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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Gaspar e Grauwe, tão amigos que eles eram…

Paul de Grauwe
Nascido na Bélgica, economista, antigo deputado, professor universitário na London School of Economics, Paul de está em Lisboa e não resistiu a mandar um recado "ao seu amigo Gaspar".
O economista belga Paul de Grauwe aconselhou o ministro das Finanças português a "não exagerar" na austeridade, para evitar um "ciclo vicioso" de recessão e endividamento. "Diria ao meu amigo [Vítor] Gaspar para não exagerar" na austeridade, disse De Grauwe, durante a conferência "Portugal em Mudança”.
Ricardo Costa, fazia uma pergunta a Grauwe sobre o ministro das Finanças português quando o economista o interrompeu:
- É um bom amigo meu, disse Grauwe.
- Também nosso, respondeu Ricardo Costa.
- Mas olhe que não sou conselheiro dele!, exclamou o investigador belga, acabando, contudo, por efetivamente dar conselhos ao ministro das Finanças.
"O que temo é que o Governo português, no seu zelo de austeridade, vá longe demais, e crie o risco de a economia portuguesa ser empurrada para um ciclo vicioso e não conseguir reduzir a dívida", afirmou.
"Há uma definição de inteligência que é: quando se vê que uma coisa não funciona, não se insiste nela", acrescentou ainda Paul de Grauwe.
Países do norte não fazem nada contra a crise 
O economista já tinha acusado, entretanto, os países do Norte da Europa de se portarem como "vendedores de carros a crédito" antes da crise financeira no Sul da Europa, e de agora "não fazerem nada" para a contrariar. "Os países do Norte acumularam grandes excedentes comerciais, o Sul tinha défices. Esses défices foram financiados por crédito dos bancos do Norte", acrescentou.
"Por cada devedor irresponsável, há um credor irresponsável. Mas, em grande parte da Europa, [a crise é vista como] uma questão de moral, há bons que têm excedentes, e os do Sul, que têm dívidas", prosseguiu, notando que em holandês e em alemão a palavra para 'dívida' também pode significar 'culpa'.
Na audiência encontrava-se o embaixador da Alemanha, Helmut Elfenkämper, que rejeitou a ideia de moralismo, e falou na importância de os países do Sul fazerem reformas estruturais.
Grauwe retorquiu: "o Sul está a assumir um fardo excessivo" pela crise da dívida, quando as responsabilidades "são partilhadas".
"O facto de o Estado alemão poder endividar-se a baixas taxas de juro é sinal de que o mercado diz à Alemanha que há muitas oportunidades de investimento. Não haverá oportunidades que rendam mais de 1,8% em 10 anos?", disse Grauwe.
Do que lemos e que poderíamos comentar por comentar, nada acrescentaríamos à fulminante crítica feita por um economista (como Vítor Gaspar) com um currículo jeitoso (melhor do que o de Vítor Gaspar) e até amigo de Vítor Gaspar, que no fundo não é diferente do que diz quem nada percebe de economia, mas que se baseia tão só na realidade e na definição de inteligência que (o amigo de Vítor Gaspar) apresentou: “Quando se vê que uma coisa não funciona, não se insiste nela"…
É de sublinhar apenas a coragem da denúncia do processo urdido pelos países do norte, para prenderem nas suas redes os pobres países do sul e em quererem continuar a extrair pescaria, mesmo quando as espécies estão em vias de extinção…
Evidentemente que por cada devedor irresponsável, há um credor irresponsável e por isso as responsabilidades tem que ser partilhadas.
Finalmente, a justificação pró-religiosa sobre a austeridade, o que cada vez mais é vista e referenciada com maior frequência e por vários analistas, embora só funcione para a ‘culpa’ e ilibe os ‘culpados’, só porque quem ganha com a crise são mesmo os países ‘bons’, com a Alemanha à cabeça. E daí, o “deixa correr”…
Quanto aos “conselhos” deixados a Vítor Gaspar, só funcionarão para o motivar a fazer o contrário, continuando a teimar nas suas crenças (não religiosas), por razões de caráter, mas também por causa daquela definição de inteligência…

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