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quinta-feira, 14 de março de 2013

Aprenda (em casa) de borla, que o Estado é padrasto…

Forma cada vez mais popular de educação à distância, os "massive open online courses" – MOOCs – permitem a interessados do mundo inteiro acesso ao ensino de universidades de renome, através de vídeos, testes e fóruns.
Sean Sinico
Insatisfeito com o currículo da Universidade de El Salvador, onde é professor de Engenharia Elétrica, Carlos Martínez matriculou-se num curso online intitulado Circuitos e Eletrónica do prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), oferecido para qualquer pessoa interessada, através da internet.
Impressionado com o que aprendeu durante o curso, viajou por El Salvador para promover os assim chamados MOOCs, trabalhando para convencer os seus colegas professores a repensar o seu modo de ensinar e, nesse processo, melhorar o desempenho dos seus alunos. "Os professores dos países em desenvolvimento não sofrem a mesma pressão académica dos seus pares em países desenvolvidos". "Costuma-se ter professores com um alcance muito limitado nos seus campos. Com os MOOCs, os professores sentem-se instigados e melhoram os seus conhecimentos”, disse.
Cursos de ensino à distância e online existem há décadas, mas a propagação da internet de alta velocidade faz com que os MOOCs, baseados em aulas em vídeo, testes online e fóruns de discussão, obtenham uma audiência global a baixo custo.
Voltado para universitários
A maioria dos cursos oferecidos por grandes organizações, como Coursera, que é o maior provedor de MOOCs e parceiro de 62 instituições em todo o mundo, e edX, uma entidade sem fins lucrativos, criada em parceria entre a Universidade de Harvard, o MIT e a Universidade da Califórnia, Berkeley, proporcionam aulas para estudantes de nível universitário.
O foco no público que se prepara para cursos oferecidos por universidades internacionais de ponta pode dificultar a sua propagação nos países em desenvolvimento, comentou Tony Bates, consultor de aprendizagem online no ensino superior baseado em Vancouver, Canadá. "Os MOOCs destinam-se principalmente às pessoas que já tem interesse em determinado tópico ou já estão muito bem informadas sobre um tópico e querem atualizar-se ", ressalta. "Isso pode ser útil para aqueles com alto grau de instrução, em países em desenvolvimento, como uma forma de ficarem atualizados sobre um assunto. Mas não vai resolver o problema de muitos que não têm chances de uma educação básica."
"Parlez-vous MOOC?"
"A barreira da língua também pode representar um problema", acrescenta Bates. Em geral, os alunos mais jovens não conseguem acompanhar aulas não ministradas na sua língua nativa, e os massive open online courses não se expandiram muito além do inglês. "Nos MOOCs oferecidos pelas universidades mais tradicionais dos Estados Unidos, a língua pode ser um problema", adverte Bates.
O interesse pelos cursos MOOC, no entanto, não se restringe ao mundo anglófono. Coursera cuidou para que o seu primeiro 1.000.000 de estudantes viesse de 196 países: 38% dos Estados Unidos, seguidos por 5,9% do Brasil, 5,2% da Índia e 4,1% da China. Tanto o Coursera como o edX anunciaram em fevereiro que oferecerão cursos noutros idiomas além do inglês, ministrados por universidades parceiras.
Sala de aula virtual
Ao contrário de outros grandes fornecedores de e-learning, a Khan Academy, plataforma de aprendizagem online sediada na Califórnia, tem estudantes pré-universitários como público-alvo dos seus cursos, e regista que os seus vídeos e testes online têm sido frequentados fora dos Estados Unidos. Desde o seu lançamento, em 2008, o programa ganhou financiamento do Google e da Fundação Bill e Melinda Gates, e em 2012 foi nomeado para o The Bobs, prémio da Deutsche Welle para o ativismo online.
Nas aulas, os alunos assistem a palestras online de casa e vão à universidade para tirar dúvidas, discutir temas e obter ajuda onde for necessário. Segundo Anant Agarwal, presidente da edX, os alunos do primeiro MOOC que ministrou formaram grupos de estudo online e no mundo real, para digerir o material. Acredita que tal sistema poderia ser um modelo para estudar com MOOCs e outros estudantes, ou com um instrutor local.
"É preciso bastante apoio fora da internet para acompanhar um MOOC", sublinha Bates. "Não é suficiente apenas entregar a informação. Os estudantes precisam de um retorno e precisam de ser avaliados. Isso provavelmente significa ter gente no mundo real para dar esse apoio, e é aí que os custos começam a subir."
Acesso à informação
Mesmo os maiores defensores dos MOOCs admitem que há limites no que os cursos podem oferecer. A sua própria natureza impede que os instrutores interajam – ou mesmo conheçam – cada estudante. Além disso, muito poucos programas de MOOC dão crédito académico após concluídos.
Atualmente é difícil para os alunos de um curso online botar a mão na massa na realização de experiências científicas. Porém Carlos Martínez menciona Roosemberth Palacios, de 16 anos, que se matriculou num curso sobre circuitos eletrónicos oferecido pelo MIT, via edX, depois de ouvir o professor da Universidade de El Salvador contar sobre os MOOCs.
Por não possuir uma base sólida em cálculo, matéria raramente ensinada nas escolas secundárias de El Salvador, Palacios lutou para completar o curso. E depois matriculou-se num massive open online course de cálculo, a fim de repetir o curso sobre circuitos e aproveitando-o melhor.
"Ele interessa-se por eletrónica e também em viajar para o exterior, mas não tem dinheiro", diz Martínez. "Mas está a tentar aprender, e agora fala de bolsas de estudo. Assistindo aos MOOCs, vai ter mais recursos na sua caixa de ferramentas educacionais."
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