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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma mentira repetida: Salários em Portugal são altos!

Chamo desde já a tenção para a leitura atenda do lead (resumo inicial), que pretendendo ser a TESE, tem como ANTÍTESE o corpo da notícia (que desdiz o lead) e a SÍNTESE, que é o título e que começa por contradizer a TESE. Impreparação, confusão, manipulação, ou só desmontagem? Do emissor, ou do receptor? Leiam!
É indiscutível que a economia portuguesa é pouco competitiva e tem dificuldade em concorrer com outros países. Uma das principais razões para estas dificuldades é o nível elevado dos salários - quando comparado com a capacidade produtiva -, levando muitos economistas a defenderem um corte generalizado da massa salarial.
Mas a verdade é que em Portugal os salários reais não só têm crescido em linha com a Alemanha, como o crescimento da produtividade tem conseguido acompanhar Berlim.
A discussão volta a ser actual depois de o governo ter apresentado ontem uma série de medidas com o objectivo de facilitar o despedimento. O executivo está a aplicar a receita recomendada por organismos internacionais, como o FMI, o BCE ou a Comissão Europeia. Na base desta argumentação está o crescimento dos custos unitários de trabalho. Em Portugal, o custo por cada unidade produzida aumentou 26,4% entre 2000 e 2010, enquanto na Alemanha cresceu apenas 5,6%. Este indicador não conta, contudo, com a inflação, que tem sido bastante mais elevada nos países periféricos. Dois países podem crescer ao mesmo ritmo e partilharem os mesmos custos salariais, mas se um tiver uma taxa de inflação maior que o outro, os custos unitários do trabalho serão superiores. É o que tem acontecido entre, por exemplo, Portugal e Alemanha. Tendo em conta a inflação, as compensações reais dos trabalhadores evoluíram sensivelmente ao mesmo nível nos dois países, com a produtividade a crescer também a um ritmo similar.
"A inflação em Portugal tem sido muito maior que na Alemanha. Os portugueses não estão a ficar mais ricos porque pagam mais pelos bens", diz Ricardo Reis, professor de Economia da Universidade de Columbia, nos EUA. Já em Maio de 2010, Vítor Constâncio, ainda governador do Banco de Portugal, afirmava que "não foi tanto a competitividade de preços ou custos que determinou a desaceleração das exportações". A opinião é partilhada por João Ferreira do Amaral. "Não há razões para dizer que foram os salários que fizeram Portugal perder competitividade", explicou o economista. "Os salários reais até cresceram ligeiramente menos que a produtividade."
Na semana passada, a "Business Insider" escrevia: "Os Europeus do Sul não são preguiçosos", sublinhando que os trabalhadores de países como Portugal e Grécia trabalham mais horas que franceses e alemães. A diferença é que os dois últimos trabalham de forma mais eficiente, isto é, ineficiências e outro tipo de custos que não os salários deverão ser os responsáveis pela fraca competitividade da periferia.
"Os nossos problemas resultam de nos termos virado para sectores protegidos de competição externa", afirma Ferreira do Amaral, lembrando que a entrada no euro prejudicou a competitividade, tornando os produtos portugueses mais caros. "O peso da agricultura e da indústria no PIB desceu de 29% no início da década de 1990 para 17% em 2008. É preciso alterar esta tendência."
Ricardo Reis diz que é difícil saber qual é a causa e qual é a consequência. "É a situação do ovo e da galinha. Se é verdade que a inflação fez subir os custos de trabalho, pode ter sido uma subida dos salários que fez aumentar a inflação."
Apesar de ser tentador eleger uma causa simples, o problema dos portugueses não é produzirem pouco para o que recebem. O despedimento pode ser mais fácil com os salários mais baixos, mas se a economia permanecer mal dirigida será como trazer uma faca para um tiroteio.
