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sábado, 3 de março de 2012

No exemplo, um PROFESSOR. Mera coincidência?

Ser pobre como um grego (na Alemanha)
Como seria a vida de um funcionário público médio alemão se a República Federal fosse obrigada a seguir a mesma cura de austeridade draconiana que, neste momento, impõe à Grécia? Com a ajuda de alguns especialistas, o jornal alemão Cicero tentou imaginá-la.
Chamemos-lhe Erich Hansen. Erich Hansen é professor numa escola pública numa pequena cidade do Hesse [no centro da Alemanha]. Com os alunos da sua escola, faz frequentes viagens de ida e volta a Marburg, não longe dali, para jogarem bowling. No futuro, Erich Hansen terá de se perguntar se não será preferível levar as crianças a passear na floresta – o bilhete do bowling poderá tornar-se muito caro e Erich Hansen tem de apertar o cinto. Como o resto da República Federal.
Baseemo-nos na hipótese formulada pela fundação Hans Böckler com a ajuda do Instituto de Macroeconomia e Pesquisas Conjunturais (IMK) para perceber como seria a Alemanha se fosse submetida aos mesmos planos de rigor que a Grécia.
O salário de Erich Hansen desceria de 3250 euros mensais para 2760. Em contrapartida, a sua comparticipação para a segurança social subiria 530 euros num ano, enquanto o IVA passaria de 19 para 22%. O professor, que gosta de beber uma cerveja e fumar um cigarro depois do trabalho, terá de contar com uma subida de 33% nos impostos sobre o álcool, o combustível e os cigarros.
Entre os colegas de Erich Hansen o clima é tenso. O Governo anunciou a supressão de 460 mil postos de trabalho na função pública. Os reformados alemães terão de contar com um corte de mil euros nos seus rendimentos anuais. Uma perspetiva assustadora, se nos lembrarmos das manifestações que, no passado, o congelamento de salários desencadeou na Alemanha.
A Grécia "terceiro mundializa-se"
Erich Hansen e todos os outros vão ter de apertar o cinto porque, se transpusermos para o nosso país as exigências impostas à Grécia, a República Federal conseguirá economizar 500 mil milhões de euros em cinco anos. Foi este o cálculo de Henner Will, especialista do IMK, que chegou à conclusão de que a troika formada pelo Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional, subestimou as repercussões da política de austeridade.
O produto interno bruto grego vai contrair-se 2,6%, foram as previsões oficiais na altura da apresentação do plano de austeridade imposto à Grécia. Afinal de contas, caiu nada menos que 5%, e estamos a falar apenas do ano de 2011, porque a política de austeridade grega está apenas no início.
Os números são assustadores e não enganam: a austeridade vai levar os gregos à ruína se continuarem por este caminho. Quanto mais vozes se juntam à questão grega, mais o concerto se prolonga, e mais tudo aquilo que diz respeito ao futuro do euro, da Grécia e, por isso mesmo, também da Europa se torna uma questão de fé. Como acabará esta história? Ninguém sabe.
Um olhar sobre a Grécia bastaria para mudar as agulhas e demonstrar que, para os cidadãos gregos, o assunto está resolvido há muito tempo: a derrocada é total e o país “terceiro mundializa-se” – um fenómeno que, na Alemanha, não passa de uma ameaça, que se agita como uma bandeira vermelha.
Entretanto, Erich Hansen perdeu o seu emprego. O professor teve de abrir mão do seu subsídio de desemprego. O Estado tira-lhe 600 euros por ano. Erich contribui, assim, para a salvação do euro.

2 comentários:

  1. Hi Friend,

    Para tua info, o salário mínimo dos Gregos está a EUR 780.00 e acho conheças o mesmo salário em Portugal!?

    Os Alemães pagam 3 vezes mais impostos mensais do que os Gregos e os Portugueses.

    No ano 2011 as várias seguranças sociais na Alemanha produziam um lucro em cima de 100.000.000 EUR e agora eles têm obrigatoriamente devolver este lucro aos parceiros (clientes!) Pensas esta alguma vez será possível em Portugal ou na Grécia.

    A reforma maximal na Alemanha, hoje em dias está baseado num salário máximo de EUR 3500.00 e não como cá e como na Grécia sem limite para a cima!

    Não sai, se ainda sabes, até a ca de 5 anos o valor da reforma Portuguesa estava calculado a partir do valor das receitas dos últimos 4 anos antes da reforma.

    Este quer dizer, todos os trabalhadores a conta própria ou administradores das grandes empresa, oficialmente só descontavam a vida toda conforme o salário mínimos nacional e nos últimos 4 anos pagavam para as reformas sobre salários em cima de 30.000 EUR mês.

    Como achas uma economia de um estado pode sobreviver estas roubalheiras.

    Como é possível, que todas as empresas nacionalizadas produzem prejuízo e porque todos os trabalhadores destas empresas não queiram privatizar estas empresas?

    Como uma economia pode trabalhar e produzir lucros, quando há uma grande falta de produtividade

    A 2 anos a câmara municipal da cidade de Atenas aumentou a taxa para casas c/ piscinas! Conforme as informações pelos cidadãos, no fim só houve ca de 100 casas em Atenas c/ piscinas. Assim a câmara ficou obrigado alugar uns helicópteros e voava em cima da cidade e tirou fotos das casas c/ piscinas.

    A situação em Portugal é a mesma.

    Como um estado quer sobreviver, quando os próprios inspectores do estado são corruptos ou não fazem nada contra um familiar.

    Como uma fabrica pode ser organizada industrialmente, quando ainda existe a ideia, que antes tês dar um lugar de trabalho a um familiar sem trabalho e não um bom profissional, que não faz parte da família.

    Como uma industria pode dar lucros, quando os patrões são os maiores ladrões da própria empresa etc. etc.

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    1. Caro Rua dos Cafés
      É-me complicado falar de tantas coisas num comentário a um comentário, que é mais abrangente do que o tema do artigo de opinião, que por acaso é escrito por uma alemã.
      O que está em causam é a política de austeridade que é imposta, aos gregos, a nós, aos irlandeses e aos próximos, que já está mais do que provado que só piora a situação das pessoas e a capacidade de cumprimento do que lhes exigem, com planos feitos pelos credores. E o que a jornalista faz é passar para os credores de como seria o filme ao contrário, que é o mesmo que perguntar: gostavam que lhes fizessem o que estão a fazer aos outros?
      Sem me alongar muito, posso-lhe perguntar quem nos pagou para acabarmos com os barcos de pesca para depois nos venderem peixe e nos deram dinheiro para acabar com a lavoura para nos venderem hortícolas e nos vendeu submarinos (mal acabados) a crédito para nos obrigarem a pagar adiantado e piorarem a dívida e quem emprestou dinheiro aos bancos para emprestarem a quem não tinha dinheiro e comprarem Mercedes, Audis, BMW, etc...? Deve saber quem foi. E quem é que nos está a criar condições péssimas, sem hipóteses de desenvolvimento, que levam à falência das empresas e que teremos que comprar lá fora o que podíamos fazer cá dentro, aumentando o défice? Deve saber quem foi...
      Só uma coisa sobre os alemães e os portugueses e a competitividade. Não é a Autoeuropa em Portugal a empresa alemã com maior produtividade e seguramente com mão de obra mais barata do que na Alemanha?
      Os outros pontos a que se refere, não vou contraargumentar, só por inoportunidade.
      Abraço

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