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sexta-feira, 15 de junho de 2012

A eletricidade choca-nos e os “erros” não eletrocutam?

A EDP vai compensar “muito em breve” os 30.000 clientes prejudicados com falhas nos contadores, pelas contas da empresa.
A EDP Distribuição, a empresa do grupo EDP responsável pela distribuição de eletricidade à casa das pessoas, garantiu que os contadores dos clientes com tarifas bi e tri-horárias em que foram detectadas anomalias vão ser substituídos até ao final do mês de junho.
"A EDP Distribuição tem em curso um programa de correcção das anomalias detectadas que espera concluir até final do corrente mês de Junho", pode ler-se num comunicado que diz ainda que a empresa "assumirá as responsabilidades e os prejuízos daí resultantes", ou seja, procederá à devolução do dinheiro cobrado indevidamente, contudo diz ainda estar à espera que a Entidade ERSE defina qual o valor a devolver para avisar os clientes em questão. 
A elétrica repara ainda no mesmo documento que, neste momento, estão a ser substituídos os 30.000 contadores em que foram detectadas anomalias, descartando totalmente que sejam 480.000 como avançado pela DECO.
De acordo com o comunicado foram ainda encontrados erros em mais 40.000 contadores mas que prejudicavam a empresa e beneficiavam os clientes. "Nestes casos a EDP Distribuição assumirá essa perda (...) nada exigindo relativamente aos clientes eventualmente beneficiados". A empresa faz questão de frisar que os equipamentos instalados têm "relógios de classe de exactidão conforme os mais exigentes standards internacionais".
Quando uma empresa como a EDP, que comete “erros” primários, confiscando (toda a gente tem direito) os seus clientes e diz que os vai compensar, quer dizer que lhes vai dar mais do que lhes sacou, ou vai apenas acrescentar os juros acumulados pela empresa? Pelo comunicado, parece que apenas procederá à devolução do dinheiro cobrado indevidamente…
Não deixa de ser preocupante que seja o infrator a arbitrar a infração e o número dos “prejudicados” com as “falhas” e não alguém com competências legais e técnicas para o fazer, num Estado de direito, embora se diga que estão à espera que a ERSE defina o valor a devolver, sem que refira se também vai confirmar os números, bem diferentes dos avançados pela DECO, 480.000.
Mas a EDP, dentro da sua autonomia (um estado dentro do Estado ou talvez o contrário), vai mais longe na sua investigação e pasme-se(!), inverte o problema porque afinal não eram 30.000 prejudicados com os “erros”, mas 40.000 que beneficiavam. E a sua magnanimidade é tão grande, que nem vai exigir nenhum pagamento adicional relativamente aos clientes eventualmente (eventualmente?) beneficiados… Isto é o que se chama “responsabilidade social”!
Para uma empresa que faz questão de se classificar como competente e eficaz a nível mundial e de qualificar os seus dirigentes como patriotas (ganhando muito para pagar muitos impostos) vir sublinhar que estes relógios (aldrabões) tem tal exatidão como os mais exigentes standards internacionais, deve ser brincadeira ou será um dos parâmetros (enganar-nos) para tal posição no ranking…
Deixemo-nos de brincadeiras! Se algum de nós fizesse com algum cliente o que aconteceu na EDP, iria a tribunal, seria condenado por fraude e pagaria uma indemnização choruda, se não fosse parar uns dias à cadeia…
Como é que administradores tão eficientes e zelosos do cumprimento dos contratos são capazes de “responsabilizar” os contadores pela malandrice, se os ditos não tem inteligência, nem consciência e por isso são inimputáveis? Não será aos fabricantes, aos programadores e aos monitorizadores do sistema a quem devem ser imputados os erros grosseiros?
Cá para mim, os contadores devem ter sido fabricados na China. E foram logo 30.000(?) gargantas a sofrer com o vírus. Ou os “erros” já aconteciam quando o Estado ainda era acionista? Ou terão sido os contadores que se vingaram dos pequenos cortes das rendas excessivas?
Um mistério que alguém devia explicar, se houvesse outra explicação que não fosse a do Mexia: A EDP COMPENSA!…

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