Começando por se dizer que o país é pouco competitivo pelos salários altos, razão porque há muitos Economistas que defendem o corte desses salários, chega-se à conclusão (que até o empirismo certifica) de que afinal os salários reais em Portugal até têm crescido em linha com os da Alemanha, mas que o crescimento da produtividade também tem aumentado, como a de Berlim.
Afinal em que ficamos?
Depois vem-se explicar que o crescimento dos custos unitários de trabalho têm que ter em conta as inflações respectivas, que tem sido bastante mais elevada nos países periféricos e que, por exemplo, entre Portugal e a Alemanha, entrando com a inflação, as compensações reais dos trabalhadores evoluíram sensivelmente ao mesmo nível nos dois países, com a produtividade a crescer também a um ritmo similar.
Afinal em que ficamos?
Mas diz-se mais, que os portugueses não estão a ficar mais ricos porque pagam mais pelos mesmos bens que os alemães, embora os salários reais tenham crescido ligeiramente menos que a produtividade.
Afinal em que ficamos?
E continua a desmontagem do novo “paradigma”, referindo-se que trabalhadores de países como Portugal e Grécia trabalham mais horas que os franceses e os alemães.
Afinal em que ficamos?
Finalmente, vem um Economista (dos muito poucos) que prezo, pela verdade linear que põe nas conclusões a que chega, dizendo sem receio de entrar para o Index, que a nossa entrada no euro veio prejudicar a competitividade, enquanto os outros Economistas, comentadores profissionais e fazedores da opinião pública, não dizem, sabendo que é verdade, para perpetuarem o posto de “trabalho”, para não entrarem nas bichas dos Centros de (des)Emprego.
Afinal em que ficamos?
Finalmente, conclui-se que o problema dos portugueses não é produzirem pouco, tendo em conta o que recebem e que o despedimento pode ser mais fácil com os salários mais baixos, mas se a Economia permanecer mal dirigida, que continuará, será como trazer uma faca para um tiroteio. E já sabemos quem empunha a faca e quem mata com a pistola…
Afinal em que ficamos?
Nota - Pelo que já li algures e não encontro dados sérios sobre o assunto, o custo dos salários no preço final de um produto, são uns ridículos 8%, que a ser verdade, faz desmoronar todos os argumentos com que se quer construir este novo “paradigma”. Espero que alguém me forneça os dados.
Mas nem tudo está mal para todos, e apesar de a notícia abaixo não ter nada a ver com a de cima, pelo menos permite-nos pensar, cada um pela sua cabeça, sem pôr em causa o “preço” da Democracia, mas este é um dos erros que se lhe pode apontar…
Feitas as contas aos resultados eleitorais, da subvenção disponível de 3.800.000 €, cada candidato vai receber do Estado:
Cavaco Silva 1.800.000 €;
Manuel Alegre – 790.000 €;
Fernando Nobre – 620.000 €
Francisco Lopes – 407.000 €
José Manuel Coelho e Defensor Moura não recebem qualquer apoio e poupam aos cofres do país cerca de 204.000 €.

4 comentários:

  1. Então os salários não são altos? Eu até estou a pensar alargar os bolsos dos casacos e passar a usar malas em vez de carteiras.
    A ironia dos comentários agradou-me.

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  2. Ibel
    Se os salários fossem altos, não havia crise, porque o povo gastava (em bens não transacionáveis - é lindo o palavrão!) e as empresas produziam...
    Por isso é que ninguém apresenta gráficos sobre salários + a relação com o PIB, nem com o custo de vida, nem com os salários mínimos... É o máximo!
    Eu achei irónico foi o artigo e a desfaçatez de muitos artistas da economia, que vêm com estas tretas e martelam até se acreditar.
    Abraço e Boa noite!

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  3. Quem diz que os salários em Portugal são altos está a brincar com a miseria dos outros,ganham salarios chourudos passeiam-se em carros de topo gama com combustivel pago tudo isto á conta do Zé povinho não teem pingo de vergonha na cara

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    1. Já na altura da notícia não eram, mas agora ainda são mais baixos, para além dos cortes, desceram 14%. Para quem trabalha, porque para quem faz as leis para quem trabalha, é na maior...

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