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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Uma receita muito simples com poucos ingredientes…

A situação do mercado de trabalho alemão é boa e, apesar de problemas isolados, cidadãos de Estados mais pobres da UE podem contribuir para a economia de um país cuja população está cada vez mais velha.
O ano de 2013 chegou ao fim na Alemanha com prognósticos positivos para o mercado de trabalho. O número de desempregados só aumentou em 67.000, alcançando 2.873.000 – menos do que usual para a época do ano. Isso equivale a um acréscimo de 0,2%, totalizando uma quota de desemprego de 6,7%.
Segundo o especialista em mercado de trabalho Gerhard Bosch, da Universidade de Duisburg-Essen, a situação relativamente positiva reflete a grande capacidade de renovação da economia alemã. Além de as exportações estarem em boa fase, o consumo também aumentou, graças, sobretudo, a significativos aumentos salariais.
"O problema, no entanto, é que em 2013 não se investiu muito, por as empresas estarem apreensivas com as perspetivas de longo prazo", pondera Bosch. De acordo com ele, as deliberações do novo governo, porém, permitem prever uma melhoria, já que haverá mais verbas para infraestrutura e ensino. O consumo, afirma, também deverá beneficiar do aumento das reformas e da introdução do salário mínimo.
Analistas da Agência Federal do Trabalho (BA) preveem para 2014 mais uma leve redução do número de desempregados, cuja média anual deverá manter-se em 2.900.000. Por sua vez, o Instituto da Economia Alemã (IW), ligado às associações patronais, é mais cético.
Por um lado, os inquéritos realizados no fim do ano confirmam que o clima é bastante otimista, mas "Não vai haver muito acréscimo. Temos um recorde histórico de ocupação, de 42.000.000 de empregados. Mas agora essa dinâmica esgota-se." diz o diretor do IW, Michael Hüther.
Romenos e búlgaros
A BA não se mostra preocupada com a imigração de concorrentes a emprego dos 2 mais pobres Estados-membros da União Europeia, a Bulgária e a Roménia, que desde 1 de janeiro passaram a beneficiar do princípio da livre circulação de trabalhadores dentro do bloco europeu.
Nos últimos anos, cidadãos desses países já entravam no mercado de trabalho alemão, como trabalhadores sazonais na agricultura ou em setores que carecem urgentemente de mão-de-obra, como a saúde, cuidados ou gastronomia. "A maioria dos búlgaros e romenos que vivem na Alemanha são imigrantes por motivos de trabalho, não por motivos de pobreza", afirma Herbert Brücker, do instituto de pesquisa profissional IAB.
Martin Wansleben, diretor geral da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), alerta para o perigo de o atual debate na Alemanha sobre a imigração vir a prejudicar a economia. "A imigração em geral não pode assumir um aspeto negativo devido a uma discussão política acalorada", reforçou.
Devido à sua atual tendência demográfica, a Alemanha precisará, nos próximos anos, de até 1.500.000 de trabalhadores estrangeiros qualificados, que ajudariam a "assegurar o crescimento e estabilizar os sistemas sociais", lembra Wansleben.
Entretanto, a atual discussão indica a necessidade de ação dentro da sociedade alemã, prossegue o diretor da DIHK: "Precisamos continuar aprimorando uma cultura de boas-vindas para os imigrantes. É uma tarefa para a sociedade como um todo: política, Igrejas, sindicatos, empresariado, todos têm que prestar a sua contribuição."
Benefícios da imigração superam carga
Segundo dados recentes, há 155.000 romenos e búlgaros profissionalmente ativos na Alemanha. A sua quota de desemprego é a mais baixa de todos os trabalhadores estrangeiros. E agora esses 2 grupos poderão procurar emprego em todos os setores.
"Em consequência, temos também melhores chances de integração para as pessoas desses 2 países, para os quais, desde 1 de janeiro, vale a mobilidade da mão de obra", prevê Heinrich Alt, da diretoria da Agência Federal do Trabalho, que admite, no entanto, haver no momento um problema: "A imigração da Bulgária e Roménia está associada a certas regiões [alemãs], e lá ocorrem problemas que as municipalidades de Duisburg, Dortmund, Berlim, Mannheim, Offenbach não podem resolver sozinhas."
Segundo analistas, nessas cidades problemáticas, apenas 10% a 20% dos imigrantes trabalham. Por outro lado, só uma pequena parte deles recorre à previdência social. Essas pessoas, que nem requerem benefícios, nem contribuem para o sistema social através de seus encargos, "apresentam, naturalmente, um grande problema", aponta Herbert Brücker. Ainda assim, assegura, os romenos e búlgaros da Alemanha "contribuem para os sistemas de aposentadoria e segurança social, de forma que o Estado social sai ganhando".
De toda maneira, a Agência Federal do Trabalho começou a contratar novos funcionários na sua sede em Nurembergue. Ainda há um défice de especialistas administrativos e pedagogos sociais com bons conhecimentos dos idiomas romeno e búlgaro, aptos a aconselhar com êxito os candidatos a trabalho dos 2 países.
Já sabemos que a situação do mercado de trabalho alemão é boa, apesar dos 2.873.000 de desempregados, 6,7% e que a situação em Portugal é péssima.
Dizem que o sucesso alemão reflete a grande capacidade de renovação da sua economia, cujo país vê a sua população envelhecer e em simultâneo a natalidade a diminuir, tal como no nosso país.
No entanto, a “renovação da economia alemã”, traduz-se em algumas medidas que por cá são impensáveis de implementar, porque os alemães, por vias travessas não nos permitem. Vejamos:
1. Para resolver o problema demográfico, importam mão-de-obra de outros países;
2. Os países de proveniência dos imigrantes são dos mais pobres da UE e sujeitam-se a salários muito mais baixos;
3. O Estado não precisa de investir na formação académica (cara) dos ativos mais qualificados;
4. Investem apenas no ensino da língua germânica que facilita a formação laboral;
5. Exportam por isso cada vez mais e a mais baixos preços;
6. O consumo interno vai aumentando, graças a significativos aumentos salariais;
7. O consumo interno tem tendência a crescer ainda mais com o aumento das reformas e com a introdução do salário mínimo.
E pronto, está esmiuçado o sucesso económico. Simples!
As razões inversas são as razões do nosso insucesso, que trabalhamos para os mercados…
Mas nem tudo são rosas para os trabalhadores imigrados na Alemanha, apesar de se reconhecer que contribuem para a economia do país, que ajudam a assegurar o crescimento e a estabilização dos sistemas sociais, contribuindo para os sistemas de reforma e segurança social e permitindo reforçar o vetor social do Estado alemão.
No próximo artigo veremos o reverso da medalha ou os espinhos que arranham o sucesso para que contribuem os romenos e búlgaros…

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