O neologismo “pauperofilia” (“paupere” = pobre + “filia” = desejo patológico) é a palavra que melhor retrata as acções de agentes políticos, sociais, religiosos e económicos, que eternizam o estado de pobreza, para obtenção de vantagens.
Cidades pauperófilas são aquelas cuja dinâmica propicia o surgimento e a manutenção de guetos, que marginalizam os seus habitantes, estigmatizando-os como pobres, em função do lugar onde moram.
A opção pelas directrizes do ordenamento urbano que resultam na perpetuação da pobreza, revela uma perversão política em relação ao ser humano.
Os pauperófilos são tão pragmáticos e dissimulados, que entronizam virtudes na pobreza em si, só para a justificar.
Este neoconceito faz todo o sentido, assim como a praxis, quer no campo do ordenamento territorial, em que o autor do artigo se centraliza, quer em todos os outros campos da estrutura socioeconómica em que vivemos, no passado e no presente, e pior, em que estamos condenados no futuro.
Não sei se o articulista sabia da “existência” de Salazar/Estado Novo e do elogia à pobreza, mas a táctica continua, caso contrário, como se poderá continuar a gostar dos pobrezinhos?
Boa tarde, Miguel.
ResponderEliminarMesmo sem ter regressado em pelno à actividade blogodférica não podia deixar de saudar o teu blogue de que tive conhecimento pela Em@.
Em relação ao post: é impressionante como se manipulam alguns dos princ´pios fundantes do cristianismo e do franciscanismo e com eles se manipulam os povos preservando a pobreza como critério de preservação do tradicional, do natural, do ecológico e, com isso, salvaguardar o modus vivendi dos antepassados. E contudo, a preservação do tradional, natural, ecológico é importante...
Abraço, Miguel
jad
ResponderEliminarHá que tempos!!! Bem-vindo!!
Perdi-me noutro blogue, até chegar aqui, não só para dar gosto ao dedo e à vista, mas para tentar desconstruir paradigmas e falsas verdades, talvez como D. Quixote. Pelo sonho é que vamos!
Espero que as notícias e as farpas sirvam, pelo menos, para conversas de café.
Obrigadaço!
Miguel,
ResponderEliminarSó me apetece dizer "porca miséria".
às vezes apetecia-me ter poder de pôr estes pauperófilos a amargar, assim, uma milena de dias de pobreza pura e dura, com tudo a que tivessem direito...
abreijo
Ema
ResponderEliminarIsto tem a ver com os chamados Bairros Sociais, problema que se discute ao nível do Urbanismo, Demografia e Sociologia, desde que estudava arquitectura. E nessa altura, já não se defendiam os bairros, por excluírem, mas quem manda mesmo e decide (sem formação e sem consciência das consequências) são os detentores do poder, em todos os níveis.
De facto, as pessoas que num determinado tempo foram empurradas para esses bairros, mesmo depois de melhorarem de vida (principalmente os filhos), continuam a ser estigmatizados.