Uma das fontes de opiniões que aqui reproduzo sobre o estado da União Europeia, que parece que é independente, nem sempre traduz essa atitude e às vezes até parece puxar para o situacionismo, fazendo-lhe cócegas alguma alteração como a que se prevê na Grécia (a começar pelo epíteto de RADICAL), o que até devia merecer análises mais profundas, indo ao fundo do problema, para entendermos as causas de um desfecho (im)previsível para domingo, contra a corrente do jogo e das vontades dos marajás.
E só por isso, sem deixar de apresentar a opinião do articulista de serviço sobre o assunto , apresento também uma notícia que desmonta as imprecisões/dúvidas publicadas. Eis as duas.
À medida que se aproxima o escrutínio de 17 de junho, a questão da saída do euro está presente em todas as mentes. Mas a Coligação da Esquerda Radical, a formação melhor colocada para tentar formar governo, recusa-se a clarificar a sua posição sobre o assunto, o que alimenta as preocupações.
87% dos gregos querem que o seu país continue na zona euro. A maior parte dos partidos tem a mesma posição. Contudo, à medida que o domingo se aproxima, o termómetro sobe, a incerteza aumenta e muitas pessoas, dentro e fora da Grécia, receiam que o euro passe a ser coisa do passado para a Grécia. É isto que mostram livros e artigos, as declarações dos políticos e dos economistas e as previsões dos analistas. Poderá dizer-se que tal facto é paradoxal. Mas sê-lo-á realmente? Claro que não, porque os especialistas não são loucos. Alguns servem os seus próprios interesses [suspeita-se que alguns analistas e políticos especulem sobre o regresso do dracma], mas nem todos se incluem na categoria daqueles que gostariam que a Grécia estivesse fora do euro.
Eleições sem margem para ambiguidades
Então, o que se passa? Quais são os objetivos? Sem qualquer ideia preconcebida, a razão visível e profunda é o discurso múltiplo do Syriza. No momento em que a Coligação da Esquerda Radical [que agrupa 13 pequenos partidos] se bate pelo poder, os seus membros não dizem, nem de uma forma direta ou indireta, nem por qualquer outro meio, se, depois de formarem governo, pretendem que o país permaneça na zona euro. Nas suas declarações, deixam o campo livre para interpretações lógicas que não excluem a possibilidade da saída do euro.
Se essa posição for na realidade uma tática de negociação, para, mais tarde, ficarem numa posição de força, trata-se de um erro grave. Será que essa postura aumenta a incerteza, a fuga [para outros partidos] e a insegurança dos cidadãos, que, no atual estado das coisas, reagem de forma imediata? Sem dúvida que prejudica a economia do país. As eleições são cruciais e não deixam margem para ambiguidades.
Não há margem para qualquer dúvida: se o Syriza ganhar as eleições de domingo, o memorando de entendimento da troika com a Grécia será cancelado. Mas há espaço para renegociar um outro plano. E a Europa tem de aceitar a renegociação. Porque rejeitar a ajuda a Atenas é rejeitar o euro, garante o dirigente da Coligação da Esquerda Radical, Alexis Tsipras, “Se eles disserem ‘não’ a tudo, isso significa que querem acabar com os gregos e com o euro”, assegurou.
O líder da Coligação da Esquerda Radical, conhecida como Syriza, tem-se mostrado contra a “chantagem” feita pela Europa para ceder auxílio financeiro ao país. E por isso vai rejeitar o memorando que une as entidades internacionais e a Grécia.
“O memorando será repudiado pelo voto dos eleitores, não por nós”, afirmou Alexis. O Syriza tem sido uma das duas forças políticas gregas que tem captado mais intenções de voto nas sondagens para o sufrágio que se realiza de 17 de Junho, a par do conservador Nova Democracia. Nas eleições de 6 de Maio, o Syriza surpreendeu as expectativas dos analistas ao ficar em 2º lugar, à frente do socialista Pasok.
Se o Syriza conquistar a maioria dos votos e se a Europa mantiver a sua intenção de deixar de financiar a Grécia – que está, neste momento, sob programas de ajuda externa –, caso não sejam aceites as condições do actual programa, não são apenas os gregos que estão em causa, na opinião do líder do Syriza. "Se a Grécia não receber a próxima tranche do empréstimo, a Zona Euro vai colapsar no dia seguinte", afirmou.
Já ontem Tsipras defendeu que o fim do financiamento a Atenas “seria catastrófico, não só para a Grécia mas também para toda a Zona Euro”.
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