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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sem defender as reacções, mas tentando perceber as acções reagentes

Revolta contra preços de bens básicos leva a mortes e destruição na capital moçambicana. O caos pode continuar: “Veja que é fácil pôr os que têm fome só a pensarem com a barriga. Foi isso que se passou.", disse Orlando Castro, jornalista moçambicano.
A verdade é que o espectro de uma revolta social pairava sobre a capital moçambicana há vários meses. O rastilho foi o terceiro aumento no espaço de meses dos preços de bens básicos de consumo, como o pão e o arroz, a electricidade e a água.
E Orlando Castro, alerta e explica: "Gato escaldado, de água fria tem medo e desta vez não será tão fácil, porque ao contrário do que foi prometido há dois anos, Moçambique viu crescer o fosso entre ricos e pobres".
Apesar do cenário relativamente invejável ao nível da estabilidade política, Moçambique continua a ser, mesmo para os padrões africanos, um país onde a pobreza domina.
De acordo com os cálculos das Nações Unidas, 46,8% da população moçambicana enfrenta condições de vida que não atingem o mínimo considerado necessário para fugir à pobreza extrema. Este número, definido pela ONU como o Índice de Pobreza Humana, coloca Moçambique no 127º lugar em 135 países analisados.
Claro que ninguém defende a violência, nem esta que está a acontecer, nem a “violência” que, pelo noticiado, lhe serviu de rastilho.
Mas todos sabemos que as mesmas causas provocam sempre os mesmos efeitos (a chamada causalidade), que desta vez explodiu em Moçambique, como já explodiu no oriente várias vezes (sem ter sido notícia) e continuará, ciclicamente, com ciclos mais curtos, pelos abusos continuados.
É curioso(?), que das cerca de 91 notícias sobre os acontecimentos, que a Google apresenta, a grande maioria dos títulos e dos textos, refira o número de mortos e as medidas disciplinares de contenção, mas das razões/rastilho, muito poucos.
Também não deixa de ser inquietante, que a maioria dos países do nosso velho “Império”, sejam dos mais pobres do mundo.
Enquanto se pensa em reduzir ou exterminar o Estado-social, talvez venha a ser realidade o Continente-social, ou o Mundo-social. (A medida noticiada abaixo, surgiu logo depois deste meu “palpite”)
A manter-se, mundialmente, esta usurpação dos direitos da dignidade humana e de cidadania, que começa pelo que é básico para a sobrevivência individual e a união da família, teremos que pensar e repensar na razão profunda das palavras de Bertolt Brecht:
“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.”
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