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quarta-feira, 13 de junho de 2012

A Doutrina do Choque funciona! E a do PÂNICO?

É provável que as legislativas antecipadas de 17 de junho permitam a designação de um governo, após o fracasso do escrutínio do passado dia 6 de maio. O resultado é incerto, na medida em que os eleitores parecem indecisos entre um partido e outro num ambiente de catástrofe.
No próximo dia 17 de junho, a Grécia enfrenta um ato eleitoral crucial num clima de naufrágio económico, social e político do país. E isto enquanto os atos de violência social e política se juntam à tensão e as estatísticas da economia nacional não deixam qualquer margem de manobra ao governo que sair das urnas. O país encontra-se isolado visto que os grandes grupos de seguros de crédito (Coface, Euler-Hermes) deixaram de garantir as exportações para a Grécia, ao passo que as sociedades não aguentam mais porque têm de pagar à vista todas as suas importações. 
O perigo de falta de matéria-prima, de medicamentos, ou até de comida é palpável e exige medidas imediatas, enquanto os representantes dos meios empresariais falam já "num pesadelo que faz lembrar a Albânia de Hoxha" se não se encontrar uma solução.
As empresas gregas têm falta de matérias-primas ao ponto de a sua produção depender das importações. No plano energético, o país está à beira do abismo porque não há mais crédito e a Grécia arrisca-se, não tarda nada, a deixar de ter acesso ao mercado iraniano, por causa do embargo internacional imposto a Teerão.
Ao mesmo tempo, os economistas e os meios políticos internacionais consideram que a possibilidade de uma saída do país da zona euro é maior agora que o isolamento se faz sentir devido ao congelamento das trocas e acordos comerciais nos setores do turismo, do comércio e dos transportes. Paralelamente, as empresas multinacionais que mantêm atividade no país tomam as suas disposições e põem o dinheiro de lado.
Lógica antimemorando
Num ambiente destes e agora que se tornou evidente a tensão no plano político, sobretudo depois do violento acidente entre representantes políticos, transmitido pela televisão a semana passada, ou do caso de Paiania [um adolescente de 15 anos que matou um assaltante para proteger a família]. A maioria dos analistas políticos quer ser clara: a 17 de junho, “o voto do medo” vai dominar e “o voto da cólera” diminuirá. A crer nas intenções de voto, os analistas já têm uma ideia do resultado esperado nas eleições de 17 de junho, mas mostram-se reservados quanto ao impacto do ataque do deputado do Aurora Dourada à deputada comunista Liana Kaneli. Não excluem a possibilidade de os resultados do partido se ressentirem.
Um analista que trabalha com vários partidos políticos considera que a própria natureza das eleições se alterou. “As eleições de 6 de maio foram marcadas pela cólera e as de 17 de junho serão marcadas pelo medo”, sublinha, a coberto do anonimato. Estima ainda que haja um aumento do voto sistémico [nos partidos a favor do memorando de austeridade] e, paralelamente, uma concentração do voto antissistémico. Esta análise apresenta duas características.
Uma diz respeito à evolução de certos eleitores que, "em total ignorância", votaram no Aurora Dourada nas últimas eleições mas que, numa lógica antimemorando, vão acabar por votar na coligação da esquerda radical (Syriza) [ficou em 2º lugar a 6 de maio e é favorita para 17 de junho]. Considera igualmente a possibilidade de limitar a fuga de eleitores do Partido Comunista para a coligação Syriza.
Outra diz respeito à probabilidade de um recuo do voto antissistema pela transferência de eleitores do Aurora Dourada para o Partido dos Gregos Independentes [partido de direita que se opõe ao memorando] e sobretudo para aqueles que não querem votar em partidos de esquerda ou de centro-direita. Segundo o presidente de um dos principais institutos de sondagens, o Aurora Dourada encontra-se já em declínio e não poderá esperar novamente os 7% recolhidos a 6 de maio. Resta saber se o partido neofascista conseguirá esse resultado ou se continuará a não entrar no parlamento.
Vaga de troca de eleitores
A maior parte dos analistas políticos e das sondagens de opinião consideram que, no próximo domingo, é esperada uma grande concentração em torno das “forças políticas mais maleáveis”, das quais faz parte o Syriza, que entrou para o grupo de decisores do futuro do país.
Em relação às suas posições anteriores, os pequenos partidos políticos vão encorajar uma vaga de migração para os partidos maioritários, com base nos resultados de 6 de maio e, ao mesmo tempo, vai haver uma vaga de "troca de eleitores" entre os partidos ditos extremistas, tornando difícil a sua entrada no parlamento. “Na passada quinta-feira ainda se pensava que o partido mais vulnerável era o dos Gregos Independentes. Neste momento, o Aurora Dourada também o é, pois é preciso distingui-lo do seu eleitorado", considera um especialista.
O economista norte-americano Nuriel Roubini alertou para o colapso da zona euro se a Grécia sair da moeda única, sublinhando que este cenário "sairia mais caro" à Alemanha do que ajudar os parceiros europeus. "Quem cortar a corrente aos gregos, provocará o desmoronamento total da zona euro", disse.

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