E deixou o aviso: a crise não acabou.
No Chiado, Martin Schulz não se fez rogado a cumprir a tradição dos turistas que por ali passam. Mesmo entre um batalhão de fotógrafos, operadores de câmara e o estado-maior do Partido Socialista, o presidente do Parlamento Europeu sentou-se na mais célebre estátua de Fernando Pessoa e sorriu para a foto. Dizendo não se sentir estrangeiro em Portugal - "sou europeu" - o socialista alemão visitou "as duas realidades, não portuguesas, mas europeias": a Caritas, instituição de solidariedade social em Setúbal, e as novas instalações da Siemens na Amadora. "Acham que a crise já acabou? Visitem a Caritas. Os países terem voltado a conseguir financiar-se só quer dizer que os bancos decidiram comprar dívida. A minha crise são os 27.000.000 de desempregados europeus", disse Schulz.
Em campanha pelo lugar que Durão Barroso deixará vago no próximo mês, Schulz deixou um pedido a Seguro e Assis: "Se aqui tiverem os votos esperados, vou conseguir ser eleito", disse, antes de apresentar as linhas mestras do seu programa. "A disciplina orçamental é importante, mas não suficiente. Precisamos de investimento estratégico", defendeu o alemão para quem a "Europa precisa de mudar" e que elege o "desemprego jovem" como a sua principal batalha. Mas Schulz ainda apontou a mais um alvo: "Os especuladores não pagam impostos na Europa e ganham milhões. Quando falham são os contribuintes europeus quem paga e precisamos de manter esse dinheiro na Europa."
Ao final da manhã, já o político alemão dizia ter visto as "duas realidades, não portuguesas, mas europeias" - a "inovação e o futuro" na Siemens, a "pobreza e falta de esperança" na Caritas e aproveitou para deixar mais duas mensagens: "A Europa precisa da criatividade dos jovens" e, caso vença, "o banco de investimento terá mecanismos para apoiar as startups".
Martin Schulz quer uma união bancária que liberte os europeus de pagarem pelos erros dos bancos. "Chegou o tempo para que os políticos controlem o mercado e não o oposto, como tem acontecido até agora", disse Martin Schulz, candidato da família socialista à presidência da Comissão Europeia. Só com a política a controlar os mercados financeiros - e dessa forma "a existir um controlo democrático" - é que a Europa voltará a ser dos cidadãos, acrescentou.
"Os governos renunciaram à soberania monetária" para voltar a ganhar dimensão no mundo globalizado, "sendo esse um dos fundamentos do Euro", recordou - mas não nada disso que sucede neste momento, afirmou Martin Schulz.
O alemão afirmou ainda que "a única maneira de estabilizar a zona euro é a política orçamental, e esse é um dos nossos maiores problemas". Essa insuficiência tem de ser substituída pela solidariedade que, na Europa, desapareceu: os países da zona euro deixaram de ter entre si vasos comunicantes que permitissem drenar financiamento eficaz dos países ricos para os países pobres. "A essência do espírito europeu comum foi destruída", afirmou. E é nesse quadro que a União Europeia tem de encontrar mecanismos que permitam que nenhum país fique para trás - com as economias e colapsarem por via de ataques especulativos, sublinhou.
"Como presidente da Comissão, toda a minha atenção irá para criação destes instrumentos comuns", afirmou. Os bancos estão também na mira de Martin Schulz: "foi esse sector que causou a crise, mas pagou muito pouco". "Temos de continuar a tentar criar legislação que controle os bancos, nomeadamente uma taxa sobre as transacções financeiras, para mais justiça e para diminuir a especulação". É um trabalho que já começou, com a separação entre "banca privada e banca comercial", recordou. Mas Schulz foi mais longe: "quero uma união bancária que separe os bancos dos cidadãos", concluiu
Martin Schulz, social-democrata alemão e atual presidente do PE, é candidato do Partido Socialista Europeu (PSE) à presidência da Comissão Europeia, contra Jean-Claude Juncker do Partido Popular Europeu (PPE), entre outros e foi o primeiro a visitar Portugal em campanha eleitoral, num incompreensível clima de silêncio nos nossos media, saiba-se lá porquê, quando as (muito) próximas Eleições Europeias para o Parlamento Europeu se realizam cá, a 25 de Maio (faltam 18 dias), com implicações diretas no nosso futuro. Talvez venha daí a omissão da ato eleitoral, porque se vai escolher entre os que nos impuseram a austeridade para pagar as fraudes bancárias e os que apresentam alternativas e alternância…
Foram feitas denúncias e promessas, que se registam, para nos ajudar a decidir na hora do voto:
"Europa precisa de mudar"
"Acham que a crise já acabou? Visitem a Caritas. Os países terem voltado a conseguir financiar-se só quer dizer que os bancos decidiram comprar dívida. A minha crise são os 27.000.000 de desempregados europeus".
"A disciplina orçamental é importante, mas não suficiente. Precisamos de investimento estratégico" e eleger o "desemprego jovem" como a principal batalha.
"Os especuladores não pagam impostos na Europa e ganham milhões. Quando falham são os contribuintes europeus quem paga e precisamos de manter esse dinheiro na Europa."
Martin Schulz quer uma união bancária que liberte os europeus de pagarem pelos erros dos bancos. "Chegou o tempo para que os políticos controlem o mercado e não o oposto, como tem acontecido até agora". Só com a política a controlar os mercados financeiros - e dessa forma "a existir um controlo democrático" - é que a Europa voltará a ser dos cidadãos.
Os países da zona euro deixaram de ter entre si vasos comunicantes que permitissem drenar financiamento eficaz dos países ricos para os países pobres e a União Europeia tem de encontrar mecanismos que permitam que nenhum país fique para trás - com as economias e colapsarem por via de ataques especulativos, sublinhou.
Os bancos estão também na mira de Schulz: "foi esse sector que causou a crise, mas pagou muito pouco" e foi mais longe: "quero uma união bancária que separe os bancos dos cidadãos".
Fica sempre a dúvida entre o prometido e o devido, mas até lá fica a esperança…
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