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quinta-feira, 14 de junho de 2012

E nós? De tão mansos que já ninguém nos liga!

Quem deve ganhar o Campeonato da Europa de futebol para salvar a moeda única? Mesmo que haja quem espere que as vitórias estimulem a confiança em certos países, o que está verdadeiramente em jogo encontra-se bem longe dos campos, mesmo que isso desagrade aos amantes do desporto, prevê o SME.
A crise da Europa entra na fase terminal e os esquemas de pensamento dos futurologistas também. Um analista do banco AMRO de Amesterdão ousou fazer um prognóstico sobre o futuro da UE: “Sendo essencial que o contágio não se propague aos países que formam o núcleo duro da zona euro, o melhor seria que a França ganhasse o Euro 2012. Isto iria permitir restabelecer a confiança de uma maneira significativa.”
Hum hum... Talvez quisesse dizer com isso que enquanto ecoasse A Marselhesa, a ninguém ocorreria lançar-se numa corrida aos balcões do BNP Paribas ou do Société Générale… Mas há uma questão que se coloca: não seria preferível, para reforçar a confiança, esperar um sucesso da Alemanha? Enquanto os apoiantes-eleitores regassem a vitória, o BCE iria comprar quatro toneladas de obrigações espanholas.
Angela Merkel, por seu turno, uma fanática de futebol (lembremos que a reunião do G8 teve de ser interrompida durante o jogo Bayern-Chelsea), faria passar as eurobonds no Bundestag. E uma vitória da Grécia? Será que Alexis Tsipras assinaria o memorando e, com ele, um orçamento excedentário até 2100?
Ponto de não retorno
Surpreendentemente, ainda que a Espanha [campeã da Europa e do mundo em título] seja a grande favorita do Euro, o oráculo AMRO nada espera de um triunfo ibérico. Muitos são unânimes em dizer que o país já atingiu o ponto de não retorno. E pouco importa que o primeiro-ministro Rajoy tenha razão ou deixe de ter ao dizer que o seu país é uma “vítima colateral” do caos em que a zona euro mergulhou.
O que importa é que estão bem longe do estado crítico do resgate nacional. Sobretudo se soubermos que o Barclays (à semelhança de outras instituições financeiras) previu que a Espanha “se encontra a meio caminho” do desmoronamento do mercado imobiliário e que, com uma descida suplementar dos preços em 20%, aparentemente inevitável, “o setor financeiro será completamente sangrado”.
A isto junta-se uma taxa de desemprego recorde na Europa, um enorme desequilíbrio do mercado de trabalho e um endividamento da população e do setor não financeiro que representa 200% do PIB. Compreende-se melhor como é que um jornalista do Financial Times chegou à conclusão de que “não se trata tanto de saber se a economia espanhola vai recuperar em 2012 ou 2013, mas se o conseguirá fazer antes do fim desta década”.
Voltando ao futebol, a Espanha não poderia ser salva, mesmo que os clubes da primeira divisão pagassem os 750 milhões de euros de impostos (ou melhor, de redução de impostos) que devem ao Estado. Quanto à Grécia, será que o país vai conseguir uma falência controlada por um plano de resgate europeu financiado pelos contribuintes? Ou uma bancarrota fora da zona euro, que alguns estimam em 1.000 milhões de euros, outros, infinita, e outros ainda referem não ser correto querer assustar toda a gente?
Caminho do sofrimento
Angela Merkel não pode continuar a fugir ao assunto e tem de decidir: ou a zona euro acaba este verão, ou continua pelo caminho do sofrimento enquanto federação da dívida. O suspense é bem mais intenso do que o do Euro, no jogo Bayern-Chelsea. Sobretudo quando o ministro do Interior alemão recomenda que “não se ponha mais dinheiro num vaso sem fundo” e que o vice-governador do Bundesbank considere a Grécia um “Estado que falhou”, ao passo que Peter Bofinger, o conselheiro [económico] mais influente [do Governo alemão], sustenta que “os gregos efetuaram as maiores correções fiscais do pós-guerra e que a diminuição do défice estrutural exigido é excessiva e sem precedentes”.
As opiniões dividem-se. A chanceler alemã é uma federalista convicta, mas sabe que, se fizer marcha atrás hoje e der a sua aprovação a uma harmonização das dívidas sem poderes orçamentais em Bruxelas (isto é, em Berlim), a Alemanha ficará, por seu turno, num ponto de não retorno.

2 comentários:

  1. Há vários Euros em confronto!!
    Neste momento só me apetece uma derota da Alemanha...
    Et pour cause...

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    Respostas
    1. Não percebo muito destas contas, mas dá-me a ideia de que é melhor para nós, para já, que a Alemanha ganhe à Dinamarca, se Portugal ganhar. Assim a Dinamarca ficaria trás de nós e nós em 2º... Será?

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