Carlos Pinto Coelho, que nasceu em Lisboa em 1944 e viveu em Moçambique, até 1963 deixou-nos ontem à noite a exercer o ofício de jornalista.
Dizia ser um "homem sem pátria, sem terra, sem raiz". Um magazine cultural, que realizou e apresentou durante 9 anos na RTP 2, mudou-lhe a identidade. O coração traiu "o senhor Acontece".
Homem da palavra. Ou das palavras, que gostava de as dizer pausadamente, como se tivesse medo de as ferir. Foi essa paixão da palavra, por certo, a razão do sucesso e da longevidade do magazine ‘Acontece’, em que pela primeira vez em Portugal, a Cultura em geral, tinha um programa diário perceptível por toda a gente.
Um Governo do PSD suspendeu-o, o seguinte, do PS, também não deu importância ao programa, onde a Lusofonia esteve sempre presente.
Além das palavras, havia uma outra paixão. A fotografia, o prender o momento em várias geografias do mundo. Fez diversas exposições em Portugal e no estrangeiro, publicou 3 livros.
"Eu não sei onde está o meu coração. O coração está onde estou naquele momento".
Aconteceu!
Foi a cara e a voz da Lusofonia, que custava mais do que valia, retirando-lhe o PSD a mais-valia e o PS concordando, como devia. Hoje, “faz-se” muito pela Lusofonia, que deve custar mais do que o tal programa custava, mas os artistas são os políticos, que até nem têm muito tempo para ler livros e de cultura não são muito abonados.
O homem afinal não morreu ontem, começaram a “assassiná-lo” quando desdenharam do valor do seu trabalho.
Aconteceu…
Esta é das tais mortes que ferem, quando anunciadas. Definiste-o bem. Era sem dúvida uma referência cultural de prestígio e penso que a machadada lhe foi dada, quando lhe retiraram o programa televisivo que ele adorava fazer. Recordo a sua postura serena, o seu ar delicado e o enorme profissionalismo que revelava naquilo que fazia.
ResponderEliminarIbel
ResponderEliminarQuando o Acontece foi retirado da RTP, Pinto Coelho estava aqui na Póvoa, no "Correntes d'Escritas", vi-o triste (claro) e até houve uma Petição de todos os escritores presentes para que o programa não acabasse. Mas acabou, com a frieza de um Ministro de um Partido, que não gosta de escritores, com medo que lhes roubem o retrato da história.
Agora a Lusofonia é feita de avião e com embaixadas, para Macau, Brasil e outras terras mil...
Paz à sua alma e desassossego para os que o feriram.