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sábado, 16 de março de 2013

Para uma formação integral e incentivo à cidadania…

A filosofia como um conhecimento histórico de mais de 2.000 anos, por si só já tem importância pela bagagem cultural e epistemológica que desenvolveu ao longo deste período.
Daniel Duarte
É inegável a contribuição de filósofos como Aristóteles, Platão, Descartes, Rousseau, Kant, Hegel, Marx, Gramsci, e outros que com as suas reflexões e as suas teses ajudaram e ajudam, a sociedade ocidental a seguir o seu desenvolvimento.
No que se refere ao ensino da filosofia na Educação Básica, esta disciplina tem diversas possibilidades de contribuir para um melhor desenvolvimento dessa educação básica. Muitas são as atribuições dadas ao ensino de filosofia e a sua importância na educação básica, alguns defendem que a filosofia é importante, pois ensina a pensar, ajuda a desenvolver o sentido crítico, ajuda na reflexão e que é importante para o exercício da cidadania, etc...
Menciono aqui apenas os pontos considerados positivos, mas, certamente existem raciocínios contrários, que divergem da importância da filosofia na Educação Básica.
Estes pontos positivos por vezes podem gerar nos professores de filosofia uma certa sensação de superioridade da filosofia sobre outras disciplinas, ou então causar certa desconfiança sobre as reais possibilidades de a filosofia dar conta de tamanha responsabilidade.
Embora concorde, em parte, com estas afirmações, vou fazer algumas considerações que julgo pertinentes.
Se “todos são filósofos” como refere Gramsci, penso que a primeira hipótese, de que a filosofia ensina a pensar, não se confirma, justamente porque não acredito que ninguém ensina ninguém a pensar, e se isto fosse possível não seria privilégio apenas da filosofia, pois qualquer disciplina, se bem ministrada, com professores qualificados e que soubessem contextualizar o objeto de estudo com o quotidiano, poderia “ensinar a pensar”. Portanto, todas as disciplinas tem esta capacidade.
Ajudar a desenvolver o sentido crítico e a reflexão e incentivar o exercício da cidadania, deveria ser tarefa de todas as disciplinas da educação básica, porém, talvez por incapacidade ou por acomodação, na maioria das vezes, este árduo trabalho fica como exclusividade das ciências humanas, sobretudo da filosofia e da sociologia.
Afinal, qual a importância da filosofia na educação básica? Penso que a filosofia, com outras disciplinas, através de um trabalho interdisciplinar, pode dar conta destas atribuições a ela referidas, porém, penso que a importância maior da filosofia esteja na fundamentação teórica de tais conceitos. O que é o pensar? Qual a diferença entre o simples pensar e o pensamento filosófico? O que é a reflexão ou atitude reflexiva? O que é cidadania?
A filosofia tem importância quando se preocupa em fundamentar as proposições, ou seja, através de uma investigação séria e de um método rigoroso de busca do conhecimento, busca explicitar o porquê do por que. Se não realizar tal tarefa a filosofia corre o risco de se tornar a crítica pela crítica, o simples pensar por pensar, o refletir por refletir.
De nada adianta exigir aos adolescentes determinados comportamentos, determinadas atitudes em relação à ética, à política, à cidadania, se não levá-los a conhecer a fundo os conceitos e as proposições de tais temas.
Ao fazer este movimento de busca radical dos princípios, a filosofia diferencia-se das demais disciplinas, pois se for bem trabalhada com professores habilitados pode ser capaz de ultrapassar o questionamento superficial e vir a tornar-se um conhecimento útil.
Portanto, a importância da filosofia na Educação Básica vai muito além da mera instrumentalização do pensar, do refletir ou do criticar. A filosofia deve desvelar a gênese dos conceitos para que estes possam ser compreendidos na sua totalidade, e ao serem compreendidos possam ajudar na formação integral dos estudantes da Educação Básica.

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