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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Como no Homem, as circunstâncias fazem os Estados

"Foi a primeira vez que ouvi Shimon Peres a manifestar disponibilidade para ajudar a construir um Estado palestiniano, desde que este seja democrático e que tenha assente como modelo económico a criação de riqueza para que os povos não vivam numa situação de pobreza", afirmou Luís Campos Ferreira, a propósito do encontro de sábado entre Shimon Peres e deputados do Parlamento Europeu e representantes da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, durante o qual o Presidente israelita manifestou igualmente preocupação com as movimentações civis na região.
"Mostrou alguma preocupação com as movimentações sociais que estão a acontecer nos países vizinhos, mas de notar que essas movimentações não têm origem em nenhum movimento religioso fundamentalista, nem em nenhum partido fundamentalista do tipo 'Irmandade Muçulmana'", realçou Campos Ferreira.
O deputado sublinhou igualmente que os protestos no Egipto "são movimentações com origem na sociedade civil [...] e que têm como grito de revolta a pobreza e a falta de direitos fundamentais" nestes países.
Dois comentários apenas:
1 – Depois das palavras do PM israelita, em que assume uma preocupação séria sobre o desenvolvimento das movimentações nos países árabes vizinhos, esta boa vontade de Shimon Perez cheira a esturro e significa a mesma preocupação de aquilo virar para o torto, o que, para eles, seria pior que as ameaças atómicas do Irão (o que mostra a força das pessoas, que é maior do que a das armas) e daí a vontade inexplicável de FINALMENTE se constituir um Estado Palestiniano;
2 – Se o deputado europeu está convencido de que as movimentações, têm com origem na sociedade civil e que têm como grito de revolta a pobreza e a falta de direitos fundamentais, deve saber que mais cedo do que mais tarde, haverá grupos a apropriarem-se desta inércia e a conduzirem o povo para onde lhes apetecer. Tanto mais que as mesmas razões existem em países de todas as latitudes/longitudes, mas sem o perigo do fundamentalismo religioso. Assim, Israel devia estar preocupado, não só com os seus vizinhos, mas com todos os países em que nem a democracia é uma prática linear e transparente, em que a pobreza aumenta dia-a-dia e os direitos fundamentais são ludibriados e usurpados por governantes bem formados…
Esperemos que Tony Blair não se meta na solução, senão vai ser mais um problema…

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