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terça-feira, 6 de maio de 2014

Quando a vida se torna numa corda bamba crónica…

Há 2 anos, com uma pequena criatura que gastava fraldas a uma velocidade impressionante e outro ser bastante maior e ávido consumidor de bolachas e cereais, na condição de desempregada e gestora de um orçamento limitado, contrariei todos os meus valores de esquerda e enfiei-me no Pingo Doce no Dia do Trabalhador.
Catarina Beato
Confesso que foi inesquecível. Isto só me foi permitido, porque depois das compras fui à manifestação e depois disso já pedi várias vezes desculpa à minha querida mãe, porque não foi assim que ela me criou. 
Além de ainda existirem pastas de dentes em stock desde esse dia, quando paguei 149 euros por 398 euros de compras, e do sorriso com que abri cada pacote de fraldas durante quase um ano, foi nesse feriado que escrevi a minha primeira crónica para o DV.
Desse 1º de Maio guardo também um disco vertebral quebrado com fragmento, na zona do pescoço, por todo o peso que carreguei para casa, mas consegui que as consultas que me salvaram não ultrapassassem os 149 euros que poupei. Se não era um desperdício.
Desde há 2 anos que, em cada dia 30 de abril, correm rumores sobre a possibilidade de existir uma 2.ª edição da mítica promoção de Soares dos Santos. Os descontos voltam sempre com o 50% lá no meio para entusiasmar o pessoal trabalhador, mas nada que se possa comparar. Carne a metade do preço, bacalhau em promoção, iogurtes quase dados, mas pagar metade da conta nunca mais.
Este ano já estava preparada para chegar antes das 8 da manhã à porta do supermercado e várias estratégias delineadas para carregar os pesos, mas percebi, a tempo, que os 50% eram apenas em alguns artigos, daqueles que são tão mais caros que a marca branca que mesmo a metade do preço não me compensa comprar. Ainda assim, os Pingo Doce aqui do bairro tinham filas de horas.
Eu acho mal, porque andam há 2 anos a brincar com os meus sentimentos e a frustrar-me as expectativas. É aquilo que eu espero não fazer a quem me vem ler todas as semanas. Eu esforço-me para escrever com o coração, sem perder o ângulo da gestão do orçamento, felizmente menos apertado.
Digamos que, eu e o Pingo Doce, andamos a fazer render o 1.º de Maio há 2 anos.
E aproveitando o embalo, a publicidade, à borla, continuou este ano, mas mais sofisticada com 50% de verdade ou menos: Pingo Doce com campanha de 50% no 1.º de Maio

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