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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O mistério dos desencarnados que se abstêm(?)

Emigrantes, mortos e duplicação de registos explicam a diferença entre a base de dados eleitoral e a população portuguesa
Em Portugal estão registados nos cadernos eleitorais 9.600.000 de portugueses, mas de acordo com as contas feitas com base em números oficiais só existem pouco mais de 8.540.000 de portugueses com idade superior a 18 anos. Descontando emigrantes registados, há ainda cerca de 879.000 eleitores inscritos na base de dados do recenseamento eleitoral de que não se conhece o paradeiro.
A grande disparidade é justificada por 3 factores: "Os eleitores que já morreram, os que emigraram e a duplicação de registos que às vezes acontece".
O aparecimento nos cadernos eleitorais de pessoas que já morreram continua a ser uma realidade apesar de a limpeza ser feita constantemente; mesmo assim, ainda não se conseguiu a eficácia satisfatória nesta situação.
A existência de uma diferença entre os registos - a chamada Abstenção Técnica - é natural para os investigadores. "A abstenção técnica toma forma nas pessoas que estão nos cadernos eleitorais mas não residem no país" - o que na Europa é considerado "razoável se atingir 3%". O problema é que parece que em Portugal é superior. Um estudo feito há cerca de dez anos mostra que a "abstenção técnica era de cerca de 10%".
Em todas as eleições, a abstenção percentual vai aumentando e no fim de cada uma há denúncias de incorreções e promessas renovadas de remediar a virtualidade das listas dos eleitores. Até agora, NADA!
E depois vem-se com o anátema de que, nas últimas, para o PR, afinal este só representa cerca de 20% da população, quando representar cerca de 25% ou 30%, o que era mais legítimo(?).
Todos os especialistas dizem que, em qualquer eleição há 10% de abstenção, antes do ato, a que chamam abstenção técnica, que deveria ser de 3%, como é aceitável na Europa, mas cá é assim.
Na verdade, quando ouvi falar que havia 9.600.000 de eleitores em Portugal, sabendo que o total de habitantes era de 10.600.000, fazendo contas, fiquei a pensar, que estávamos muito mais envelhecidos do que dizem, já que só sobrava 1.000.000 de jovens com menos de 18 anos. Mas pelos vistos, há fontes que dizem que afinal os jovens com mais de 18 anos são cerca de 2.150.000, porque a população com 18 anos, ou mais, é de 8.540.000. Assim sendo, onde andará o 1.150.000 pessoas que faltam? Uns dizem que são emigrantes, mas só são 209.000, sobrando 1.291.000 fantasmas…
Pode-se concluir, que este último número corresponde a gente que desencarnou (morreu) e que não tem possibilidades de exercer o direito de voto, mesmo que insistam com os respectivos nomes nos cadernos eleitorais.
E porque não se corrigem as listas eleitorais? Deram-me uma razão plausível, que é fácil de aceitar. Ei-la: como os subsídios que as Juntas de freguesia recebem está relacionada com o número de eleitores, por que razão que se perceba iam os respectivos Presidentes abater quem lhes dá proventos materiais? Assim, não havendo despesas, o melhor é manter os mortos mumificados, até que o tempo ou um novo Censo descubra o falecido e acabar, ou diminuir a tal “abstenção técnica”.
Sendo verdade, não deixa de ter algum humor (negro)…

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