Não há como evitar. Hoje, em quase tudo, o que interessa é o que parece e não o que efectivamente é. Vem isto a propósito da alteração metodológica que o INE está a produzir às estatísticas do emprego.
Este tipo de mudanças já foi feita no passado, estão a ser feitas agora e serão feitas novamente no futuro. Foi isso que os jornais ontem noticiaram. E noticiaram que, tal como no passado, sempre que há este tipo de quebras de série, os números deixam de se poder comparar. Ou quando se comparam deve ser feita a referência à respectiva quebra de série. Nada de mais. Nada de original. Já tinha acontecido em 1991 e 1998.
Mas na actual conjuntura económica e, especialmente política, tudo serve para a demagogia. Para que se possa pôr tudo em dúvida. E foi isso que os partidos da oposição com assento parlamentar - com a excepção do PSD - fizeram. Criaram dúvidas sobre a credibilidade do INE, não porque não acreditem no Instituto, mas porque deu jeito político. E deu esse jeito pela pior razão. Deu jeito porque o desemprego está a subir. E é por isso e só por isso que questionaram a mudança que o INE está a realizar. Tivesse a alteração ocorrido numa situação de descida do desemprego e ninguém faria ondas. Puro oportunismo político.
Nem vale a pena contar piadas sobre as estatísticas, por serem de todos conhecidas e todas elas a desmaterializar a realidade.
Só para acrescentar ao que a notícia sublinha e denuncia e dizer que o mesmo aconteceu e vai acontecer com as estatísticas sobre a pobreza, a nível mundial, que quanto às variáveis, em poucos anos alterou de 2 dólares/dia para 1 dólar/dia e já desceu para 0.6 a 0,8 dólares/dia o ganho mínimo para classificar a extrema pobreza e que a partir de 2010, também alterou a fórmula do PNUD.
É fácil de entender que desta forma, as percentagens da pobreza se alteram milagrosamente, embora os pobres continuem a aumentar e assim também se torna difícil, daqui para a frente, comparar as respectivas variações. O PODER tem destas coisas.
Mais vale consultar os astros, ou melhor, abrir os olhos e querer ver…
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