mais uma trapalhada (dos peritos), que por coincidência foram nomeados pelo ministério e quase todos de hospitais centrais e do litoral, que já nos deixam de pé atrás em relação a tudo que virá mais à frente…
Não será coincidência, ou será, que o ministério já tenha vindo dizer que as conclusões do estudo são meras propostas…
Não convém acreditar sempre nos peritos, ou nos seus pareceres técnicos, a não ser como álibi…
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