Os ambientalistas afirmam que pouco foi feito pelo planeta de lá para cá.
O Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável entre os dias 13 e 22 de junho. Segundo a ONU, este é o 2º grande evento que procura soluções ambientais para salvar o planeta. Em 1992, o Brasil sediou a Rio 92, quando foram discutidos temas ligados a mudanças climáticas e assinados acordos para a redução da emissão de gases.
Segundo a Coordenação de Imprensa e Comunicação da Rio+20 no Brasil, “existe uma grande diferença entre a Rio 92, que representou a finalização de negociações iniciadas nas décadas anteriores e culminou na assinatura de documentos, como a Agenda 21 e as Convenções sobre Mudança do Clima e Biodiversidade, e a Rio+20, que deverá olhar para o futuro e construir a agenda do desenvolvimento sustentável para os próximos 20 anos”.
Giancarlo Summa, diretor da Unic Rio (Centro de Informações das Nações Unidas – Rio de Janeiro) e porta-voz adjunto da Rio+20, afirma que a conferência deste ano terá um caráter mais político do que a de 1992. Na anterior, segundo ele, “foram assinadas convenções importantes para o meio ambiente. Agora isso não vai acontecer. Não vamos assinar convenções, mas vamos firmar grandes acordos globais para desenvolvimentos sustentáveis”. E acrescenta que, concretamente, deverá haver um acordo sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável, que deverão ser aplicados a partir de 2015. “É uma conferência que tem um alcance muito mais abrangente sobre o desenvolvimento económico, social, ambiental, as cidades sustentáveis, a prevenção de desastres naturais”, afirma.
Ambientalistas
Entretanto, de lá para cá, pouca coisa realmente mudou, segundo afirmam os ambientalistas. “Em relação à questão ambiental, nesse período [de 92 a 2012] vimos pouca prática de ações efetivas em todo o planeta. Há muita desigualdade de práticas sustentáveis. Nos continentes africano e no asiático, por exemplo, as práticas são quase nulas. Com exceção de algumas regiões da Ásia”, alerta a geógrafa Magda Lombardo, titular geografa supervisora do Ceapla (Centro de Análise e Planejamento Ambiental), da UNESP (Universidade Estadual Paulista).
Magda, que faz um estudo sobre o aquecimento das cidades, afirma que a partir delas é possível perceber que grande parte das propostas da Rio 92 não saíram das ideias e faz um alerta: “as cidades estão doentes”.
Histórico
O professor Rubens Onofre Nodari, coordenador do Programa de Pós-graduação em Recursos Genéticos Vegetais da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), também afirma que as mudanças não aconteceram. Nodari relembra que a primeira grande conferência pelo clima aconteceu em 1972, em Estocolmo. “Na época, ninguém conhecia muito sobre o tema. A partir daí formaram-se grupos de estudos e em 1987 foi apresentado o relatório final do Clube de Roma, que alertava sobre a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento”, relembra. “Além disso, durante a conferência de 72 os países europeus discutiram poluição de indústrias de base, por exemplo, papel e celulose, que provocavam a chuva ácida no continente. Nesse período era ditadura no Brasil e um dos representantes brasileiros disse: ‘se vocês não quiserem essas indústrias, o Brasil aceita’”, acrescentou o especialista.
Poucas práticas
Ou seja, segundo Nodari, de lá para cá foram introduzidas no Brasil diversas indústrias que provocavam danos ao clima, tudo em nome do desenvolvimento económico.
Já em 1992, foi tratada a Agenda 21 – documento que reúne propostas e ações que buscam criar um novo modelo de desenvolvimento, de forma a reduzir os danos ambientais e atender às necessidades básicas da humanidade. A agenda deveria ser adotada globalmente. Segundo o professor, porém, “como não era um convénio, um tratado, ficou como sugestão. Pouco foi adotado, a Agenda 21 foi esquecida quase que na íntegra”. Por isso, segundo Nodari, pode-se concluir que, embora alguns chefes de Estado vão estar presentes na Rio+20, as ideias não devem sair do papel. “O compromisso de salvar o planeta ainda é mínimo”, complementa o especialista.
A Rio+20 é assim conhecida porque acontece 20 anos depois da Rio-92, outra conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que teve a mesma cidade-sede.
Miguel,
ResponderEliminarApesar de a crise estar na ordem do dia, este tema que nos trazes hoje é mais que premente. Contudo, e à laia de curiosidade, existe por aí quem pense que não existe aquecimento global. Espreita este link e confirma.
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2009/12/11/nao-existe-aquecimento-global-diz-representante-da-omm-na-america-do-sul.htm
Curioso, não é?
Abraço
AC
EliminarA crise de hoje não é só económica e financeira, é também ou sobretudo de valores ou falta deles, de respeito por tudo e todos, passando pelo ambiente e por isso a abordagem do tema, que normalmente não é sequer anunciado nos media, muito menos aprofundado.
Sobre a outra corrente, que eventualmente até será a mais correta, eu sei que ela existe e curiosamente é defendida por quase todos os académicos e especialistas do assunto. Quem defende oficialmente a tese da poluição são mais os políticos, vá-se lá saber por que, mas já há tanta teorias da conspiração, que não podemos acreditar em todas...
No caso da Cimeira Rio+20, a novidade é o conceito de sustentabilidade ambiental em que entra o homem (finalmente) e o seu nível de vida, passando pela eliminação(?) da pobreza e por se pensar na inter-relação das duas vertentes e mais ainda pelo pagamento de taxas dos países ricos aos países mais pobres, pela responsabilidade que os primeiros tem e os segundos aguentam...
É preciso é pensarmos em tudo, atentos ao que nos servem de bandeja.
Abraço