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sábado, 10 de maio de 2014

Uma alternativa que passa pelo voto de cada um em 25 de maio

A 2 semanas das eleições europeias, 2 tendências parecem fortalecer-se: o voto eurocético e a abstenção. De acordo com os cálculos do think tank Open Europe, citado pelo The Guardian, "74,4% dos cidadãos escolherão votar contra a União Europeia, para uma mudança radical, ou simplesmente não votar. Isto significaria que apenas 25,6% do eleitorado daria o seu voto a um partido a favor do status quo ou a mais integração".
Em matéria de participação dos eleitores, o belga é um bom aluno, observa o diário L' Avenir. “E por um bom motivo, já que cá o voto é obrigatório." Os belgas, que são chamados a exprimirem-se em 3 escrutínios em simultâneo neste 25 de maio (eleições federais, regionais e europeias), arriscam uma multa se não cumprirem a sua obrigação de votar. De facto, os abstencionistas raramente são punidos, mas essa obrigação parece ter algum efeito. Ela aumenta a taxa de participação e faz-nos esquecer que isso não traduz "sempre um verdadeiro compromisso cidadão nem mesmo uma real curiosidade pela gestão da cidade", explica o jornal regional.
Apesar desta obrigação, é claro que a abstenção progride. E que, "se o voto é secreto, as reais motivações dos abstencionistas também o são". Cansaço, relativismo, antipolítica ou "profunda aversão pelo nosso sistema de representação política"? Seja o que for, os números da abstenção mereceriam mais do que uma avaliação desatenta, na noite de 25 de maio [...] Lá se vai a credibilidade do poder e da legitimidade dos eleitos.
E por cá e connosco?
Portugal (bem como a Irlanda e, em certa medida, a Espanha) vai ser apresentado por essa Europa fora como prova provada de que a estratégia seguida pela Comissão Europeia (CE) e pelo Conselho Europeu da UE foi a correta para debelar a crise das dívidas soberanas em diversos países periféricos do euro. Quem o fará é a corrente de centro--direita, agrupada no Partido Popular Europeu (PPE), cujos membros em Portugal são os constituintes da ‘Aliança Portugal’ (o PSD e o CDS-PP).
António Perez Metelo
O seu candidato à chefia da próxima Comissão Europeia não esconde, em debates públicos, que a linha orçamental dos últimos 4 anos deve prosseguir para que ela se estenda da eliminação dos défices públicos excessivos à redução continuada das dívidas públicas em excesso.
Faz sentido esperar a continuação da estratégia seguida, se a corrente política maioritária na Europa continuar à frente, não só dos governos nacionais, mas também da CE e do Parlamento Europeu (PE). Perante ela, perfilam-se 2 outras respostas entre nós: a do PCP e do BE, filiados na Esquerda Europeia, que apostam na renegociação da dívida, com corte parcial da mesma, redução do seu serviço e abertura de espaço orçamental para repor os cortes impostos a salários e pensões; e a do PS, que advoga uma trajetória mais espaçada de correção dos défices e das dívidas excessivas.
Numa altura na qual as taxas de juro na zona euro atingem mínimos históricos, não se afigura realista querer impor cortes nos juros contratados, muito menos perdões parciais de dívida, quando o euro parece estar numa trajetória ascendente de sustentabilidade e de credibilização internacional. A implosão do euro está posta de lado. A diferença só pode advir de um maior foco no combate ao desemprego (nos 12% a nível europeu), sobretudo ao desemprego dos jovens, bem como ao combate à pobreza e exclusão sociais, em crescendo nos países sujeitos aos mais duros programas de ajustamento. Com maior financiamento produtivo comum e mais tempo (30, 40 anos, em vez dos 20, que o Tratado Orçamental impõe) para pôr as dívidas públicas em ordem. O que só será posto na agenda da Europa com uma correlação de forças no PE mais à esquerda da atual. Parece pouco, mas é o que pode fazer a diferença.

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