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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Liberdade de expressão para quem a matou e matou…

Uma cerimónia de homenagem ao antigo ditador chileno Augusto Pinochet ficou marcada por violentos confrontos entre a polícia e manifestantes que tentavam impedir a realização do evento.
O anúncio da projeção de um documentário pró-Pinochet num cinema de Santiago do Chile tinha suscitado viva polémica entre os defensores da liberdade de expressão e as famílias das vítimas do regime de Pinochet.
Lorena Pizarro, presidente de um grupo de familiares de vítimas, critica a resposta das autoridades, que acusa de “reprimirem, serem violentas e maltratarem” os manifestantes.
Enquanto decorriam os confrontos, no interior do Teatro Caupolicán cerca de 1.200 simpatizantes de Pinochet – incluindo alguns antigos altos responsáveis do regime – exultavam o antigo ditador.
Alfonso Marquéz de la Plata, ex-ministro de Pinochet, defende que “a extrema-esquerda chilena quer que o antigo governo militar diga que foi o único a cometer crimes”.
Enquanto Pinochet esteve no poder – entre 1973 e 1990 – mais de 3.000 pessoas foram mortas ou desapareceram e há registo de 37.000 casos de tortura e detenções ilegais.
Andrés Chadwick, ministro secretário-geral de Governo do presidente Sebastián Piñera, disse: “Há uma situação da qual me arrependo, a violação brutal aos direitos humanos no Governo militar”.
Chadwick, um dos “coronéis” da UDI, núcleo mais restrito do partido, reiterou que os partidários do falecido ditador têm direito a manifestarem-se por causa da liberdade de expressão no Chile, mas destacou que não acha necessária uma homenagem a Pinochet.
Não será necessário fazer um resumo das atrocidades cometidas durante a ditadura militar de que Pinochet foi a cara, por serem demais conhecidas. Importa mais lembrar que na sua génese esteve uma crise económica e as “soluções” adotadas pelos seus conselheiros, que fazem emergir alguns paralelismos com o que vamos passando, exceto no que respeita ao sofrimento direto e à eliminação física dos opositores… E sem por em causa o direito à livre expressão, mesmo de quem gosta de ver sangue ao pequeno almoço…
E para que não se esqueça:
No âmbito económico, o Regime Militar tenta uma "política de choque" para corrigir a crise, com uma inflação superior a 300%. Para tanto, solicitou a ajuda de um grupo de jovens economistas, os “Chicago Boys”, regressados da Universidade de Chicago, que implantaram o modelo do neoliberalismo de Milton Friedman, que foi também conselheiro dos presidentes dos Estados Unidos: Richard Nixon, Gerald Ford e Ronald Reagan.
A despesa pública foi reduzida em 20%, foram demitidos 30% dos funcionários públicos, o IVA foi aumentado e os sistemas de empréstimo e financiamento à habitação foram eliminados. Depois destas medidas a economia caiu fortemente, algo que Friedman considerava necessário para a fazer "ressurgir". O PIB e as exportações caíram em 12% e 40%, respetivamente, e o desemprego aumentou para 16%. As medidas aplicadas durante esse período começaram a surtir efeito em 1977, quando a economia começou a levantar-se e se deu início ao que foi chamado de "Boom" ou o "Milagre Chileno".
Em finais de 1981 uma grave crise económica, e as suas avultadas complicações, resultaram na depressão de 1982 no Chile, com a queda de 30% do seu PIB, elevadas taxas de desemprego e uma balança comercial deficitária, proporcionando uma crescente onda de contestação contra o regime de Pinochet.
Em 1981 foi elaborada uma nova Constituição de caráter totalitário, onde se podia ler que Pinochet seria o presidente do Chile por mais 8 anos. A partir de1982, entretanto, a economia começou a entrar em declínio.
Só em 1989 foram realizadas as primeiras eleições desde 1970, quando o General Pinochet entregou a presidência ao democrata-cristão Patricio Aylwin, o vencedor das eleições, em 11 de Março de 1990, entrando no regime democrático e tendo hoje como Presidente, Sebastián Piñera.
Recordando a teoria posta em prática (discutível) e as medidas drásticas aplicadas de acordo (condenáveis) constata-se que os resultados obtidos foram um desastre e que não há soluções milagrosas, nem economistas milagreiros, muito menos quando os “milagres” passam pela eliminação dos Direitos Humanos e pela tortura e assassinatos…
Mas ainda hoje e por cá há muito “economista” que defende a mesma doutrina para a nossa salvação!
Amen!

2 comentários:

  1. Há limites para a pouca vergonha!

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    1. Mas não houve! Repara na coincidência da situação com a nossa e as medidas aplicadas e as que nos impuseram...

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