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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

E ainda dizem que a democracia é uma marca nossa…

Um site pioneiro no Paquistão, lançado por uma organização ligada a uma agência internacional de notícias, está a monitorizar as promessas feitas por políticos no país e a cobrar o seu cumprimento.
O Truth Tracker foi lançado pela UPI Next, entidade sem fins lucrativos ligada à United Press International. Uma equipa de 25 repórteres espalhados por diversas partes do Paquistão vasculha panfletos, manifestos, programas de campanha, discursos, sites de políticos e entrevistas à imprensa, à caça de promessas.
O editor do Truth Tracker, Mubasher Bukhari, diz à BBC que o objectivo do projecto é melhorar a responsabilização – ou “accountability”, um termo em inglês usado em política para descrever a obrigação que políticos têm de responder pelos seus actos e atender às necessidades da população.
“Nós registamos as promessas, e continuamos a lembrar aos políticos os seus compromissos com o povo. Mas também justificamos a razão de algumas promessas não terem sido cumpridas”, conta Bukhari.
Categorias
O site classifica as promessas em 5 categorias diferentes: quebradas, cumpridas, em andamento, ameaçadas e não iniciadas.
Nas eleições do ano passado, o então candidato Nawaz Sharif prometeu casas a todas as famílias de baixo rendimento. Uma vez eleito, segundo o Truth Tracker, nada foi feito até agora. Esta é uma das promessas que estão na categoria “não iniciada”.
Outro exemplo aconteceu na província do Punjab, onde a maior autoridade local, Shahbaz Sharif, prometeu explorar opções de energia alternativa num esforço para pôr fim à crise energética que afecta o Paquistão. O governo do Punjab começou a construir uma fábrica de energia solar no deserto de Cholistan. Para a Truth Tracker, a promessa está “em andamento”.
O sociólogo Rasul Bakhsh Rais acredita que iniciativas como esta são essenciais para a democracia. “No Paquistão, os políticos têm atitudes diferentes quando estão no poder. Os cidadãos não devem esperar 5 anos para poder questioná-los – isso tem que ser feito de forma contínua e agora isso pode acontecer, com a ajuda de novas tecnologias de informação, e através de ferramentas como sites deste tipo” diz Rais.
Quem havia de dizer que lá longe, onde pensamos que mora o despotismo e o abuso de poder, as TIC funcionam para vitalizar a democracia, enquanto por cá, onde a “marca” nasceu, a indiferença perante a mentira institucionalizada dos nossos políticos cresce impunemente, como se fossem inimputáveis...
As exceções não são muitas, a não ser que se trate de leitões…

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