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sábado, 8 de janeiro de 2011

PISA para que te quero? E a ARTE/ESTÉTICA?

“The Miracle Maker” - OST/ by Alex Evan Dovas
Num mundo cada dia mais embrutecido, onde as relações humanas estão coisificadas, a EDUCAÇÃO ESTÉTICA pode servir de alento, no sentido de dar visibilidade às diversidades sociais. O ensino formal (brasileiro), via de regra, tem-se mostrado ineficiente na formação de estudantes que apresentam diferentes formas de aprender e de se expressar. Um currículo engessado, essencialmente disciplinar, eurocêntrico, onde os educadores exercem uma prática pedagógica notadamente focada na sua área de conhecimento, não tem possibilitado um diálogo mais horizontal e, portanto, menos excludente, entre educadores e educandos.
Para a educadora Graciela Ormezzano, a EDUCAÇÃO ESTÉTICA procura priorizar a imaginação, o lúdico e “o amplo espectro da estética do quotidiano que considera o design, a arquitetura, o artesanato, a música popular, a comunicação audiovisual e a arte da rua, assim como todos os estilos de sociabilidade”. Nesta direcção, a estreiteza curricular do ensino formal, esmagada por uma avaliação certificativa e que atende, sobretudo, parâmetros burocráticos, as subjectividades são anuladas e descartadas do universo escolar. Tal análise torna-se ainda mais dramática no ensino formal nocturno, onde é comum as salas de aula esvaziadas, professores desmotivados e estudantes desmobilizados na relação com os diferentes saberes. O quadro da situação, todavia, é muito mais complexa, pois exige formação contínua de qualidade aos educadores e a ressignificação do espaço-tempo no ambiente institucional de ensino, ainda bastante contaminado pela “lógica da fábrica” (padronização das tarefas escolares, temáticas estanques e controlo da ‘produção’).
A EDUCAÇÃO ESTÉTICA está longe de ser a panaceia para todos os males educacionais (brasileiros). Entretanto, a arte pode minimizar as variadas ‘carências’ afectivas e cognitivas de crianças e jovens em situação de risco social; ressocializar adolescentes marginalizados por um modelo económico pautado na competitividade e no consumo exacerbado; recuperar a auto-estima de jovens mulheres violentadas; enfim, fazer da EDUCAÇÃO ESTÉTICA uma possibilidade de ressignificação da vida. Afinal, ninguém nasce bandido ou santo, como bem assinalam os educadores Pablo Gentili e Chico Alencar.
Assim, continua a ser o objectivo maior da educação formal pública (brasileira) e de todo o acto educativo ‘humanizar os homens’, como bem nos alertava a filósofa Hannah Arendt e o educador popular Paulo Freire.
Jéferson Dantas, Historiador e Doutorando em Educação (UFSC), Pesquisador e articulador da formação contínua das escolas associadas à Comissão de Educação do Fórum do Maciço do Morro da Cruz, Florianópolis/SC

4 comentários:

  1. O problema está precisamente no facto de não se valorizar a estética seja em que domínio for. Eu acredito que a "educação pela arte" poderia ajudar a sermos melhores homens e mulheres e a fazermos do mundo em que vivemos uma coisa mais bonita e não um caixote de lixo onde morreremos todos afogados.
    :(

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  2. Ema
    Mas...
    Matemática, Ciência e Português é que é preciso, para se ser feliz e produtivo! Os artistas são as cigarras... mas hoje em dia, e por se falar de inovação, só os criativos podem chegar lá, não com Matemática, Ciência e Português!
    O Rokefeller é um génio/herói e Picasso um vadiolas/mulherengo...

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  3. Apenas uma observação: o texto é de minha autoria e não de Chico Alencar (aliás, citado no texto). O link foi retirado do seguinte blog: http://boletimodiad.blogspot.com/2011/01/por-uma-educacao-estetica.html

    Abraços,
    Jéferson Dantas.

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  4. Caro Jéferson
    Peço desculpa pelo "furto" da autoria, mas vou já repor.
    E obrigado pelo artigo e por não ficar incomodado pela publicação sem licença, abuso que exerci por ser associado do SER.

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